quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mais Feira


Penso que a Junta de Freguesia e todos os que colaboraram na realização da IV Feira farão um balanço francamente positivo. O mesmo se passará com a generalidade dos vincentinos e forasteiros que no passado fim de semana passaram por S. Vicente da Beira.
Por mim, além do passeio pedestre, em que participo sempre com imenso prazer, surpreenderam-me, pela positiva, algumas novidades: festival de folclore, concurso de fotografia, concurso de jardins...
Claro que há aspetos a melhorar, mas estamos francamente de parabéns!


José Teodoro Prata

terça-feira, 18 de junho de 2013

Festival da Natureza


A São Vicente da Beira, virão no sábado de tarde, à Taberna do Raposo, com música, contadores de histórias... Parece que a ti Janja também vai estar presente!
Não sei se haverá nascer do sol musical, no Castelo Velho, como no ano passado. Quem quiser (e souber), vá ao facebook: está lá tudo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

À descoberta da nossa terra IV

Este ano éramos mais e igualmente bons!
O encontro foi na nossa Praça, mas o passeio pedestre só começou no Alto da Fábrica, local onde há muitos anos fazíamos o magusto no dia de Todos os Santos. Do sobreiro secular que lá existia só resta a base do tronco, mas é assim, as árvores também morrem…



A primeira paragem foi junto do que resta do edifício que dá o nome ao lugar e terá sido uma fábrica de transformação de cortiça e, posteriormente, uma serração. De acordo com o José Teodoro, terá sido uma fábrica de fiação e tecelagem de panos, no século XVIII.
Um pouco à frente, à esquerda e escondida pelo mato, encontrámos a lagariça. É o local onde possivelmente, em tempos muito antigos, era feito o vinho das uvas produzidas para aquelas bandas.



Entrámos depois pela calçada romana. Está ainda em muito bom estado, mas o desgaste que se observa em algumas das lajes laterais diz-nos bem dos muitos anos de rodados de carros de bois que por ali passaram.



Descemos a seguir até à Barragem do Pisco. A construção desta barragem foi um acontecimento de grande importância para a nossa terra, de tal maneira que trouxe o Marcelo Caetano até cá, por alturas da sua inauguração. Foi também a sua construção que acelerou a chegada da electricidade e do saneamento às nossas casas.
Passámos pelas estações de tratamento das águas da barragem, primeiro, e residuais, depois, e começámos a subir o caminho até à antiga propriedade do Padre Sarafana. A julgar pela extensão da propriedade e pelo tamanho e tipo de arquitetura da habitação, deve ter sido uma casa agrícola importante, a seguir a 1900. Os atuais donos da propriedade estão a recuperar a casa e a capela, mas os terrenos continuam por cultivar…
Subimos até à estrada e fomos sair junto das Vinhas, local que deve o nome às plantações de vinha que ali existem desde há muitos anos, provavelmente trazida pelos Romanos. Embora estivesse previsto, acabámos por não visitar o poço que ali existe há séculos e dá nome àquele lugar: Vinhas do Poço. Até há relativamente pouco tempo (150 anos), este poço era público e por isso a água era utilizada por todos os donos de vinhas à volta. Eram também eles os responsáveis pela sua manutenção. 



Continuámos pela estrada em direção ao Valouro e muitos de nós lembrámos as enormes e doces melancias que o Ti Antonho Dias por lá cultivava e vendia aos domingos, junto da Praça. Parece que atualmente já não se fazem grandes sementeiras, mas existem lá muitos sobreiros e carvalhos antigos, e têm sido plantadas árvores novas.
Avistámos ao longe o lugar onde, originalmente, se situava a capela da Santa Bárbara. Parece que a dita capela, em ruínas na altura, estava situada já em terras do Sobral, mas pertencia a São Vicente. Um dia, os nossos homens, ciosos do que era seu, puseram-se a caminho e trouxeram tudo o que puderam de pedras e imagens num carro de bois. Nem quero imaginar a guerra que terá sido, mas o que interessa é que a capela está no Casal da Fraga há mais de noventa anos e é motivo de grandes festejos no terceiro domingo a seguir à Páscoa (parece que os do Sobral, mesmo sem capela, continuam a venerar a Santa com uma romaria na segunda feira de Páscoa).
E voltámos para trás. Junto das Vinhas do Coronel, saímos da estrada e fomos dar com uma antiga sepultura romana, bastante danificada, mas que atesta bem a existência humana por aquelas paragens, há já muitos séculos.



No mesmo local vimos também a ruína de uma destilaria e, um pouco mais à frente, os restos de uma casa de habitação. Ambas foram feitas a partir da integração de grandes pesserras que serviam de parede e provavelmente tornavam mais resistentes as construções. Este tipo de técnica é habitual para os lados de Monsanto, mas pouco comum entre nós.



Continuámos depois por um caminho que tem ainda vestígios da calçada romana e nos levou até à Fonte da Portela. A existência destas fontes era comum no tempo em que a maior parte das mercadorias era transportada em carros de bois, em viagens que duravam muitas vezes alguns dias. Serviam para matar a sede aos homens, mas sobretudo aos animais.



Segundo o Pedro Gama, o local sofreu obras de recuperação recentes, bem visíveis.
Regressámos ao ponto de partida, cansados, mas muito entusiasmados e ainda com tempo para mais umas histórias que nos fizeram rir a todos. Ficou também a promessa de que para o ano há mais! Por onde, logo se vê…

Texto de M. L. Ferreira
Fotos de Adelino Costa, Isabel Teodoro e José Teodoro

terça-feira, 11 de junho de 2013

A Má Hora

A ti Francisca do Casal era do Casal da Fraga, mas morava na vila, na rua da Misericórdia. O homem dela chamava-se Francisco e juntos tratavam da fazenda do Aires, nas Vinhas, onde também tinham casa e passavam algumas temporadas, quando os trabalhos agrícolas exigiam mais cuidados.
Um dia, a ti Francisca veio cozer pão à vila, no forno da Casa Conde. Acabou já perto da meia-noite e foi deixar o tabuleiro a casa, para ainda ir despejar a água das Fontainhas. Nesse tempo a vida era muito trabalhosa.
Tirou a tranca da presa e deixou-a encostada por cima, na boca do boeiro, para não correr demasiado. Se a água transbordasse do rego, não chegaria para o renovo todo. Virou os tornadouros até à leira dos tomates e deixou a água espalhar-se pela terra sedenta. A seguir conduziu-a pelo meio da leira, até ao fundo. Estava tão ocupada nestas lidas que nem reparou numa senhora vestida de branco que lhe apareceu à frente.
“Vai imediatamente para casa, senão terás um mau encontro esta noite.” 
Disse ela. Depois virou-se e desapareceu no escuro.
A ti Francisca nem abriu a boca, aterrada com o susto. Nunca vira aquela mulher que a vinha avisar de um perigo. Seria a Boa Hora? Mas que mal lhe podia acontecer? E ia deixar o renovo secar, agora que o calor dava em apertar? Continuou a rega, mas sempre de olho no escuro, para não ser apanhava desprevenida.
Regou as leiras de feijão e depois virou a água para três valas de melancias que lá tinha. Entretanto soou a uma hora no sino da torre da igreja. Olhou em redor apreensiva, mas nada aconteceu. Mudou um tornadouro e quando levantou a cabeça viu uma mulher de negro vir em sua direção. Sentiu-se gelada da cabeça aos pés, mas ainda teve reação para largar o sacho e fugir para a quelha e depois correr para as ruas da vila. Não se via vivalma, já todos dormiam. Dirigiu-se para casa tão depressa quanto pode e só descansou ao rodar a chave na porta. Sentou-se num banco a pensar no que fazer.
O homem dela esperava-a na Quinta da Vela. A mulher de negro era de certeza a Má Hora, mas certamente nenhum mal lhe faria agora que regressava a casa. Encheu-se de coragem, pôs o tabuleiro do pão à cabeça e ala para as Vinhas. Não levava lanterna, pois precisava das mãos para segurar o tabuleiro e conhecia o caminho como as palmas das mãos, mesmo no escuro.
No alto da Fábrica decidiu atalhar por um caminho, à esquerda, pelos pinheiros. Era bem mais perto do que seguir pela fonte da Portela. Foi andando, sempre com passo rápido, na ânsia de chegar a casa. Quando estava a passar no alto, sentiu restolhar no mato em volta e arrepiou-se toda. Nem olhou, quase corria. Mas um vulto atravessou-se-lhe no caminho. Era um lobo. Ouviu rosnar atrás dela e virou-se. Havia mais dois.
Viu uma piçarra alta ao seu lado e trepou-lhe para cima, sem largar o tabuleiro. Os lobos cercaram-na. Já os via bem, a rangerem os dentes para ela. Saltavam e empinavam-se na pedra, tentando alcançar-lhe as pernas.
Entretanto, em casa, o homem dela e o criado, o Zé Ganhão, olhavam o escuro, calados, numa pausa da conversa sobre os trabalhos dos dias seguintes. Estavam sentados numa pedra ao lado da porta, a aguardar a chegada da ti Francisca.
“Ó ti Francisco, olhe que já passa a mais, a patroa não costuma demorar-se tanto.”
“Ela vem sempre tarde. Não sabes como são as mulheres? Deve ter-se demorado no forno, à conversa, e depois ainda queria ir despejar a água das Fontainhas. Não há de haver novidade. Vou-me deitar, porque já é outro dia, daqui a pouco amanhece e há muito trabalho para fazer.”
“O ti Francisco é um coração grande. Eu não consigo dormir sem saber o que se passa. Vou até ali ao alto, a ver se já lá vem.”
O Zé Ganhão entrou em casa e voltou com a lanterna de azeite acesa. Depois seguiu caminho, apoiado no cajado, por via dos maus encontros.
No alto dos pinheiros, os lobos estavam cada vez mais assanhados. A ti Francisca já se sentia sem forças de tanto saltar e se virar, para fugir às dentadas dos lobos. Escorria-lhes baba pelas bocarras de dentes afiados. Um lobo saltou mais alto e ferrou-lhe os dentes na saia. Ela quase se desequilibrou, mas sempre com as mãos no tabuleiro. Felizmente o pano rasgou-se e o lobo caiu para trás.
Uma luz, berros, um homem a correr, pancadas de cajado nos matos e pedras. Chamou por ela, disse-lhe para descer, mas continuou hirta, com as mãos ferradas no tabuleiro. O homem pousou a lanterna, subiu ao penedo e conseguiu desagarrar-lhe os dedos e tirar-lhe o tabuleiro da cabeça. Veio pousá-lo no chão e voltou para a ajudar a descer. Mas a ti Francisca continuou parada, sem dar sinais de compreensão, nem reação. Teve de a descer ao colo e depois guiá-la, pela mão, até casa.
Perdeu a fala. Levaram-na ao médico e ele explicou que tinham de deixar passar o tempo, para recuperar do susto. Só no fim de três meses voltou a falar. Ele há horas mesmo más!

José Teodoro Prata

domingo, 9 de junho de 2013

O passeio pedestre da IV Feira


Apetece ficar pelas margens da ribeira, nestes tempos primaveris, na frescura das suas sombras, enquanto nos encantamos com os cantares de pintassilgos, rouxinóis e outros pequenos seres de algumas gramas. Por isso, é uma excelente notícia a possível concretização do projeto da Rota da Senhora da Orada, que ficou adiado aquando da criação da Rota da Gardunha, pelo Geoparque NaturTejo, devido ao incêndio que na altura reduzira a cinzas as encostas do vale.

O passeio pedestre deste ano aventura-se pela ribeira abaixo. Partimos da Praça, pela Estrada Nova, até ao Alto da Fábrica. O ideal seria descer para o Casal do Pisco e seguir para o paredão da barragem, pelas margens (não há caminho), mas este ano a barragem está plena e a água chega aos matos e pinheiros. Não se consegue passar e por isso continuamos pela estrada de alcatrão. Paramos na fábrica e depois na lagariça, vestígios de outros tempos. Depois vamos até à barragem e dali para a estação de tratamento das águas, sempre ao longo da ribeira até à antiga casa do Padre José Sarafana, agora em recuperação.
Dali subimos para as Vinhas e visitamos o antiquíssimo poço das Vinhas do Poço. Continuamos para o Valouro e o Ribeiro da Ordem. Avistamos o sítio onde existiu durante séculos a capela de Santa Bárbara e retrocedemos, sempre pelo caminho que os nossos antepassados usavam para ir a Castelo Branco.
Passamos por locais onde tem aparecido muito material arqueológico da civilização romana (em exposição no GEGA) e tomamos a estrada romana, rumo à Fonte da Portela que durante séculos matou a sede a viajantes e suas bestas. Depois retomamos a Estrada Nova e regressamos.
Levar água e chapéu. Colocar protetor solar antes de sair de casa. Não se atrasem, pois convém-nos começar a horas, para evitarmos um regresso tardio, com calor.

José Teodoro Prata

sábado, 8 de junho de 2013

Seara de centeio


É uma seara como já não se vê. O centeio mede 1,50 a 1,60 m, excelente para fazer nagalhos.
O dono quer ceifar à maneira antiga: primeiro corta-o à altura de um metro, para recolher a espiga e malhá-lo, e depois ceifa rente ao chão, pois tem boa erva, para as ovelhas.
O agricultor é o Inácio Pereira dos Santos e a seara situa-se na Tapada da Dona Úrsula.



José Teodoro Prata

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Piscina

Anda grande azáfama, para os lados de São Francisco.
A Junta/Câmara comprou o pedaço da Quinta Nova frente ao posto da GNR.
Mesmo na esquina, está a ser construído o futuro posto desta corporação policial.
Logo a seguir, em direção ao Calvário, situar-se-á a piscina. Os balneários parecem ser mesmo nas traseiras do Calvário, com entrada pela rua de São Francisco, um pouco antes de chegar à capela.
Melhoramentos de vulto!


Posto da GNR


 Piscina


Balneários da Piscina

José Teodoro Prata
Fotografias de Dário Inês