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terça-feira, 3 de maio de 2016

Esperança

DE ABRIL A MAIO

De abril, arrojado,
Nasceu maio,
Entre a noite e a madrugada,
Cresceu o trabalho, em liberdade,
Num povo até aí escravizado.
Manhã há muito desejada,
Promessa de confiança,
Futuro de dignidade,
Em fúlgida primavera,
Horizonte de esperança.

Tu foste, na minha jovem idade,
Ainda sem nódoa, sincera,  
Num país em sossego, silenciado,   
Quase meu sonho de criança.

Foste só parte, foste ensejo,
Não pudeste ser o todo,
Eu sei,
Pois, mesmo uma boa ideia,
Com uma enorme fé e um colossal desejo,
- Oh! Gente nossa! Oh! Ingenuidade! -
Como eu sempre imaginei,
Não pode ser totalidade.

E ainda que a revolta,
Se diga justa e traga desagravos,
É sempre, em parte, desilusão,
Mesmo se em vez de balas, disparar cravos,
Diretos ao meu coração.
Porque, perfeita, só a utopia, intocável e distante,
Que somente resiste por um motivo,
E apenas por um instante.

Pois, agora, firmemente ligados,
Porque o projeto é indivisível,
O anseio é uno, num momento,
Mas logo, num ápice, afastados,
Cada um por si,
P’lo seu pensamento,
Certeiro, hábil, expedito!
É essa ilusão que, no fim, nos dói,
Em todas estas revoluções!
E o que ontem era herói,
Amanhã será proscrito!


João Gabriel Saraiva

domingo, 24 de abril de 2016

Abril

Abril de Abril

Era um Abril de amigo   Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos

Era um Abril comigo   Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril

Era um Abril na praça   Abril de massas
era um Abril na rua   Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos

Abril de vinho e sonho em nossas taças
Era um Abril de clava  Abril em acto
Em mil novecentos e setenta e quatro

Era um Abril viril   Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se  Abril palavra
Esse Abril em que   Abril se libertava.

Era um Abril de clava   Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
Esse Abril em que Abril floriu nas armas

Manuel Alegre


J.M.S



Outro poema de Manuel Alegre,
cantado por Adriano Correia de Oliveira

José Teodoro Prata