quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O NOSSO FALAR: Catanos ma tchapem! Damontre; Alma de chichentes!

José Barroso

Em muitos blogues têm aparecido rubricas do tipo ‘O nosso falar’, ‘A nossa faladura’ ou outras do género, que procuram recordar (e, assim, perpetuar para os vindouros), certos termos usados local ou regionalmente. Sem dúvida, um património a preservar. Não foi por acaso que o Dr. Jaime Lopes Dias escreveu a “Etnografia da Beira”, uma obra de investigação e recolha, em 10 volumes (!) que procura fixar a língua, os usos e os costumes da região.

Muitas vezes, esses termos são suficientes para constituir a base de um dialecto, no qual se entendem os da região (ou localidade), mas já não os estranhos a ela. Acontece, por exemplo, com o Mirandês que, ultimamente, tem sido estudado e divulgado.

Vem isto a propósito de o Zé Teodoro me ter dito, há tempos, que enviasse para o “Dos Enxidros” alguma colaboração escrita a este propósito. Sobre esta matéria, em concreto, enviei, até agora, apenas um artigo.

A melhor forma de divulgar esses termos é escrever textos, sobretudo em forma de diálogo, no estilo próprio da região, em que se integrem os termos ali usados, para o que, diga-se, é preciso uma certa habilidade que eu, de todo, não tenho. E a qual deve procurar-se nos escritores e poetas…
De todo o modo, desde então, iniciei a elaboração de uma listagem desses termos, de forma absolutamente precária. Isto é, movido apenas pela curiosidade, pela intuição e, sobretudo, pelo fascínio por esta linguagem. Que a mais não quero nem posso aventurar-me!

Tenho tentado eu próprio lembrar-me de muitos deles e procuro, também, a colaboração de amigos e conterrâneos. O objectivo não é fazer qualquer publicação (em livro). Embora, talvez, o assunto merecesse ser estudado por alguém especializado (um linguista), a fim de se tentar perceber melhor o fenómeno. E detectar algumas regras básicas desse linguarejar (se é que as há).

Por exemplo, por que é que o som ‘ch’ ou ‘x’ é precedido da letra ‘t’ e se pronuncia ‘tch’, como na palavra ‘catchopo’, em vez de cachopo, rapaz? É quase certo que isto se deve à influência do Castelhano, aqui ao lado. E ainda: por que é que, em muitos casos (mas não todos), os termos terminados em ‘a’ ou ‘ar’ são pronunciados em ‘e’ e ‘er’, como por exemplo ‘alguedèr’, em vez de alguidar, um tipo de bacia de cerâmica? Ou ‘mijèr’ em vez de mijar, urinar? E por aí fora.

A expressão ‘Catanos ma tchapem !!’ que uso como subtítulo deste texto, traduz a ideia de alguém que cometeu um lapso, fez qualquer coisa de errado, no trabalho ou no lazer (por exemplo, num jogo) e fica aborrecido consigo mesmo.

Vendo mais de perto: a palavra ‘catano’ é um vulgarismo (de certa forma, é um palavrão) e significa ‘pénis’ (pelo menos em alguns dicionários); tem ainda outros significados.

Mas é, por exemplo, usada na literatura portuguesa e cito de memória: “Venho de Trevões, que é lá em casa do catano.” (!!), in ‘O Malhadinhas’, Aquilino Ribeiro.

Por sua vez ‘tchapem’, vem de chapem, do verbo chapar. ‘Tchapado’ é o mesmo que tramado, encrencado. Pode ter explicação naquela hipótese já aqui aventada pelo Zé Teodoro que tem a ver com ‘as sortes’ ou, seja, com a atribuição, em tempos, da chapa militar. O que significaria mobilização para o serviço militar com os problemas acrescidos que isso implicava para a vida dos rapazes.

Para terminar, que o texto já vai longo e outras oportunidades haverá para abordar o assunto, recordaria uma série de termos e expressões usados em S. Vicente da Beira e região, para significar as palavras ‘demónio’, ‘diabo’ e ‘alma’, muito vulgarizadas no imaginário das comunidades rurais cristãs:

‘Damonho’ (demónio), ainda há dias usada pelo Ernesto Hipólito num comentário, neste blogue; ‘damontre’ (demónio), por exe., quando alguém se refere a outrem - positiva ou negativamente - pode dizer: ‘ai o damontre’; ‘damòtcho’; (demónio); ‘ai, cadamótcho’ (ai, que demónio); ‘cadiabo’ (que diabo); ‘cadiatcho’ (que diabo); diatcho (diabo); ‘dialho’ (diabo); ‘dielho’ (diabo), usada por exe., na expressão: ‘ó alma do dielho !!’; ‘alma de chichentes’ (alma de seiscentos (diabos)), por exe., na expressão: ‘ai, o alma de chichentes’; ‘alma de cântaro’, também usada pelo autor, na obra literária acima referidos; cito, mais uma vez, de memória: “Ó alma de cântaro, o coçar e o ralhar estão no começar”.

E a saga continua, porque isto tem pano para mangas.


Nota:
Os regionalismos aqui usados são grafados e acentuados de forma livre, dado que estamos no âmbito de uma linguagem dinâmica e volátil, que atende sobretudo à sonoridade. Não se pretende nem se pode, por isso, respeitar a pureza linguística.

No mais, uso a ortografia anterior ao actual Acordo.

sábado, 18 de agosto de 2012

O nosso falar: atramousedo

Filhos criados, trabalhos dobrados, já diziam os nossos mais velhos.
Com os filhos por fora, a gente anda de coração nas mãos.
Há dias tocou o telemóvel, mas a chamada caiu logo. Tentei ligar eu, mas não consegui.
Fiquei preocupado.
A minha mulher chegou e contei-lhe, a caminho do carro.
Quis abrir, mas não encontrava as chaves. Dei voltas, tentei lembrar-me e nada.
Então olhei para as minhas mãos e lá estavam as chaves.
Foi então que ela surgiu, vinda do fundo dos tempos:
"A chamada deixou-me tão atramousedo que nem conseguia ver as chaves."
O termo é a soma de três palavras e respetivos significados: atrapalhado (atramousedo), tremer (atramousedo) e medo (atramousedo).
Pode acontecer a qualquer um. Certas situações deixam-nos atramousedos.

sábado, 11 de agosto de 2012

A fuga dos padres


Quando eu era pequena, o meu avô contava-me como ajudou a fugir os padres de São Fiel. O Colégio do Louriçal era uma escola muito boa, para os ricos. Mas os republicanos fecharam o colégio logo que chegaram ao governo e os soldados montaram um cerco, para ninguém sair.

Nessa altura trabalhava lá a Maria Mendes do Casal da Serra, nas limpezas. Nesse dia, não a deixaram ir dormir a casa. Os padres telefonaram para Lisboa e souberam que os jesuítas estavam a ser presos. Reinava um grande alvoroço entre os padres e a criadagem, ninguém sabia o que fazer.

Então a Maria Mendes lembrou-se de fugirem pelas traseiras, para a serra. Os padres fizeram uma reunião e acharam que era o melhor. Ficavam dois, o reitor e o secretário, a tomar conta da casa, e os 13 professores e prefeitos iam tentar escapar. Os criados podiam ficar, pois a eles ninguém queria fazer mal e sempre ajudavam a tomar conta dos alunos internos.

Os jesuítas despiram as batinas e disfarçaram-me com calças e casacos, como os homens. Saíram por uma porta que dava para o pomar e foram seguindo em fila indiana, por baixo das laranjeiras, até uma parede sem portas que dava para o mato. A Maria Mendes pôs os pés numas pedras salientes, trepou para cimo do muro, sentou-se nele, virou-se e depois dependurou-se numa pedra e deixou-se cair para o outro lado. “Venham”, chamou baixinho. Os homens saltaram, um a um, sem se fazerem notados e seguiram-na agachados, pelo meio dos matos, serra a cima.

A subida foi muito difícil, porque tinham de evitar os caminhos que podiam estar vigiados e a Maria Mendes nem sempre conseguia encontrar sítios por onde fosse fácil passar. Várias vezes foram ter a penhascos enormes, cercados de matos cerrados que tiveram de contornar. O tempo começava já a arrefecer e o céu estava carregado de nuvens, felizmente não chovia. Mas não se via nada e todos arfavam de cansaço, menos a Maria Mendes, habituada às longas caminhadas diárias na serra e que parecia ver no escuro como os gatos.

Duas horas depois, desembocaram no caminho que corta a encosta da serra na horizontal e segue para o Casal da Serra. Seguiram por ele o mais depressa que puderam, embora já pudessem pouco. Alguns, mais velhos e pesados, vinham em muito mau estado.

Já passava muito da meia noite e no Casal todos dormiam. A Maria Mendes deixou os padres num beco escuro e foi a casa buscar a chave da Casa Grande que a Misericórdia lhe entregara para cuidar. Meteu-os lá dentro, fechou a porta e foi para sua casa descansar.

A primeira luz do dia já a achou à porta do irmão António a pedir-lhe ajuda. Ele estava de saída para as lavras, com os bois. Contou à mulher e arranjaram pão e marmelada feita na véspera. Desenrascava. Para o jantar, as duas mulheres iam fazer um caldo e à ceia logo se via. Tudo se havia de resolver, com a ajuda de Deus.

O António foi com o filho mais velho buscar uma carrada de mato que despejou junto à porta da loja Casa Grande. Não chegou e foi buscar outra, em molhos, para disfarçar a porta. Assim já ninguém encontrava os padres, pois a ligação da loja à casa era por um alçapão na sala que eles esconderam com a cómoda em cima.

Os vizinhos estranharam a Maria Mendes faltar ao trabalho, mas ela contou que o governo tinha fechado o Colégio. Era verdade, confirmaram à noite os jornaleiros a trabalhar nas terras do Ramos Preto.

A mulher do António pôs os filhos mais pequenos a debulhar o milho das maçarocas. Depois levou-o ao moinho e à tarde ela e a cunhada amassaram a farinha e cozeram pão no forno. O António matou um cabrito e as mulheres guisaram a carne cortada aos bocados pequeninos. Que fosse tudo pela salvação das suas almas, consolavam-se.

Mas eram muitas bocas e não teriam comida por muito tempo. Aquilo não era futuro. Os padres também o sabiam. Ao segundo dia, conversaram todos e decidiram tentar passar os padres para Espanha. Podiam ser levados pelos contrabandistas, mas três padres não aguentariam ir a pé tantos quilómetros, por serem velhos uns e o outro doente, um professor italiano, qualquer coisa no coração que o cansava muito.

O António mandou o filho a Castelo Novo, com recado para o Manel Espanhol. Ele foi ao Casal da Fraga falar com o meu avô, criador e marchante de gado, homem muito respeitador da Igreja, como o Tonho Mendes. No regresso, passou na Vila, pela casa do padre Santiago, que também se ofereceu para ajudar, mandando o seu criado com o cavalo, pois ele já estava muito velho para ir pessoalmente.

No terceiro dia, o António e o filho levaram os dez padres para a Lapa Escura, nas proximidades do Castelo Velho, tal como lhes mandara o contrabandista. Iam lá ficar escondidos algum tempo, conforme ele demorasse a combinar a viagem com outros. Ali ficaram ao frio, embrulhados em mantas, felizmente abrigados debaixo da lapa, comendo o pouco que a Maria Mendes lhes conseguia levar. Ao quarto dia, já não os achou.

Entretanto, na noite seguinte à ida dos padres para a Lapa Escura, quando sentiu que já todos dormiam, o António saiu sorrateiro com os três padres, pelo caminho das Lameiras, até à Senhora da Orada. Levava o mais fraco no macho e ele e os outros dois iam a pé. Depois, os outros revezaram-se na alimária.

O meu avô e o criado do padre Santiago já os esperavam. Não junto à capela, pois a casa do ermitão era logo por cima e os cães iam dar sinal, acordando os donos. Estavam no caminho, um pouco acima, antes da casa do Rabaçal. Os dois padres que vinham a pé subiram para as montadas e lá seguiram todos por aquela serra acima, a caminho do Fundão. Na Portela, desceram para o Vale d`Urso e daqui sempre caminho chão até ao Fundão. Chegaram à estação do comboio ainda mal clareava. Abrigaram-se debaixo de uns arbustos, em sítio afastado, onde ninguém passava. Esperaram e entretanto aproveitaram para comer uns pedaços de broa que tinham trazido para a desjejua. O criado do padre Santiago abriu a navalha e tirou da bolsa um chouriço que passou por todos. Depois meteu a navalha na bolsa e entregou-a ainda cheia a um dos padres, para a viagem, oferta do padre Santiago.

Meses depois, começaram a chegar ao Casal da Serra cartas de Espanha a agradecer aos Mendes a sua generosa hospitalidade.

 Nota: Esta história ficcional baseia-se em factos reais, testemunhados oralmente por gentes da nossa região. No seu blogue "Varanda da Gardunha", o Dr. Albano Mendes de Matos registou as histórias que lhe contaram sobre a fuga, pelo Casal da Serra, dos padres de São Fiel. Há poucos meses, o Pe. Jerónimo disse-me que um dia uma senhora idosa de São Vicente lhe contou que o seu pai ajudara a fugir alguns dos jesuítas do Colégio de São Fiel. Tudo indica que sejam verdadeiros estes relatos transmitidos de boca em boca.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O nosso falar: condanados

A palavra condanados, no sentido que lhe damos, é a soma de condenados + danados.
Condenado é alguém que cometeu um ato socialmente condenável e por isso sofreu punição.
Danado é uma pessoa entusiasticamente empenhada em alcançar os seus objetivos. Faz tudo o que for preciso e só descansa quando o consegue.
Condanado é alguém que faz tudo o que é preciso para alcançar os seus objetivos, usando mesmo meios socialmente reprováveis.
Com exemplos, explico melhor:
O Joaquim da Marta era condanado. Numas Festas de Verão, recém regressado do Ultramar, onde prestara serviço como paraquedista, armou uma enorme zaragata no arraial, por causa de uma rapariga com quem queria dançar/namorar, mas que andava a dançar com um rapaz também soldado paraquedista do Sobral. Claro que, à maneira antiga, não perguntou a opinião à moça. Atirou-se ao outro rapaz, rebolaram pelo terreiro da Praça, saltaram do muro para a rua lateral e continuaram naquilo durante imenso tempo, com o adversário a passar, a certa altura, do rival nos amores para os guardas da GNR. Forte e bravo como era, só o tempo e o cansaço o acalmaram e domaram. Penso que a GNR foi compreensiva com tamanha bravura de um combatente. Consideraram-no condanado.
Condanados são os Taletas (os irmãos José e Luís Moreira, ambos cinquentões). Desde adolescentes que se dedicam ao atletismo, acumulando participações premiadas. Há poucos anos, fui assistir, do passeio, a uma prova de atletismo nas ruas de Castelo Branco. A cada passagem de alunos e ex-alunos meus, saudávamo-nos mutuamente. A certa altura, passaram os Taletas, cabelos grisalhos e corpos secos, só músculos e tendões, a chamarem-me para correr também. Que pouca vergonha! A essa hora deviam estar a tratar da horta na Oriana ou sentados na Praça, em amena cavaqueira com os rapazes da sua idade. Há dias, preocupado em definir o percurso do passeio pedestre na 3.ª Feira de Gastronomia e Artesanato, perguntei ao José Moreira como é que se ia do alto da Devesa para o Pelome. Ofereceu-se logo para me mostrar o caminho! Se eu tivesse aceite, aposto que aparecia em calções e tinha de correr com ele Calçada da Ponte abaixo, Devesa acima e depois descida a pique para o Pelome e subida para a Estrada Nova. Livra, dava cabo de mim! Há idades para tudo e não fica bem que um homem feito ande a correr como os cachopos. Estes Taletas são uns condanados!

domingo, 5 de agosto de 2012

Água milagreira

Ontem, passei o dia com a família, na Senhora da Orada.
Estive com a prima Celeste de Alcongosta, filha do ti Joaquim Teodoro, que me confirmou o que este e o meu pai já me tinham contado: a fonte antiga era nas atuais traseiras da capela (há referências antigas à fonte frente à porta da capela, pelo que talvez na Idade Média a porta estivesse virada para nascente e não para o poente, como hoje).
À tardinha, muitos foram os que regressaram a casa com os tradicionais garrafões de água da fonte da ermida.


Curiosamente, hoje, o José Miguel Teodoro enviou-me um artigo do jornal A Batalha, de 21 de fevereiro de 1926.
Meses mais tarde, terminaria a I República, com o golpe militar de 28 de maio, que instituiu uma Ditadura Militar, seguida da ditadura do Estado Novo. Estes anos da I República foram marcados por uma intensa polémica religiosa, com posições extremas de ambos os lados.
O artigo refere o regresso clandestino dos jesuítas a Portugal, de onde tinham sido expulsos em 1910, e indica as povoações mais dominadas pelo fanatismo religioso (Alpedrinha, Fundão e São Vicente da Beira). Demora-se particularmente na nossa terra:

«Nesta última vila as supertições religiosas estão fortemente enraizadas. Existe até, nela, uma água que é considerada milagrosa: - a água da Senhora da Ourada que até tem restituído a vista a cegos... Em Fátima chegaram a ser comentados estes fantásticos milagres, aventando-se a hipótese de que a água da Senhora da Ourada viesse a fazer concorrência à outra. Essa água da Senhora da Ourada tem ainda outra particularidade milagrosa: faz crescer o cabelo às raparigas que lhe façam rezas em vésperas de São João ao bater da fatídica e clássica meia noite. Em São Vicente da Beira há a imagem de São Anselmo que é um santo preto: serve para os pais amedrontarem seus filhos, batendo-lhes com as cabecitas nos pés da imagem.
Numa terra imbuída destas supertições, onde a alegria foi banida e as próprias raparigas são lúgubres, fácil foi a penetração dos jesuítas.
Inimigos fidagais de todos os sentimentos humanos são insensíveis a todas as dores: sacrificam tudo e todos aos seus planos. De São Vicente da Beira saíu para Espanha, levado por eles, um rapaz de 20 anos que era o único amparo de seus velhos pais, condenado-os assim à miséria. Este seu gesto foi tão indigno que até os mais fanáticos o desaprovaram.
A Beira Baixa está infestada destas aves de rapina: missões de jesuítas percorrem-na constantemente realizando, com frequência, retiros espirituais.»

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O nosso falar: torta

Usamos a palavra torta com três significados:
1. Uma vara ou uma linha que não está direita, em linha reta.
2. Uma pessoa que se recusa a fazer o que os outros querem que faça. Neste caso, a pessoa até é direita, pois segue as suas convições sem se desviar delas, por desejo dos outros. Estes é que a querem torta, isto é, maleável às suas vontades.
3. Torta é o mesmo que omelete, um prato da nossa culinária feito com ovos (batidos), erva aromática (salsa ou coentros), leite/queijo e pequenos pedaços de carne de qualquer tipo. Frita-se a mistura até ganhar consistência. O computador informa-me que teve origem na Pérsia (Irão). O termo omelete veio-nos da França e é sobretudo esta palavra que hoje usamos. Torta é a mesma coisa, mas usamo-la por influência espanhola (torta, tortilha), devido à nossa proximidade territorial. Já é pouco usada, empregando-se sobretudo na doçaria, mas sem ser o mesmo que omelete.
(4.) Uma valente bebedeira também pede o uso da palavra torta. O bêbado avança curvado e aos ziguezagues. Tudo nele é torto, até o falar. "Vai com uma torta!"

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

(Re)Conquista

O jornal Reconquista inicia hoje a publicação de uma série de artigos meus sobre o foral manuelino de São Vicente, a pretexto do seu 5.º centenário (1512-2012).
Serão publicados entre 4 e 6 artigos, incidindo sobre o foral em si, mas principalmente sobre o concelho de S.  Vicente da Beira, nos séculos XV e XVI, a época do foral.
A periodicidade da publicação dos artigos poderá ser semanal ou quinzenal.