sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

P. José Hipólito Jerónimo

O José Hipólito Jerónimo nasceu numa família de muitos irmãos, filhos de Laurentina Hipólito e de Miguel Jerónimo, em S. Vicente da Beira, no Casal do Baraçal.
Ingressou no Seminário do Verbo Divino, no Tortosendo, em 1949, precisamente no ano da sua fundação, sendo um dos primeiros alunos e um dos primeiros padres desta congregação missionária, em Portugal.
Actualmente, é o reitor do Seminário do Tortosendo e realiza trabalho pastoral nas paróquias do Tortosendo, Cortes e Unhais da Serra, em partilha com outros missionários.



Casa do Seminário do Tortosendo, nos anos 50.

Um grande homem é sempre notícia, mas o pretexto foi o lançamento do seu livro sobre S. José Freinademetz, um missionário do Verbo Divino, de origem italiana, que partiu para a China e se entregou totalmente aos outros, de uma forma tão entusiasmante que os chineses o apelidaram “Padre Feliz”.
O livro chama-se “Orar 15 dias com São José Freinademetz” e foi editado pelas edições Paulus. O lançamento ocorreu, em Fátima, a 18 de Janeiro, Domingo, no âmbito das celebrações do centenário da morte de S. José Freinademetz e de S. Arnaldo Janssen, o fundador da Congregação do Verbo Divino.


Fonte: "Contacto SVD"

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Choradela de Entrudo

Encosta da Gardunha, noite fria, negrume total. Três homens aproximam-se de uma casa, de onde se esgueira uma réstia de luz pela fisga da janela da cozinha.
A uns 30 metros, param. Um deles grita, em tom de choro:

“Ai o Zé Bravo, que ficou tão mansinho, coitadinho!”
Os outros rompem em gritaria de choros e lamentos…
O segundo homem grita, em tom de choro:

“Era dos piores, contra o senhor vigário: que não dava contas, que só ele mandava e a ninguém ouvia!”
Os outros rompem em gritaria de choros e lamentos…
O terceiro homem grita, em tom de choro:

“E agora, no livro, são só coisas boas: tão democrata que ele era!”
Os outros rompem em gritaria de choros e lamentos…
O primeiro conclui, em grito de choro:

“O vigário? Um santinho!”
Gritos de choro e lamento, corre baba e ranho…
Abre-se a porta.

“Seus…” Ofendem-se pais, mães e esposas.
Os três homens repetem, em coro chorado:
“Ai o Zé Bravo, que ficou tão mansinho, coitadinho!”
Rompem em gritaria de choros e lamentos. E voltam à carga:
“Tão democrata que ele era!"
O homem vem para fora e tacteia o chão. Agarra uma pedra e atira uma calhoada para o lado de onde vêm as vozes. Mas a choradeira continua. Procura mais pedras, mas não encontra. Desorienta-se, fica colérico. Volta para a luz da casa e grita uma ameaça:
“Já ides ver, seus…” Novas ofensas, agora só por via das esposas.
Os foliões insistem, gritam e choram ainda mais forte:

“Coitadinho, de Bravo ficou bravinho.”
Mais gritos e lamentos.
O vulto ressurge da luz e atira para a noite:

“Tomai!” Um tiro rasga o breu. Os homens correm, tropeçam, levantam-se, só param bem longe e riem a bandeiras despregadas.
Uma boa choradela de entrudo! Para o ano, há mais.


Era mais ou menos assim uma choradela de entrudo. Uma vez por ano, a comunidade zombava dos seus, dos apanhados pelos azares da vida e daqueles que voluntariamente tinham arranjado lenha para se queimar, como foi o caso do acima visado.
Um noivo a quem a moça trocara por outro, o derrotado numas eleições que tinha como garantidas, o dono de uns sapatos novos borrados numa bosta de vaca, um campónio que comprara um burro velho pintado de novo: azares e vãs vaidades eram o prato forte deste carnaval vicentino (de Gil Vicente).
Só sei da sua existência na região da serra da Gardunha. Em S. Vicente da Beira, desapareceu na primeira metade do século XX. Na zona do Fundão, tem-se tentado reviver esta tradição carnavalesca, nos últimos anos.
A nós, não nos faltam casos para uma boa choradela de entrudo! Mas comprometera-me a trabalhar neste blogue sempre pela positiva e por isso tive de recorrer à prata da casa, num caso que, segundo alguns, dava mesmo uma choradela de entrudo das boas.
Mas, para o ano…

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Energia Eólica


A fotografia mostra os últimos aerogeradores colocados nos cumes da Gardunha, em meados de 2008. Situam-se no Cabeço do Mastro, um de cada lado do cume, mesmo junto ao Alto da Portela (ou Portela de S. Vicente), onde passava a estrada de S. Vicente para o Fundão.
Em primeiro plano, vêem-se as Quintas: a casa e fazenda dos herdeiros de Maria da Luz Romualdo e depois a casa do senhor Augusto.

A empresa GENERG instalou cerca de duas dezenas de aerogeradores na parte oeste da serra Gardunha, entre o Cabeço do Engarnal e o Cabeço do Mastro. A central eléctrica localiza-se nas Rochas de Cima. É chamado o Parque Eólico da Gardunha.
Neste ano de 2009, vai iniciar, na nossa serra, a construção de um novo parque eólico, para produção de 25 megawatts de energia, num investimento de 35 milhões de euros. Estará concluído em 2010.

A Beira Baixa já é auto-suficiente em energia, pois a produção dos vários parques da GENERG, situados em diferentes locais do distrito, abastece de electricidade a região e ainda exporta para fora, em quantidade igual à que se consome cá dentro.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Capela de São Sebastião



S. Sebastião guarda a entrada sudeste de S. Vicente da Beira, para nos livrar das bexigas e de outras pestes.
O actual edifício é de traça barroca, século XVII ou XVIII, mas a capela é muito mais antiga. Em 1713, o bispo da Guarda ordenou uma Inquirição às capelas da freguesia de S. Vicente da Beira. Não foram encontrados os documentos que autorizavam o serviço religioso na capela de S. Sebastião, por esta ser antiquíssima e os papéis se terem perdido com o tempo.
Era em dia de S. Sebastião que se realizava a feira anual de S. Vicente da Beira, feira franca, de três dias. Mas, em 1758, quando o vigário deu esta informação, já estava reduzida a um limitado mercado.
A capela foi agora restaurada, por iniciativa dos moradores da área envolvente. Fizeram um peditório e dirigiram-se à Junta de Freguesia, solicitando a sua recuperação. Junta e Câmara uniram-se aos moradores e todos contribuíram para conservar o nosso património religioso.
O dinheiro da Junta de Freguesia veio da contribuição da GENERG pela colocação de aerogeradores na freguesia. O nosso vento já recupera património!
De salientar que, nas traseiras da capela, se abriu uma entrada em rampa, para permitir o acesso de pessoas em cadeiras de rodas. Uma decisão acertada.
A festa ao santo fez-se no dia 24 de Janeiro, mas a inauguração da capela foi só no domingo, 25, dia de S. Vicente.
Estava um frio de rachar, mas ninguém faltou: o presidente da Câmara, Joaquim Morão; o presidente da Junta, João Benevides Prata, e o Padre Branco. O P. José Manuel fez as honras da casa e a nossa Banda Filarmónica e o nosso Rancho Folclórico abrilhantaram a festa. Os paroquianos gostaram e aplaudiram!




Fotografias: José Teodoro Prata (1.ª), João Benevides Prata (2.ª) e Pedro Gama Inácio (3.ª e 4.ª)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Os Símbolos Heráldicos





PROPOSTA: Junta de Freguesia de S. Vicente da Beira
CONCEPÇÃ0: Diácria Editora
ACEITAÇÃO: Junta de Freguesia (21/02/2002)
LEGALIZAÇÃO: Comissão de Heráldica da Associação dos Arquitectos Portugueses
APROVAÇÃO: Assembleia de Freguesia (24/04/2004)
PUBLICAÇÃO: Diário da República de 28 de Maio de 2004
REGISTO: Direcção-Geral das Autarquias Locais (22/06/2004)
SIMBOLOGIA:
Os símbolos heráldicos de S. Vicente da Beira têm por base o selo da Câmara Municipal de S. Vicente da Beira (1195-1895), reproduzido no monumento comemorativo dos 800 anos de S. Vicente da Beira, erigido em 1973, no Largo Francisco Caldeira.
- O castelo representa a ligação umbilical de S. Vicente da Beira ao Castelo Velho, situado próximo do cume da Gardunha.
- A estrela e o crescente recordam a lendária batalha da Oles, em que os cristãos (estrela) desta região ajudaram D. Afonso Henriques a vencer os muçulmanos (crescente).
- O cavalo e cavaleiro simbolizam a cavalaria-vilã medieval formada pela elite social deste concelho e também o primeiro conde de S. Vicente (1666), D. João Nunes da Cunha, vice-rei da Índia.
- A barca com corvos liga-se ao nome desta terra atribuído por D. Afonso Henriques, na altura da trasladação, por mar, dos restos mortais do Mártir São Vicente, sempre acompanhados por corvos marinhos, de Sagres para Lisboa.
NOTA: Aquando da sua apresentação pública, em Outubro de 2004, a Junta de Freguesia publicou o livro «Os Símbolos Heráldicos de São Vicente da Beira», da autoria de José Teodoro Prata.





sábado, 24 de janeiro de 2009

Esquilos na Gardunha

Hoje, à chegada a S. Vicente da Beira, no alto da barragem do Pisco, um esquilo atravessou a estrada e correu para o pinhal, sem me dar tempo de o meter na máquina fotográfica. Por isso, o que aqui vos mostro roubei deste sítio.



Já em Outubro, num pinhal jovem do Carvalhal Redondo, avistara um esquilo a saltar de ramo em ramo. Semanas depois, num castanheiro, vi ouriços abertos com castanhas mordidas por pequenos dentes, numa tentativa de as extrair.
Ali perto, no Ribeiro de Dom Bento, abundam resíduos de pinhas no chão, junto a vários troncos de pinheiros, como mostra a fotografia abaixo apresentada. Há mais de 10 anos que os meus pais ali costumavam encontrar destes vestígios, mas não sabiam quem os produzia.
Felizmente, estas zonas de S. Vicente escaparam aos dois grandes incêndios que destruíram quase por completo a fauna e a flora da Gardunha, nas últimas décadas.
Os esquilos avistados pertencerão à espécie do esquilo europeu, mas a cor é mais escura do que a do exemplar acima apresentado.
Para conhecer melhor esta espécie, clique aqui.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Fungo da Gardunha

Fungo em arranjo floral, num toco de mimoseira, no Ribeiro de Dom Bento.
É bem verdade que, na natureza, nada se perde, tudo se transforma.


Foto de Filipa Rodrigues Teodoro