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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Pagar o vinho

O USO ACABOU MAS NÂO NAS
MÃOS DO SENHOR CAPITÃO

Como, todos os Vicentinos sabem, há anos atrás, era uso, qualquer rapaz de terra estranha que viesse cá namorar uma rapariga, era costume, digo, pagar um cântaro de vinho à rapaziada. Chamávamos-lhe nós “ter de pagar o vinho”.
Assim como nós teríamos de fazer o mesmo se fossemos namorar uma rapariga fora da terra.
Acontece que nos anos de 1950/51 veio cá o Senhor José Guardado Moreira, namorar a menina Mariazinha, filha do Senhor Manuel da Silva, e que nesse tempo já era capitão da G.N.R. E então nós a “malta” achávamos que esse senhor também tinha que pagar o vinho, mas todos tinham medo de lá ir – tínhamos até medo de que ele nos mandasse para a cadeia! Mas, não deixamos de o fazer, mas assim numa carta escrita em versos para ser mais bonito, visto ele ser um Senhor de mais respeito.
Então, foi assim que escrevemos os seguintes versos:

Meu capitão, dais-nos licença
para que a rapaziada exponha
em carta, por ter vergonha
de vir à vossa presença?

São costumes pertinazes
quando um estranho aqui vem
a pedir a filha à mãe,
ter de dar vinho aos rapazes!

Por isso, meu Capitão,
vede lá como há-de ser?
se esse uso tem de morrer,
que não seja em vossas mãos!

Não deixeis de acontentar
os rapazes, por favor,
para que Deus Nosso Senhor
abençoe o vosso lar.

Se formos atendido,
como todos esperamos,
desde já nos confessamos
altamente agradecidos.

Aí vai por comissão
João de Deus, bom rapaz,
se boas novas nos trás
recebe um chi coração!

Lá fui eu então, João de Deus Duarte e o José Maria Diogo, mais conhecido por Zé Águas, entregamos-lhe a carta e ficámos à espera até ao dia seguinte pela sua resposta. Assim foi.
Então o Sr. Manuel da Silva chamou-me e deu-me permissão para me dirigir à Viúva, para trazer o cântaro de vinho. Isto deu origem a uma grande alegria e a algumas bebedeiras…
Mas,…o Sr. Capitão teve de pagar o vinho!

João de Deus Duarte

Pelourinho, setembro/outubro de 1984
M. L. Ferreira

domingo, 13 de março de 2011

Procissão dos Terceiros


A Ordem Terceira de São Francisco, a Paróquia, a Santa Casa da Misericórdia e a Junta de Freguesia uniram esforços e vão realizar a Procissão do Terceiros, no dia 3 de Abril.
As fotos que se seguem são da procissão de 1967, data em que o Padre António Branco, recém-chegado a S. Vicente da Beira (1965), mobilizou a comunidade e restaurou a antiga Procissão do Terceiros. O fotógrafo é desconhecido e as fotos não estão datadas, mas só podem ser da procissão de 1967, pelo aspeto de muitas pessoas que se conseguem identificar, sobretudo das três jovens, à esquerda, na foto acima apresentada.




As palavras do P.e Branco, publicadas no jornal Pelourinho, n.º 76, de Março de 1967:
«A piedosa procissão saiu da capela de S. Francisco, junto ao Calvário, e percorreu as principais ruas da Vila. Foram necessários 52 homens para transportar os 13 andores que seguiram por esta ordem:
Paraíso Terreal (S. Miguel Arcanjo, Árvore do Bem e do Mal, Eva e a Serpente); Senhor Jesus dos Passos; Igreja de Roma com S. Francisco e S. Domingos; S Francisco entregando o hábito a Santa Bona, a pioneira dos Terceiros Franciscanos; S. Ivo; S. Luís - Rei de França; Santo Padre Inocêncio III (o Papa que, em 1210, aprovou a Ordem de S. Francisco, entregando a bula àquele santo); Santa Rosa Viterbo; Santa Clara; Santa Isabel, rainha de Portugal; S. Francisco de Assis recebendo as cinco chagas; Santo António de Lisboa; N.ª Sr.ª da Conceição, rainha da Ordem Terceira.»





Nota 1: As fotos são propriedade do Pedro Gama Inácio e foram tratadas pelo Carlos Matos, responsável pelo design e coordenação gráfica do livro sobre o Padre Branco.
Nota 2: A citação do "Pelourinho" e as fotos constam das páginas 58 e 59 do livro "Uma vida em construção - Homenagem ao Padre António Branco", de José Teodoro Prata, editado pela Fábrica da Igreja Paroquial de S. Vicente e à venda na mesma Igreja.