terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pneumónica 3

Óbitos de Novembro
Apresentam-se, hoje, os óbitos de Novembro de 1918, aquando da Gripe Penumónica. Os nomes das pessoas estão copiados tal como foram escritos nos registos da Igreja Matriz de S. Vicente da Beira.

01-11-1918: Maria Rita Raymundo, de 80 anos, viúva de Jose Raymundo, natural e moradora em S. Vicente da Beira.

01-11-1918: Maria da Anunciação, de 40 anos, casada com Francisco Marcelino, moradora no Casal da Fraga, São Vicente da Beira.

01-11-1918: Francisco Jeronymo, de 26 anos, cultivador, casado com Maria da Luz Romualdo, natural e morador em São Vicente da Beira. Faleceu no Hospital.

01-11-1918: Domingos Leonardo, de 23 anos, solteiro, guarda republicano, filho de Antonio Leonardo e Antonia Raposa, morador na Partida.

01-11-1918: Maria de Jesus, de 29 anos, solteira, costureira, filha de Joaquim Antunes e Joaquina Maria, natural dos Pereiros.

02-11-1918: Jose Alves Páscôa, de 49 anos, jornaleiro, natural do Violeiro, filho de Antonio Alves Páscôa e Carolina Maria, já falecidos.

02-11-1918: Maria Rosalina, de 24 anos, solteira, natural da Partida, filha de Joaquim Gonçalves e Maria Rita, moradores no mesmo povo.

02-11-1918: Ana Josefa, de 40 anos, natural e residente nos Pereiros, filha de João Antunes e Josefa Santos, naturais e moradores no mesmo povo.

02-11-1918; João Caetano, de 35 anos, casado com Ana Serra, cultivador, filho de Simão Caetano e Maria Ana, todos naturais do Casal da Serra.

03-11-1918: Theodora Marques, de 63 anos, solteira, costureira, filha de Joaquim Marques e Theodora dos Santos, naturais e moradores em São Vicente da Beira.

03-11-1918: Filippe Miguel, de 32 anos, filho de Antonio Lino Lopes e Maria José Nunes, todos naturais e moradores em São Vicente da Beira.

03-11-1918: João Frade, de 27 anos, serrador, casado com Antonia Maria, natural dos Pereiros e a viver na Partida, filho de João Frade e Ana Frada, moradores na Partida, de onde são naturais.

03-11-1918: Maria de Jesus, de 12 anos, natural do Casal da Serra, filha de Simão Caetano e Maria Joaquina, ambos moradores no mesmo povo.

03-11-1918: Antonio Martins, de 7 anos, filho de Antonio Martins e Lucia Craveiro, naturais e moradores no Casal do Baraçal, São Vicente da Beira.

04-11-1918: Francisco Pereira, de 65 anos, viúvo de Maria Joana, natural e morador em São Vicente da Beira.

04-11-1918: Joaquim da Silva Lobo, de 38 anos, jornaleiro, casado com Carolina Barata, filho de Antonio da Silva Lobo e Maria dos Santos, naturais e moradores no Casal da Fraga, São Vicente da Beira.

04-11-1918: João dos Reis Alves, de 27 anos, cultivador, natural e residente nos Pereiros, filho de Manuel Alves, jornaleiro e Francisca Maria, naturais e moradores no mesmo povo.

05-11-1918: Maria de Deus, de 7 meses, filha de José Báu e Maria do Carmo, naturais e moradores em São Vicente da Beira.

05-11-1918: Manuel Lourenço, de 4 anos, filho de João Lourenço e Izabel Maria, naturais e moradores no Mourelo.

05-11-1918: Antonio Alberto, de 19 meses, filho de Alberto Venancio e Angelina Fernandes, naturais e moradores no povo da Partida.

05-11-1918: Julia Fernandes, de 14 anos, filha de Joaquim Martins e Antonia Fernandes, todos naturais e moradores na Partida.

06-11-1918: Maria Augusta, de 50 anos, jornaleira, casada com José Simão, naturais e moradores em São Vicente da Beira.

06-11-1918: Bento Venancio, de 7 anso, filho de Antonio Maria Venancio e Ana Joaquina, todos naturais e moradores na Partida.

06-11-1918: Jose Leitão, de 5anos, filho de João Leitão e Maria do Rozário, todos naturais e moradores na Partida.

06-11-1918: Antonio Lourenço, de 44 anos, casado com Maria Felicia, natural da Partida, filho de João Lourenço e Maria Vitoria, também moradores na Partida.

07-11-1918: Filomena Nunes, de 30 anos, casada com Amandio Barroso, natural do Casal da Serra, filha de Joaquim Gama e Rosa Nunes, naturais e moradores no mesmo povo.

08-11-1918: João Castanheira, de 45 anos, caiador, casado com Antonia Pereira, filho de Francisco Castanheira e Ana de S. José, todos naturais e moradores em São Vicente da Beira.

08-11-1918: João Agostinho, de 19 anos, jornaleiro (sardinheiro, segundo o registo do Hospital), filho de André Agostinho e Maria da Conceição, naturais e moradores em São Vicente da Beira. Faleceu no Hospital.

08-11-1918: Maria dos Anjos, de 25 anos, filha de João Antunes Amendôa, natural da Partida e domiciliada no Ribeiro de Dom Bento, São Vicente da Beira.

08-11-1918: Maria Pedra, de 18 anos, natural da Torre e moradora nos Pereiros, filha de João Lucas e Joaquina Pedra, moradores nos Pereiros.

09-11-1918: Ana da Ascensão, de 3 anos, natural da Partida, filha de Alberto Venancio e Angelina de Jesus, moradores no mesmo povo.

09-11-1918: Maria Antonia, de 30 anos, solteira, natural de São Vicente da Beira, filha de Francisco Pereira e Maria Joana, já falecidos.

09-11-1918: João Duarte Romualdo, de 35 anos, proprietário, morador no Ribeiro de Dom Bento, São Vicente da Beira, filho de Joaquim Duarte Romualdo e Maria Martins desta vila.

09-11-1918: Francisco Lucas, de 4 anos, filho natural de Filomena Lucas, natural e moradora em São Vicente da Beira.

09-11-1918: Beatriz de Jesus, de 18 anos, natural dos Pereiros, filha de Antonio Martins e Ana Varanda, moradores no mesmo povo.

10-11-1918: Maria Jose, de 16 anos, filha de Jose Sarnada e Maria Rosa Santos, naturais e moradores no Casal da Serra.

10-11-1918: Josefa Maria, de 80 anos, viúva de Francisco Alves, natural e moradora na Partida.

11-11-1918: Manuel Martins Paiagua, de 50 anos, ganhão, casado com Rita Maria, moradores no Casal do Baraçal, São Vicente da Beira, filho de José Martins Paiagua e Emilia Maria.

11-11-1918: Alberto Venancio, de 33 anos, casado com Angelina de Jesus, morador na Partida, filho de Antonio Venancio e Maria Rozario, do mesmo povo.

11-11-1918: João Martins Leitão, de 39 anos, casado com Maria Rozaria, natural da Partida, filho de Manuel Leitão e Josefa Maria, do mesmo povo.

12-11-1918: Maria Izabel, de 9 anos, filha de José João e Izabel Maria, naturais e moradores na Paradanta.

13-11-1918: Maria José Patricio, de 15 anos, filha de Joaquim Matias e Ana Patricio, moradores em São Vicente da Beira.

13-11-1918: Manuel Francisco, de 4 anos, filho de Francisco Carrilho e Albina Maria, naturais e moradores na Partida.

13-11-1918: Manuel de Jesus, de 8 anos, filho de João Alves e Maria Inês, moradores nos Pereiros.

13-11-1918: Maria dos Anjos, de 4 anos, filha de Manuel Duarte Romualdo, proprietário, e Maria Balbina, moradores no Ribeiro de Dom Bento, São Vicente da Beira.

14-11-1918: Sebastião Amoroso, solteiro, de 80 anos, natural e morador no Casal da Serra, filho de Manuel Caetano e Maria Amorosa, naturais do mesmo povo.

14-11-1918: Maria do Nascimento, de 35 anos, casada com Joaquim Teodoro, moradores no Casal do Baraçal, São Vicente da Beira, filha de Manuel Marques e Ana Maria.

14-11-1918: Cesar Marques Neto, de 13 anos, seminarista, natural de São Vicente da Beira, filho de Antonio Marques, já falecido, e de Maria Neto Raposo.

15-11-1918: Francisco Frade, de 25 anos, solteiro, serrador, filho de Antonio Frade e Maria Freire, naturais e moradores na Partida.

15-11-1918: Ana da Ressurreição, de 2 anos, filha de Manuel da Cruz e Maria de S. João, naturais e moradores no Casal da Serra.

15-11-1918: Maria Celeste, de 18 anos, solteira, filha de Manuel Paulo e Maria Felicia, moradores no Tripeiro.

16-11-1918: Leopoldina Maria, de 60 anos, casada com Domingos Jacinto, filha de pais incógnitos, moradora na Paradanta.

16-11-1918: João Lourenço, de 7 anos, filho de Antonio Lourenço e Maria Felicia, moradores e naturais da Partida.

16-11-1918: Silvestre Serra, de 24 anos, casado, natural do Casal da Serra, filho de Luciano Serra e Ana Barrosa, moradores no dito casal.

16-11-1918: Maria Filomena, de 4 anos, filha de João Alves e Maria Inês, naturais e moradores nos Pereiros.

17-11-1918: Joaquim Varanda, de 64 anos, casado com Maria Balbina da Conceição e morador no Tripeiro, filho de Joaquim Varanda e Ana Moreira.

17-11-1918: Joaquim Martins, de 2 meses, filho de Augusto Martins e Maria Calmôa da Silva, moradores em S. Vicente da Beira.

17-11-1918: Antonio Filipe Salvado, de 23 anos, proprietário, solteiro, filho de João Filipe e Joaquina Maria, naturais e moradores na Paradanta.

18-11-1918: Maria de Jesus Hipólito, de 35 anos, casada com Joaquim Caio, funileiro, moradores em S. Vicente da Beira. Era filha de Joaquim Hipólito de Jesus e Maria Antonia, da mesma vila. Faleceu no Hospital.

18-11-1918: José Amandio, de 5 anos, filho de Amandio Barroso e Filomena Nunes, moradores no Casal da Serra.

19-11-1918: Justina Maria, de 14 anos, filha de José Bartolomeu, cultivador, e Maria Justina, moradores na Partida.

21-11-1918: Maria, de 10 meses, filha de José Lopes e Maria Justina, naturais e moradores na Partida.

22-11-1918: Manuel Bento, de 10 dias, filho de Antonio Maria Venancio e Ana Joaquina, moradores na Partida.

24-11-1918: Maria Carlota, de 6 meses, filha de José Simão e Ana Maria, moradores em S. Vicente da Beira.

26-11-1918: Bernardo Candeias, de 24 anos, jornaleiro, solteiro, filho de Manuel Candeias e Maria do patrocínio, moradores no Casal da Serra.

26-11-1918: Maria Matias, de 40 anos, filha de Domingos Leitão e Maria Matias, todos naturais e moradores na Partida.

26-11-1918: Antonio Rato, de 14 anos, filho de José Rato e Josefa Maria, naturais e moradores no Violeiro.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Terra do Futuro


Numa das minhas últimas idas a São Vicente, várias pessoas me expressaram a sua angústia pelo rumo que a nossa terra está a tomar. Uma queixou-se de não haver médico todos os dias, às vezes nem uma vez por semana, outra de o pároco residir em Almaceda. Por esses dias, também o Presidente da Junta partilhou comigo a sua preocupação pelos resultados do próximo censo, a iniciar no mês de Março. Nalgumas localidades da freguesia, tem havido uma autêntica sangria de gente jovem que opta por ir viver para fora, sobretudo nos centros urbanos.
Não há padres e médicos suficientes para manter as realidades do passado, mas também é verdade que a freguesia de S. Vicente da Beira não tem a população que teve durante o século XX. Poucas ruas de S. Vicente têm mais do que duas ou três famílias residentes e é habitual percorrer algumas e não ver vivalma.
E, de certa forma, era difícil fazer melhor, nos últimos anos: criação da EBI, como centro escolar regional; reconversão do Hospital em Lar e Creche; fundação da empresa Fonte da Fraga; abertura da delegação de Bombeiros. No seu conjunto, estas novas instituições garantem o ganha-pão a muitas famílias!
Mas as crianças são cada vez menos e o benefício da criação da EBI pode estar preso por um ténue fio de alguns anos. Enquanto as povoações a menos de 20 km de Castelo Branco sustiveram o declínio, pela sua transformação em dormitórios da cidade, S. Vicente da Beira fica demasiado longe para compensar o ir e vir.
O turismo regional é débil, mas há gente e povoações com projectos de sucesso. Nós, nem projecto ainda temos. A Senhora da Orada é um dos locais da região com maiores potencialidades turísticas (património religioso, artístico, histórico, paisagístico), mas sinto um virar de costas. As obras de requalificação do espaço envolvente, sanitários e bar, há tanto prometidas, ficaram esquecidas nos gabinetes. O altar-mor, talvez o mais bonito altar da freguesia, trazido da Igreja de Francisco do convento feminino, continua a apodrecer e brevemente a sua perda será irreversível.
Mas o futuro está na terra. Não só a agricultura de subsistência, de agricultores de fim de semana ou mesmo daqueles que lá moram, mas ganham a vida noutra actividade. Esta agricultura, que nos dá os sabores com que fomos criados, é muitíssimo importante, tanto em termos de qualidade alimentar como de poupança. Mas não fixa ninguém. Se não houver uma outra fonte de rendimento, as pessoas partem, como continuam a partir.
A ideia não é minha, ouvi do Professor Marinho Santos, natural das Sarzedas e catedrático na Universidade de Coimbra. Defendia ele que o mundo rural só tem futuro se a agricultura não morrer e eu acrescento que ela tem de ser a principal fonte de rendimento dos moradores das nossas aldeias.
Em Castelo Branco, consomem-se sobretudo hortaliças e frutas espanholas, mas as terras férteis dos nossos vales ribeirinhos estão parcialmente abandonadas. No entanto, as nossas frutas (cerejas, maça bravo de esmolfe…) e legumes são de excelente qualidade. E é com o leite das nossas ovelhas que se fazem alguns dos prestigiados queijos regionais. Já em 1889, João dos Santos Vaz Raposo levou o nosso azeite à Exposição Universal de Paris e veio de lá galardoado.
A I Feira de Gastronomia e Artesanato, a todos os títulos exemplar, como aqui escrevi, teve também o dom de pôr a nu as nossas fragilidades: os nossos standes pareciam os de um centro urbano, em que a indústria e os serviços predominam. Queijo, feijão, chouriços e vinhos foram vendidos por produtores do Sobral, Ninho…
Sei que não é fácil e que nem agricultor de fim de semana chego a ser, para ter a veleidade de falar com autoridade. Também sei que produzir para o mercado exige uma boa planificação prévia, sob pena de ter de lançar fora e ir imediatamente à falência.
Mas a terra está a dar bom rendimento na região. A comunicação social (Jornal do Fundão, Reconquista, Visão) tem, nos últimos dois anos, feito eco de excelentes experiências agrícolas nas duas vertentes da Gardunha, tanto no ramo da fruticultura como da produção de hortícolas. Algumas delas, de jovens agricultores, são um verdadeiro sucesso.
Nesta época de crise e desemprego, temos de olhar para a terra como uma fonte de rendimento, como uma solução de futuro. Até os políticos voltam a falar no regresso às indústrias familiares e à actividade agrícola. É uma boa solução para o país e, para nós, é na terra que está o futuro, sob pena de não termos futuro, como comunidade.


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Óvnis na Gardunha?

A revista VISÃO desta semana (N.º 924, 18 a 24 novembro 2020) trouxe-nos à lembrança os fenómenos óvnis na serra da Gardunha. O artigo da revista (2012 A profecia lusitana, pp. 98-110) vai mais longe e situa, na Penha Grande, um dos portais de acesso ao Reino de Lis, um mundo paralelo ao nosso.
A Penha Grande é um morro granítico que sobressaia acima da linha da serra, quando se olha para Castelo Novo, a partir da A23. O Santuário da Senhora da Penha ou da Serra situou-se primitivamente ali, onde também existem vestígios arqueológicos de um castro da Idade do Bronze, tal como o do Castelo Velho. Curiosamente, a lenda desta ermida tem muitas semelhanças com a da Senhora da Orada, situada não muito distante.
Mas a inquietação, em São Vicente da Beira, tem origem num fenómeno ainda não conhecido fora de portas.
Frequentemente, entre a meia-noite e a madrugada, avistam-se luzes muito fortes, na meia encosta acima do Caldeira, onde fica a serra dos Candeias, dos Barroso e dos Hipólito. São visíveis do Casal da Fraga, situado em frente, e já há numerosas testemunhas. As luzes são muito mais potentes do que as de um automóvel e avistam-se por alguns minutos e outras vezes durante horas.
Para terminar, deixo-vos com duas notícias de encontros imediatos, nesta encosta sul da Gardunha, publicadas no blogue : http://www-ufologia.blogspot.com/2010/05/misterios-da-serra-da-gardunha.html.


Foto tirada do miradouro da Baldaia. Penso que o penhasco mais alto é a Penha Grande.

Erguendo-se a 1225 metros de altitude, a serra da Gardunha é uma das elevações mais importantes da Beira Baixa, em Portugal. Os repetidos fenómenos inexplicáveis, os seus símbolos e arqueologia, fazem da serra um dos «pontos quentes» onde o fenómeno Ovni se manifesta com maior intensidade no país.
São comuns as histórias sobre misteriosas luzes que surgem no céu silenciosas e a grande velocidade, luzes que bailam em ângulos rectos perfeitos. Segundo curiosos e aficionados do fenómeno, as luzes podem ser vistas quase todos os dias a sair da serra, por volta das 23:00h, e, no regresso, por volta das 02:00h da madrugada. É entre Setembro e Dezembro a altura mais propícia para avistar estes fenómenos, segundo referia o «Guardião da Serra», o Sr. Américo Duarte.
Américo Duarte, era o maior estudioso sobre os mistérios da serra. Dedicou-se a estudar a arqueologia ali existente, como os fenómenos luminosos que eram observados á noite. Infelizmente já falecido, conhecia a serra como ninguém. Entre outras revelações, Américo Duarte confidenciou que certo dia teve um encontro imediato com um ser humanóide no quintal da sua casa. Foi esse ser que o levou um dia, a conhecer a base subterrânea de Ovnis que existia ali na serra. Segundo ele, aquela base era uma de quatro espalhadas pelo mundo, utilizadas pelos supostos seres para estudar o nosso planeta. Disse que, quando esteve no interior da base, viu uma espécie de galeria de naves espaciais num precipício, o que lhe impediu de prosseguir caminho. Também revelou que os objectos voadores entravam na montanha por desmaterialização. Dizia-se o escolhido ou contactado para guardar ou proteger a base que o interior da Gardunha guardava. Para sempre ficou conhecido como o «Guardião da Base».
Os últimos anos da sua vida, dedicou-os a tentar alterar o trajecto de um túnel que iria ser feito e trespassar a serra na localização exacta da suposta base subterrânea. Coincidência ou não, o projecto inicial foi alterado e desviado para outro local.

Em Setembro de 1996, Ricardo Machado Oliveira passava pela serra, mais precisamente no local designado por Cabeço da Penha, quando decidiu explorar uma gruta que existia ali perto.
Após ter entrado na gruta, Ricardo desmaiou. Quando recuperou os sentidos, encontrava-se num hangar subterrâneo enorme, onde observou diversas naves de forma oval e prateadas. De seguida foi confrontado com a presença de três espécies distintas de seres humanóides. Estes seres informaram Ricardo que eram parte de uma aliança de mundos interestelares associados para observar a Terra e que a base subterrânea onde se encontrava era uma das quatro bases de observação espalhadas pela Terra. Após isso Ricardo perdeu novamente os sentidos e quando acordou, já era de noite, e encontrava-se deitado no chão, no exterior da gruta.


É apenas o sol, por entre as ramagens dos pinheiros, no Ribeiro de Dom Bento.

sábado, 20 de novembro de 2010

Marmelada


Tive marmelos no Ribeiro de Dom Bento, fiz marmelada e já se comeu.
Trouxe mais marmelos da Oriana e voltei a fazer marmelada.
Dantes, fazer marmelada era uma empreitada, pois tirava-se a casca ao marmelo, o que tornava a tarefa muito custosa.
A minha irmã Celeste ensinou-me uma nova maneira, que aprendeu com pessoas, na Vila, e agora fazer marmelada é facílimo.
Lavam-se e limpam-se os marmelos, cortam-se às fatias, casca e tudo, excepto o caroço, e metem-se na panela de pressão. Já sei que a panela de pressão leva 3 quilos de fatias de marmelos e, como deito um terço do peso em açúcar, nem preciso de pesar.


Junta-se meio copo (pequeno) de água, um quilo de açúcar amarelo, dois paus de canela e o sumo de um ou dois limões (pequenos).
Põe-se o lume no mínimo, sem apertar a tampa, até derreter o açúcar. Quanto estiver em líquido, aperta-se a tampa e deixa-se ferver, ainda em lume brando, pois a panela ficou muito cheia. Ferve perto de uma hora. Se a panela não estiver tão cheia, o lume pode ficar mais forte e o marmelo coze em menos tempo.
Depois tiram-se os paus de canela e tritura-se. Deixa-se arrefecer um pouco e coloca-se nas malgas. Como leva pouco açúcar, não se conserva tanto tempo e o melhor é congelar uma parte. Fica bom na mesma.
Esta nova maneira de fazer marmelada tem a vantagem de aproveitar a casca, rica em substâncias nutritivas e que reforça o sabor do marmelo.
A minha marmelada fica em ponto de barrar o pão. Quem a quiser mais seca, basta deixar ferver mais tempo, depois de triturar, mas mexendo frequentemente.



Receita:
3 kg de fatias de marmelo
1 kg de açúcar (os gulosos devem juntar mais)
1 limão (sumo)
2 paus de canela
meio copo (pequeno) de água

Alteração após dois anos de experiência (6/10/2012):
Já só deito o sumo de menos de meio limão, pois fica menos ácida e mais cremosa. Uso sim a casa inteira do limão, cortada fininha, o que dá à marmelada um agradável sabor citrino.
Também não coloco a tampa na panela e assim a marmelada fica com a sua cor natural, amarela.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pneumónica 2

Os óbitos de Outubro

A freguesia de São Vicente da Beira registou, entre 1917 e 1919, uma média mensal de 4,8 óbitos, sem contar com Outubro e Novembro de 1918, os meses da gripe pneumónica. Nestes, o número de mortos subiu para 20, em Outubro, e 66, em Novembro.
Esta maior mortalidade em Novembro contraria a tendência nacional, em que o mês mais mortífero foi o de Outubro.
Como os registos do Hospital só nos dão informação detalhada de 4 óbitos por gripe pneumónica, temos de utilizar os registos paroquiais, que não apontam a causa da morte.
Nem todos morreram por gripe pneumónica, nestes dois meses, mas foram a quase totalidade. A gripe pneumónica atacou sobretudo os jovens e adultos jovens, pelo que temos de excluir os idosos, possivelmente já imunizados por uma epidemia da mesma doença ocorrida em 1889. Os bebés talvez também tenham sido vitimados pela gripe pneumónica, embora nestes não haja tantas certezas, pois ainda era habitual morrerem muito e raramente eram levados ao hospital.
Apresentam-se, hoje, os óbitos de Outubro de 1918. Transcrevem-se os nomes tal como foram registados.

02-10-1918: Leopoldina, de 1 ano, filha de Manuel Joaquim e Maria Domingas, naturais e moradores no Tripeiro.

02-10-1918: Maria, de 16 meses, filha de Antonio Soares cruz e Maria Serra, jornaleiros, naturais e moradores no Casal da Serra.

04-10-1918: Gracinda, de 4 anos, filha de Antonio Afonso e Maria da Conceição, jornaleiros, naturais e moradores no Tripeiro.

12-10-1918: Antonio, de 1 ano, filho de João Caio e Serafina da Conceição, jornaleiros, naturais e moradores no Casal da Serra.

12-10-1918: João Nunes, de 45 anos, solteiro, mendigo/jornaleiro, natural do Mourelo. Faleceu no Hospital, de febre paratifóide.

16-10-1918: Maria dos Anjos da Silva Leal, de 35 anos, casada, doméstica, natural dos Pereiros, filha de Joaquim da Silva Leal e Isabel Maria, proprietários.

22-10-1918: Jose Duarte Soalheira, de 70 anos, viúvo de Antonia Clara, jornaleiro, natural e morador em S. Vicente da Beira, filho de Francisco Duarte e Luiza Bernarda.

22-10-1918: Albertina, de 20 meses, filha de Francisco João e Joaquina Alves, naturais e moradores na Paradanta.

24-10-1918: Jacinta Maria, de 34 anos, casada com Joaquim Bartolomeu, natural e moradora na Partida, filha de João Alexandre e Joaquina Maria.

26-10-1918: Adrião Mateus, 27 anos, solteiro, jornaleiro, natural e morador em S. Vicente da Beira, filho de José Mateus e Maria Luxindra, também de S. Vicente.

26-10-1918: Maria de Oliveira, de 52 dias, filha de Lopo Vitorino e Carolina de Oliveira, naturais e moradores em S. Vicente da Beira.

28-10-1918: Maria Luisa, de 3 anos, filha de Alexandre Caio e Antonia Carlota, naturais e moradores no Casal da Serra.

29-10-1918: Maria Amalia Roque, de 21 anos, solteira, doméstica. Filha de Manuel Roque e Ludovina Varanda, moradores em S. Vicente da Beira, na Rua Nicolau Veloso.

30-10-1918: Emilia do Rosario, de 23 anos, doméstica, filha de Francisco Afonso e Maria Sebastiana, naturais e moradores no Tripeiro.

30-10-1918: Maria do Rosario, de 23 anos, doméstica, filha de Antonio Fernandes (já falecido) e Maria Ludovina, moradora em S. Vicente da Beira.

30-10-1918: Antonio Caio, de 16 meses, filho de Alexandre Caio e Antonia Carlota, naturais e moradores no Casal da Serra.

31-10-1918: Ana Ramalho, de 29 anos, doméstica, filha de João Ramalho e Maria de São Pedro, todos naturais e moradores no Casal da Serra.

31-10-1918: Antonio Lourenço, de 28 anos, natural do Tripeiro, filho de José Lourenço e Maria Joaquina, moradores também no Tripeiro.

31-10-1918: Antonio Candeias, de 14 anos, pastor, filho de Manuel Luis Candeias e Maria da Conceição, naturais e moradores em S. Vicente da Beira. Faleceu de gripe pneumónica, no Hospital.

31-10-1918: João Marcelino, de 25 anos, filho de Joaquim Marcelino e Maria Ana, todos naturais e moradores no Tripeiro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pneumónica 1

Óbitos no Hospital
Em Outubro e Novembro de 1918, estiveram internados, no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de São Vicente da Beira, um total de 34 doentes, sofrendo 29 deles de gripe, pneumonia gripal, gripe brônquica ou bronco-pneumonia. Com diferentes diagnóstivos e complicações, a maioria destes terá tido gripe pneumónica e alguns uma simples gripe que, no entanto, os obrigou a internamento.
Os doentes ali internados, nestes dois meses, eram todos de São Vicente, ao contrário do habitual. Talvez se tenha evitado a deslocação de doentes e porque o Hopostal só tinha 10 camas e esteve com o pessoal auxiliar também doente, assim como quase toda a direcção.
Os (dois) médicos, então de serviço, só não conseguiram curar 4 dos seus doentes, que acabaram por falecer. Quatro é muito pouco, num universo de 86, a totalidade de mortos, na freguesia, durante esses dois meses. Mas a eles chegarei, noutro dia. Hoje, ficamo-nos pelos que faleceram no Hospital, todos de São Vicente da Beira. Faz agora anos, por estes dias:

31-10-1918: Antonio Candeias, filho de Manuel Luis Candeias e de Maria da Conceição, jornaleiros. Tinha 14 anos e era pastor.

01-11-1918: Francisco Jeronimo, filho de Jose Jeronimo e de Olalia da Conceição. Tinha 26 anos, era cultivador e estava casado com Maria da Luz Romualdo.

08-11-1918: João Agostinho, filho de Andre Agostinho e de Maria da Conceição. Era sardinheiro e tinha 19 anos.

18-11-1918: Maria de Jesus Hipolito, filha de Joaquim Hipolito de Jesus e de Maria Antonia. Tinha 30 anos(35, segundo o registo da Igreja), era doméstica e estava casada com Joaquim Maria dos Santos Caio, funileiro e, na época, enfermeiro do Hospital. Deixou dois filhos menores: um, com 5 anos, Joaquim Caio; outro, com 7 anos, João Caio. Na sessão ordinária de 12 de Janeiro de 1919, a gerência do Hospital deliberou autorizar o enfermeiro a comer no local de trabalho, descontando-se-lhe do ordenado.

Nota:
O óbito de Francisco Jerónimo está registado no Hospital e na Igreja Matriz, mas levanta-nos, a nós Jerónimos, uma questão que ainda não consegui esclarecer, embora já tenha ido falar com a minha tia Eulália(como a avó).
Jose Jeronimo e Olalia da Conceição tiveram pelo menos 6 filhos: a minha avó Maria do Rosário Jerónimo, a tia Rosa Jerónimo (mãe de Maria do Céu Jerónimo Matias), o tio João Jerónimo (dos Arrebotes), o tio Miguel Jerónimo (do Cimo de Vila)o tio Albano Jerónimo e este Francisco Jerónimo. Só que ele foi combater para África, talvez na 1.ª Guerra Mundial, casou lá e nunca mais voltou. Os irmãos colhiam a azeitona da sorte dele, herdada dos pais, um ano cada um. Depois, devem ter dividido o terreno, entre si.
Por outro lado, Maria da Luz Romualdo, que ainda conheci moradora no Ribeiro de Dom Bento, foi casada com outro homem, de quem teve filhos. É possível que tenha voltado a casar, até porque os registos consultados não referem filhos menores que Francisco Jerónimo tenha deixado.
Mas, o mesmo Francisco Jerónimo, com duas vidas? Impossível. Irmãos? É possível!

sábado, 13 de novembro de 2010

Nas XXII Jornadas de Medicina

Acabo de chegar das XXII JORNADAS DE MEDICINA DA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XXI, realizadas, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, nestes dias 12 e 13 de Novembro de 2010.
Tive a companhia de Albano Mendes de Matos, habitual nestas Jornadas, há muitos anos. Albano de Matos é natural do Casal da Serra e vive na região de Lisboa. Em anos anteriores, já fez comunicações sobre temas da sua terra natal.
Apresentei, oralmente, o estudo A GRIPE PNEUMÓNICA EM SÃO VICENTE DA BEIRA, da minha autoria e do meu filho Tiago Rodrigues Teodoro. O trabalho precisa ainda de ser aprofundado e escrito, para depois ser publicado, nas próximas jornadas, daqui a um ano, na Revista CADERNOS DE CULTURA, onde anualmente se publicam as intervenções do ano anterior.
Este estudo tem por base consultas que fiz no Arquivo da Santa Casa da Misericórdia, a quem agradeço, na pessoa do Provedor Pedro Matias, toda a disponibilidade manifestada. Também consultei os livros de registos dos óbitos da Paróquia de São Vicente da Beira, graças à boa vontade do pároco, o Pe. José Manuel, a quem também deixo o meu bem-haja.

A gripe pneumónica atacou Portugal em três vagas: a 1.ª, em Maio a Julho de 1918, bastante benigna; a 2.ª, em Outubro e Novembro desse ano, desta vez muito mortífera; uma última, em Fevereiro e Maio de 1919, novamente pouco violenta.
Na nossa freguesia, apenas em Outubro/Novembro de 1918 a gripe pneumónica foi fatal, tendo-se, nos outros dois períodos, confundido com as gripes normais da época.
Brevemente, publicarei informações de que já disponho.