terça-feira, 19 de junho de 2012

sábado, 16 de junho de 2012

Fui ao Pelome

Fui ao Pelome, a preparar o passeio pedestre de 24 de Junho, domingo, com início às 8.30 h, na Praça. Esta atividade realiza-se no âmbito da 3.ª Feira de Gastronomia e Artesanato, integrando os respetivo programa.
 A caminho do Pelome, por entre muros altos

 O Lar de Idosos, antigo Hospital, visto do caminho

 No Pelome, dois grandes carvalhos, a minha árvore preferida, não sei porquê

 O açude que deu fama ao Pelome

 Um jardineiro plantou aqui uma horta, com canteiro de gladíolos, ao fundo

A nossa antiga técnica de construção: granito nas quinas e nas aberturas e xisto no resto

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Finalmente o livro

Eis que chega finalmente o dia da apresentação do meu livro que acima se mostra.
Será em S. Vicente da Beira, no próximo dia 22 de junho, sexta-feira, às 20.30 h, durante as cerimónias de abertura da 3.ª Feira de Gastronomia e Artesanato.
A apresentação está a cargo do Pe. Hipólito Jerónimo, nosso ilustre conterrâneo e homem de grande cultura. Quem melhor do que ele, com uma tão forte ligação umbilical a estas terras, poderia falar de um livro cheio de pessoas e lugares que são afinal os nossos?

Deixo-vos com um levantar do véu, a sinopse da contracapa:

Foi há cerca de 250 anos.
Em Tinalhas, vivia Teodoro Faustino Dias, que casou com Maria Cabral de Pina, do Violeiro, filha do Sargento-Mor Domingos Nunes Pousão. Teodoro Dias foi alferes da capitania de Tinalhas. Era o maior criador de gado bovino no concelho, 31 cabeças. A sua filha Eusébia Dias Cabral casou com António Meireles Gramaxo, do Fundão e Soalheira, os quais deram origem à Casa Viscondes de Tinalhas. Teodoro Faustino Dias tornou-se presbítero, após enviuvar, perto dos 50 anos, e foi cura do Freixial.
O Pe. João Antunes era natural do Casal da Serra, onde fiscalizou a capela devotada a São João Baptista, particular dos irmãos Duarte Ribeiro. Foi o capelão de São Tiago, pago pelos vizinhos dos montes da charneca que se fintavam para lhe fazerem uma côngrua, a troco de assistência religiosa. Os espanhóis levaram-no preso, na Guerra dos Sete Anos.
Ana Maria do Carmo nasceu em Castelo Branco e casou com o Dr. Diogo José Pires Bicho Leonardo, natural de Tinalhas, mas residente no Ninho. Enviuvou cedo. Morava na Praça e era dona de uma azenha, no Freixial, e de um lagar confrontante com a ervagem do Vale do Curro.
O Pe. Manuel Marques era natural do Louriçal, já fora cura do Freixial e era-o então do Sobral. Ensinava as primeiras letras aos filhos de parte da elite local: dos Duarte Ribeiro do Casal da Serra e dos Ramos Preto do Louriçal, mas originários do Sobral.
O tribunal e a cadeia eram na Câmara da Vila. Os pais cujos filhos sujassem a água do chafariz passavam 8 dias na enxovia dos presos e das presas. E quem colhesse uvas ou figos, em vinha alheia, pagava de coima 500 réis (Manuel Henriques andou um dia ao entulho, para as calçadas, e recebeu 150 réis).

terça-feira, 12 de junho de 2012

De manus

A palavra latina manus deu em português mão e em espanhol mano.
Além de mão, manus também significava, para os romanos, trabalho, obra e indústria.
Foram estes últimos sentidos que deram origem a maneio ou manejo, pois são sinónimos.
Maneio e manejo significam fazer à mão, designam um trabalho manual. Maneio era o termo usado para um imposto relativo a algumas indústrias (as quais no passado eram executadas à mão).
No antigo concelho de São Vicente da Beira, no século XVIII, alguns livros de registo de gados, para fins de cobrança de impostos e de declaração das lãs produzidas designam-se por Maneios.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Maneios

Houve um ano em que andei sempre com o meu pai. Ele recolhia gado desde os lados do Estreito. Quem lho trazia era o tio João da Paiágua que o deixava num compadre do Tripeiro e depois nós íamos lá recolhê-lo. Às vezes era quase de noite e o meu pai não largava a conversa.
“Nunca te preocupes, filho. Aqui, na Charneca, há sempre uma mesa com qualquer coisa para comer e uma cama, se for preciso, nem que seja uma faixa de palha.”

Conduzíamos o gado pelos caminhos, por entre montes alqueivados e matos ralos, em direção ao Sobral e depois à Devesa. Eu seguia à frente no burro, a indicar o caminho. O meu pai vinha atrás, de olho nas reses que se atrasavam, a abocanhar umas ervitas ou as pontas mais tenras dos matos. “Ah chibo dum ladrão! EH! EH!” Se ele não se juntava ao rebanho, o ralho “Ai o alma do diacho!” e o bordão atirado de longe eram suficientes para convencer o mais desentendido.

O gado ficava no casalito, à espera de outro destino. Por vezes trazia malina e começava a morrer passados um ou dois dias. Duma vez, morreram-nos 50 cabeças. Um prejuízo enorme!

Mais tarde, fizemos um bardo para guardar as cabras e os cabritos, no Vale Covo Cimeiro. O António Rodrigues do Monte do Surdo era nosso vizinho. O meu pai e ele trocavam gado, sobretudo os chibos de cobrição. O mesmo com os primos Albanos, criadores de gado e comerciantes como nós. Se o meu pai precisava de reses, mas não tinha as suficientes, eles desenrascavam-no. Outras vezes era ao contrário.

De quinze em quinze dias, fazíamos o mercado da Soalheira, nos domingos. Abalávamos ainda bem de noite e eu deixava-me dormir em cima do burro, deitado na albarda, com os braços em volta do pescoço dele. Se caísse, a alimária parava logo e só voltava a andar comigo novamente em cima. Ao amanhecer, já estávamos a atravessar a Ocreza, um bocado abaixo do Louriçal. Quando chovia, nós passávamos na mesma, desde que desse para o gado atravessar.

Os cães pastores dos rebanhos que havia nos campos apareciam com aquelas coleiras de picos contra os lobos, logo que sentiam o nosso gado. Ladravam, arremetiam, com as bocarras de dentes afiados, mas nós seguíamos em frente, eu no alto do burro e o meu pai de cajado na mão, com as reses coladas a nós, cheias de medo.

Por causa deles é que o meu pai enxotara o nosso cão. “Bobi, casa! Fica a guardar a tua dona.” Ele sentia-se rejeitado e ficava cabisbaixo, mas teimava em seguir-nos mais afastado e então tirava-lhe as ilusões com uma pedrada. Não queria ficar sem ele. Certo dia, o meu pai levou o gado para a Barroca, a comer as folhas que ficaram do milho depois de colher a maçaroca. À ceia, já em casa, deu por falta do cãozito. Também não achava o casaco que usava pendurado no ombro, quando não estava frio. Voltou à fazenda na manhã seguinte e deu com o cão deitado em cima do casaco, no meio do caminho, quase a chegar aos eucaliptos. Só lhe faltava falar!

Mas como eu estava a contar, íamos ao mercado da Soalheira, domingo sim, domingo não. O meu pai matava um cabrito logo que chegava, oferecia um bom presente ao senhor padre e tentava vender o resto. As outras reses eram compradas pelos negociantes que recolhiam gado para Espanha. Às vezes ainda trazíamos carne na volta, porque era tempo de pouco dinheiro. Em nossa casa, de marchante de gado e carniceiro, nunca faltava a carne, o queijo e o soro. Muitas vezes apetecia-nos outras coisas, mas era o que havia e tínhamos de comer.

Nessas ou noutras noites de domingo para segunda, muito antes de clarear, já o meu pai ia a caminho do Fundão, por aquele Arrebentão acima. Com o burro, mas sempre a pé, porque era muito magro e não gostava de andar a cavalo. Levava as reses que lhe tinham encomendado ou que ia tentar vender. Se não fizesse negócio até meio da manhã, já não as vendia. Depois voltava: Souto da Casa, Vale d´Urso, a subida até ao Alto da Portela e depois caminho da Senhora da Orada abaixo.

“Ai é o filho do ti Meguel Jerolme? O seu pai e o meu eram muito amigos.”




Notas:
- Esta é a primeira história de um novo projeto. Sempre o quis realizar, mas as ideias só há pouco me ficaram claras. Já há anos que venho escrevendo sobre a minha família, por isso o narrador fala na primeira pessoa, na tentativa de passar a escrito as histórias que nos aconteceram. Mas a ideia sempre foi escrever as histórias que se contavam ao serão, em volta do porco, nos trabalhos da matação... Este é o meu novo projeto: passar a escrito as nossas histórias orais. Já tenho cerca de 20, mas tenciono escrever muitas mais, sobretudo de pessoas fora da minha família. Quase todas serão contadas na primeira pessoa, sendo o narrador também personagem da história, pois as pessoas contavam (e contam) sobretudo coisas que lhes aconteceram ou que ouviram dos seus familiares. Mas atenção: todas as histórias serão ficionadas, nunca um retrato rigoroso do que aconteceu ou do que me foi contado; aliás, a minha mãe farta-se de protestar que eu escrevo mentiras no blogue.
Alerta: Esta história é contada na primeira pessoa, mas eu não entro nela!

- A história (de vida) agora publicada ensina-nos a forma como os gados eram deslocados desde a zona de criação até ao local de consumo. Neste caso, desde as proximidades do Estreito (Oleiros) até às cidades da raia espanhola. Da Sertã e Proença para Lisboa seria a mesma coisa: os gados passavam pelas mãos de vários produtores/comerciantes até chegarem aos arredores de Lisboa, passadas semanas ou até meses. (Na Idade Média, o rei tinha um curral enorme, chamado uchão, onde guardava os gados vindos de todo o reino, como pagamento de impostos).
Só na segunda metade do século XX é que apareceram os camionetas de transporte de animais e mais tarde ainda os talhos de dimensões industriais, com os seus camiões frigoríficos.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

FORAL MANUELINO – A Ordem de Avis

O nosso foral manuelino, cujo 5.º centenário estamos a comemorar, traz logo no início informação sobre a Ordem de Avis.

Tem a Ordem e Mestrado de Avis na dita vila propriedades de terras e olivais aforadas a pessoas particulares pelos preços e quantias que nos tombos da dita ordem e nos aforamentos das ditas pessoas está declarado, pelos quais até agora se arrecadaram os ditos direitos e arrecadarão daqui em diante sem outra inovação.
E tem mais a dita ordem no termo da dita vila um lugar próprio seu e foreiro de que arrecada seus foros antigos sem contradição, como de coisa sua patrimonial que não jaz debaixo do foral da dita vila. No qual se não pagam outros tributos nem foros senão os que adiante vão declarados. E na maneira e modo como até aqui se arrecadaram os ditos direitos. Mandamos que ao diante se paguem e arrecadem sem nenhuma contradição. Os quais são repartidos igualmente ao meio pela dita ordem e comenda dela e pelo mosteiro de São Jorge de Coimbra. E na dita maneira se fará a dita repartição do rendimento da portagem da dita vila, segundo adiante em seus títulos e capítulos vai declarado.


Desde os alvores da nacionalidade que o território entre a Ocreza e o Tejo fora entregue aos monges guerreiros Templários, mais tarde Ordem de Cristo, mas o concelho de São Vicente, antes pertencente ao território da Covilhã, permaneceu livre de senhorios.
No entanto, outra organização de monges guerreiros, a Ordem de Calatrava, mais tarde de Avis, foi recebendo propriedades e rendas no nosso concelho.
As terras concentravam-se sobretudo na zona sul do concelho, na margem direita da ribeira da Ocreza, tendo como povoados Ceia e Póvoa. Segundo o Engenheiro Manuel Castelo Branco, parte destas propriedades eram a herança pessoal do vicentino D. Fernando Rodrigues de Sequeira que as doou à organização de que foi Mestre, a Ordem de Avis.
Antes desta doação dos inícios do século XV, já as terras do sul do concelho gozavam de relativa autonomia, dada aos moradores pelos anteriores mestres da Ordem. Assim, quer pelo poder autónomo da Ordem de Avis (…como de coisa sua patrimonial que não jaz debaixo do foral da dita vila.), quer pelos privilégios dados aos habitantes deste senhorio, as aldeias de Póvoa de Rio de Moinhos e Ceia (no passado existente na área do paredão da albufeira de Santa Águeda) já se governavam a si próprias, como concelho à parte, neste século XVI.
Esta pertença da Póvoa à Ordem de Avis está testemunhada pela existência do brasão de Calatrava no edifício que terá sido, durante séculos, a casa da Câmara da Póvoa de Rio de Moinhos, situado na Praça desta antiga Vila.
Mas o património da Ordem de Avis não se restringia a estas terras da parte sul do grande concelho medieval de São Vicente da Beira. O nosso foral de 1195 tem como outorgantes os membros da Casa Real e o mosteiro de São Jorge de Coimbra, mas, no século XIV, os rendimentos da Igreja do concelho eram já repartidos pelo mesmo mosteiro e pela Ordem de Avis, o que significa que o rei criara uma comenda com parte dos bens que aqui detinha e a doara à ordem de Avis, ficando ao longo dos séculos esta Comenda da Ordem de Avis com direito a metade das rendas da Igreja e consequentemente com a obrigação de pagar metade das despesas (pagar aos curas e as despesas correntes das igrejas do vigariato). A outra parte cabia ao dito mosteiro de São Jorge, de que se fez depois nova comenda, dada à ordem de Cristo, no tempo do rei D. João II (2.ª metade do século XV).
É esta competência da Ordem de Avis na gestão dos bens religiosos do concelho que explica a presença do brasão da dita Ordem na fachada da Igreja Paroquial do Louriçal do Campo, datada de 1559.

 Póvoa de Rio de Moinhos: à direita, o brasão da Ordem de Calatrava,
em casa particular que no passado foi a casa da Câmara.

Louriçal do Campo: em cima, brasão da ordem de Avis, na fachada da Igreja Matriz.
(bi ne di to porque a ordem se chamava de São Bento de Avis)

domingo, 27 de maio de 2012

Festa da Senhora da Orada

A Senhora tem uma jaja nova!

Em volta da merenda...

 Porta nova no buraco por onde passa a água para a bica.

 Os "Vicentinos" não podiam faltar!

 Dois dedos de conversa, após o almoço.
Uma rancheira com as amigas, antes da função.