sábado, 23 de outubro de 2010

Robles Monteiro


Felisberto Manuel Teles Jordão Robles Monteiro nasceu, em São Vicente da Beira, no dia 9 de Setembro de 1888, e faleceu, em Lisboa, a 28 de Novembro de 1958.
Estudou no Seminário da Guarda e depois, como voluntário, no Curso Superior de Letras, em Lisboa.
Robles Monteirop casou com Amélia Schmidt Lafourcade Rey Colaço (1898-1990), em Dezembro de 1920.


Foto do casamento de Robles Monteiro e Amélia Rey Colaço
(do blogue: http://diasquevoam.blogspot.com/2010_04_01_archive.html)


Em 1983, José Miguel Teodoro entrevistou Amélia Rey Colaço, que falou do marido nestes termos:
«Devo dizer que ele foi um companheiro admirável. Até gosto muito que me dêem esta oportunidade de poder dizer aquilo que já tenho dito em várias entrevistas, mas nunca me canso de o recordar: ele foi um marido, um pai e mais tarde um avô excepcional, a pensar sempre nos outros. Ele foi a grande trave da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro.»


A Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro foi a mais duradoura companhia de teatro da Europa.


Clicando em cima da imagem, consegue-se ler o texto do folheto.

Nota:
As informações foram recolhidas do jornal VICENTINO, fundado e dirigido por José Miguel Teodoro, propriedade do Sport Club de S. Vicente da Beira.
Os dados biográficos sobre Robles Monteiro foram retirados do n.º 1, de Agosto de 1983, e a entrevista a Amélia Rey Colaço vem no n.º 2, de Outubro de 1983.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Gente Nossa

Mariana Dolores Rey Colaço Robles Monteiro faleceu, anteontem, em Lisboa, e foi hoje a sepultar. Contava 78 anos e era filha de Amélia Rey Colaço e do vicentino Robles Monteiro.


A notícia que se segue é do site do jornal PÚBLICO:

Cerca de 200 pessoas, entre elas a ministra da Cultura e Maria Barroso, ex-primeira dama e madrinha de palco de Mariana Rey Monteiro, estiveram presentes no emocionado adeus à actriz.

Ela era a voz…

O que teria sido a carreira de Mariana Rey Monteiro se não fosse "a filha de Amélia Rey Colaço"? E teria ela uma carreira teatral se não fosse a herdeira do mais famoso casal do teatro português do século XX - Rey Colaço-Robles Monteiro -, actores e empresários do D. Maria II desde 1929?

Toda a gente começa por falar da grande senhora - na vida e no teatro - que foi Mariana Rey Monteiro. Um dos primeiros a lembrá-lo foi o seu amigo e colega de muitos palcos Ruy de Carvalho, que lamentou a perda de "uma grande actriz". José Carlos Alvarez, director do Museu Nacional do Teatro, classificou-a como "uma figura notável, que deixa um rasto muito forte no teatro português".

Mas, afinal, por que se destacava Mariana Rey Monteiro? Urbano Tavares Rodrigues diz que, para além de uma grande actriz, "Mariana era uma criatura maravilhosa, delicada, gentilíssima".
Já sobre a sua dimensão artística, Fernando Midões, um histórico da crítica de teatro em Portugal (Diário de Notícias e Diário Popular), que acompanhou praticamente toda a sua carreira, diz simplesmente que Mariana Rey Monteiro "juntava intuição, inteligência e perfeição na arte de representar - não se ficava pelo texto, aprofundava o subtexto das peças".

É esta inteligência, aliada a uma grande sensibilidade, que o dramaturgo Luís Francisco Rebello, também seu amigo pessoal, faz questão de realçar na carreira desta "herdeira de um nome e tradição ilustres" que, pelo seu trabalho, se transformou numa "referência importante do teatro português que antecedeu a revolução de 1974".

"Ela tinha aquela voz única, quebrada, timbrada e com uns graves muito bonitos. Quando a ouvíamos, era a voz do Teatro Nacional", disse o actor, encenador e fundador do Teatro da Cornucópia. Luís Miguel Cintra, também fundador da companhia, é outro admirador da actriz com quem contracenou no filme de Paulo Rocha O Desejado, ou as Montanhas da Lua, de 1987: "Ela era uma referência viva da qualidade que havia na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro."

O encenador dos Artistas Unidos regressa à questão da herança: "Deve ter sido difícil para a Mariana ser filha de uma mulher tão rara e poderosa como o foi Amélia Rey Colaço." Eugénia Vasques, recorda "aquele olhar triste, magoado, que parecia ter uma raiva escondida e que marca todo o seu trajecto como actriz", e nota também que a carreira da actriz foi feita durante grande parte do tempo na sombra da mãe. "Foi sempre o braço-direito da mãe, até ao fim, e isso vê-se nos papéis que representa", explica ao P2. "Mariana secundava a mãe e o seu génio - a palavra é tremenda, mas justa. Até à morte do pai, em 1958, Mariana serviu os pais. E depois a mãe passou a ser o centro de tudo o que ela fazia no teatro, tinha-lhe uma dedicação imensa."

Mariana Rey Monteiro comentou esta questão na entrevista que deu a Adelino Gomes, a pretexto do seu 80.º aniversário, admitindo que esse "peso familiar" fez sempre parte da sua vida. "Numas partes, ajudou. Mas tive sempre a preocupação instintiva de corresponder às exigências. Era um incentivo, uma chicotada que me fazia andar."


Do site do jornal Público: http://www.publico.pt/Cultura/mariana-rey-monteiro-ela-era-a-voz-do-teatro-nacional_1462285
(Texto adaptado e com cortes)

domingo, 17 de outubro de 2010

Prata = Cristão-Novo

Recebi mensagem do Brasil, de um desconhecido

«Meu nome é Lourval dos Santos Silva. Sou professor em Santos-Brasil, mas de Matemática. Meu avô Abrahão dos Santos Silva nasceu na Póvoa de Rio de Moinhos em 1911 e em 1912 imigrou para o Brasil com seus pais, José dos Santos Silva e Maria Rita Prata. Maria Rita Prata, minha bisavó, era prima de segundo grau de seu avô João Prata. Tenho quase toda a genealogia de seu bisavô António Prata.»

Na resposta, eu desconfiei daquele Abrahão e o Lourval confirmou: somos cristãos-novos. Confirmou e apresentou provas. Aqui as deixo:

Síntese da genealogia da família Prata (entre o anterior e o seguinte há sempre uma relação de pai para filho (filha):

1. Rodrigo Tomás casou com Beatriz Antunes (terão vivido cerca de 1560-80)
2. Tomás Roiz casou com Isabel Ferreira
3. Rodrigo Antunes casou com Helena Fernandes (vivia em Castelo Branco e era ferreiro; viveu cerca de 1620-30)
4. Manuel Fernandes
5. Ana Rodrigues
6. Manuel Gonçalves Prata (este já o conhecia, das minhas investigações sobre a Póvoa; viveu cerca de 1770; era membro da governança da Póvoa)
7. Manuel Gonçalves Prata (ou será este?)
8. Tomé Gonçalves Prata
9. José Tomé Prata
10. João Prata
11. António Prata (era ferreiro, natural da Póvoa, mas foi trabalhar para São Vicente, onde casou com Maria Castanheira, cerca de 1870-80)
12. João Prata, casado com Dorotheia de Jesus dos Santos (os meus avós maternos; João Prata nasceu em 1885 e era irmão de Ana Prata)
13. Maria da Luz, casada com António Teodoro (os meus pais; Maria da Luz, irmã dos meus sete tios e tias Prata)
14. José Teodoro Prata, casado com Idalina Maria Cardoso Rodrigues (eu, irmão das minhas sete irmãs, primo direito dos filhos dos meus tios e tias Prata, primo em segundo grau dos netos de Ana Prata)

(Nos números 13 e 14, cada descendente de João Prata tire o meu nome ou o da minha mãe e coloque o seu ou do seu pai ou mãe; os descendentes de Ana Prata substituem João Prata por Ana Prata, no número 12, e fazem o mesmo, depois.)

O meu parente Lourval dos Santos Silva tem certidões de nascimento e casamento desta gente toda. Quando eu as tiver, partilho-as.

Mandou-me o processo do Rodrigo Antunes, na Inquisição de Lisboa:

PT-TT-TSO/IL/28/9954> Título Processo de Rodrigo Antunes Datas 14/3/1627-20/4/1634 NívelDescrição Documento Composto DimensãoSuporte 63 folhas CódigoReferAlternCota Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 9954 ÂmbitoConteúdo Acusação -judaísmo
Profissão -ferreiro
Naturalidade -Vila de Castelo Branco
Morada - Vila de Castelo Branco
Idade -27 anos
Filiação -Tomás Roiz e Isabel Ferreira
Estado Civil - casada com Helena Fernandes
Sentença -Abjure publicamente seus heréticos erros em forma e em pena e penitência deles lhe assinam cárcere e hábito a arbítrio dos Inquisidores e será instruído nas coisas da fé necessárias para a salvação da sua alma e cumprirá as mais penas e penitências espirituais que lhe forem impostas e mandam que excomunhão maior em que incorreu seja absoluto in forma ecclesia
Data da sentença - 8 de Abril de 1634, lida em Auto
Observação - Preso em 25 de Abril de 1633
Avós Paternos - Rodrigo Tomás e Beatriz Antunes
Avó Materna - Beatriz Antunes
Entidade Detentora ANTT


Olha se o Hitler tivesse atravessado os Pirinéus!!!
(Durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler perguntou a Salazar o que fazer com mais de dois mil judeus húngaros, mas que se diziam portugueses, pois daqui tinham partido os seus antepassados, fugidos da Inquisição. Salazar não quis saber e eles morreram no Holocausto.)

sábado, 16 de outubro de 2010

Solstício

Saiu o número 1 da revista Solstício, publicada pela associação Descobrindo, que é presidida por Hugo Landeiro Domingues e tem sede na Soalheira.
Este é o número de Verão, pelo que a revista terá uma periodicidade trimestral.
A Crónica Lírica de São Vicente da Beira é da autoria de Maria do Carmo Ramos Prata.
Está à venda nos Correios de São Vicente e custa 1,5 euros.


A imagem mostra toda a capa. Clicar, para ver melhor.
A ilustração, apenas com a parte oriental da vertente sul da Gardunha, foi publicada, em Lisboa, no ano de 1848, em "Orologia da Gardunha ou breve descrição topográfica da Serra da Gardunha considerada no seu estado actual", por José Inácio Cardoso. Ela serve de ponto de partida para o artigo de Pedro Miguel Salvado, intitulado "Serra da Gardunha - palimpsesto de paisagens".

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Outono Primaveril

O mato floriu nas encostas da Gardunha. A planta é parecida com a urze, mas a raiz não forma cepa.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Portugal, 1958

«Apesar de um pouco melhor do que no tempo da sardinha para três, quando havia, passa-se mal por esses povos e até nas cidades: a sopa e o pão, como regra, as batatas e os feijões, conduto quando calha, mas não para todos, como o pão trigo, que o comem só os mais remediados - os demais, bastam-se com broa ou centeio - com umas azeitonas nos dias de maior fartura, ou uma tripa de enchido, o culto do bacalhau bem vivo, por todo o lado onde não chega o peixe miúdo, e a carne se reduz ao porco que se mata para dele comer a família, o ano inteiro. Da venda ou da mercearia, gasta-se o obrigatório, fiado, com amortizações à quinzena ou no fim do mês, o fantasmo do calote ou da insolvência sempre a pairar: sabão para as lavagens, o arroz e o açúcar, petróleo para iluminação, sendo que, em muitas casas, ainda se enfrenta o breu da noite com candeia de azeite.
Milhares de famílias continuam a partilhar o espaço da habitação com os animais da casa, a amontoar estrumeiras à porta, a defecar onde calha, a catar os piolhos de filhos e netos, sendo plausível que, em caso de acidente ou doença séria, à cabeceira de cada um se encontre mais provavelmente o padre do que o médico. É assim o país cinzento, pobre até no sonho e curto na ambição.»

Retrato de Portugal, no ano da inauguração do monumento do Cristo-Rei.

TEODORO, José Miguel - Por alturas do Cristo-Rei em Almada, Câmara Municipal de Almada, 2010, p. 51

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O livro do Cristo-Rei

Muitos afazeres e alguns desencontros ditaram a apresentação tardia do “Por alturas do Cristo-Rei em Almada”, aqui, nos Enxidros.



É criação do nosso José Miguel Teodoro e foi lançado no passado dia 29 de Maio, em Almada.
Esteve presente o bispo de Setúbal, D. Gilberto dos Reis, que também escreveu o Prefácio do livro, do qual vos deixo um breve trecho:

«Felicito o autor de “Por alturas do Cristo-Rei em Almada” porque ora mostrando um pouco da vida em Portugal na hora da construção do Monumento ora avivando episódios ligados à sua inauguração, - vida e episódios sobre os quais não me pronuncio – contribuirá certamente para levar os leitores a pensar no Monumento a Cristo-Rei e no seu significado nesta hora em que o homem é desafiado a pensar num mundo mais justo e pacífico.»

O autor traça o contexto sócio-económico, político e religioso da sociedade portuguesa, com maior incidência sobre a realidade local de Almada e os poderes centrais do Estado e de Igreja, na época em que foi projectado, construído e inaugurado o monumento, sem esquecer um saltinho às suas raízes:

«E, proclamou, o cadeal-patriarca: “Portugueses de aquém e de além-mar! Portugueses dessa outra pátria, filha da nossa e maior que ela, o Brasil! Portugueses espalhados pelo Mundo, todos vós que trazeis Portugal no coração onde quer que vos encontreis: Ajoelhai! Fala Portugal”.



Àquela hora, a trezentos quilómetros dali, João N. traçava o último braçado do molho de mato com que havia de fazer a cama dos “vivos” da casa – galinhas, um borrego ainda cordeiro, a cabra e o porco. Está de pé desde as sete da manhã, como costuma nos domingos, que é quando pode adiantar alguma coisa da vida, pois passa toda a semana a trabalhar fora da terra. Os domingos são isto: cavar um bocado de terra, arrancar batatas, semear um canteiro, regar uma leira de couves, mudar a cama dos animais, pôr em casa uma pouca de lenha para cozinhar e para aquecimento, curar alguma videira, enfim, o que for preciso. Filhos, quatro já criadinhos, e um de mama.»

Ficha ténica do livro:
Título: "Por alturas do Cristo-Rei em Almada"
Autor: José Miguel Teodoro
Edição: Câmara Municipal de Almada
Local: Almada
Ano: 2010
Tiragem: 1000 exemplares
Distribuição:
Divisão de História Local e Arquivo Histórico
Departamento da Cultura
Direcção Municipal de Desenvolvimento Social
Rua Visconde Almeida Garret, 12, 2800-014 Almada
Tel. 212724900
E-mail: arq.hist.mun@cma.m-almada.pt