sábado, 22 de agosto de 2015

Na Gardunha



As ameixeiras não se dão bem na serra, por causa do frio (já arranquei várias e tenho uma em espera). Mas esta variedade é uma das raras exceções. Aguenta o frio e a humidade e é muito produtiva, como se pode ver pelas imagens.

José Teodoro Prata

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Um novo dia

Nascer do sol, no Valouro, a 21 de agosto.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Santo António



Nasceste na cidade de Lisboa                                                          
Teu pai Martinho era um cavaleiro
Junto à sé onde foste educado                                                       
Tua mãe Maria, também era nobre
Onde também foste baptizado                                                       
Sua família não era rica, nem pobre
Brincaste, cresceste boa pessoa                                                     
Mas, tinham algum poder e dinheiro

Com Vinte e cinco anos era sacerdote                                          
Fernando ficou faxinado com os ditosos
Em Coimbra, estava em Santa Cruz                                                
Iam anunciar o evangelho aos pagãos
Na urbe, franciscanos conheceu, fez-se luz                                 
Para se tornarem fiéis e bons cristãos
Alguns iam para Marrocos, que sorte                                            
Podiam morrer, mas eram corajosos

Em 1220 deixou o mosteiro coimbrão                                           
Tal com Francisco, António caiu doente
Para seguir a ordem do pobre de Assis                                         
Teve que renunciar ao seu ideal de missão
Foi certamente Deus quem assim quis                                          
Foi parar a Itália onde pregou muito sermão
Partiu para Marrocos com o evangelho na mão                         
Onze anos a anunciar Cristo intensamente
                                                    
Poverello pediu-lhe que ensinasse teologia aos irmãos
Assim, aprofundou o conhecimento da escritura                                        
Transmitindo através de palavras cheias de doçura
 Os valores do evangelho a todos os cidadãos

Foi monge agostiniano                                                                            
Pregador itinerante, deixaste a solidão
Aprofundou a teologia                                                                           
Aos cátaros era preciso pregar
Faltava-lhe algo que lhe desse alegria                                             
Fazia pregação popular
Abraçou o ideal franciscano                                                                  
Ei-lo em Bolonha, Bourges, pregando, dando lição

Limoges, Vercelli, Roma e outras localidades                                 
A doença que lhe causava tanta dor                                   
Um dia nos arredores de Pádua                                                          
Esgotava-o vertiginosamente
Debaixo de uma nogueira uma cela construiu                              
Em Pádua morre de repente
Ai aprofundou mais e mais as santas verdades                            
Aos 36 anos entregou a alma ao Criador
                                                              
Por onde quer que vamos lá está uma imagem do santo
António português e paduano, do mundo
Tuas palavras e teus milagres são húmus fecundo
Cobre-nos a todos com o teu santo manto
                                                                              
Ó meu rico Santo António
Meu  santinho taumaturgo
Afasta de mim o demónio
Afasta o demiurgo

J.M.S
*       

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

domingo, 9 de agosto de 2015

A música do nosso povo

Michel Giacometti & Fernando Lopes-Graça*-"Cantiga da Póvoa"(Atalaia do Campo) 

 

Michel Giacometti & Fernando Lopes-Graça*- "Sra S.Luzia"(Aldeia Nova do Cabo)

 

José Teodoro Prata

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Crenças Populares II

O menino que chorou antes de nascer

A fotografia não é famosa, mas vê-se bem o acrescento na altura da porta e do telhado.

Esta casa, que agora serve de palheiro e arrecadação, tem muito para cima de cem anos e, diz quem sabe, foi uma das primeiras do Casal da Fraga. Ao princípio tinha o chão de terra e era pela metade do que é hoje: em pé, quase que se batia com a cabeça nas telhas; a cozinha e o quarto tão acanhados, que uma pessoa com os braços abertos chegava dum extremo ao outro; a porta era tão atarracada que, para entrar ou sair, um homem tinha que se agaixar. Foi nela que o Ti Guilherme e a mulher viveram no princípio de casados e lhes nasceram os primeiros filhos.
Um dia, andava a ti Mari’Zé grávida já de fim de tempo do primeiro, e entra-lhe uma vizinha porta adentro:
- Ó Maria!
- Quê?
- Atão, ele é menino ou menina?
- Ó mulher, e como é que tu queres que eu saiba, se ainda o aqui trago?!
- Ainda mai essa! Atão se eu ia a passar e ouvi um cachopinho a berrar! Não sejas intrujona e amostra-o lá, que eu não to como nem lhe faço mal, que não sou dessas!
- Tu não mangues com coisas sérias, qu’ ele inté é pecado! O que tu deves ter ouvido foi algum gato a miar…
- Ai isso é que não foi! Amostra-me lá a barriga.
A Ti Mari’Zé repuxou um pouco a saia rodada que lhe escondia a gravidez, mas mesmo assim a outra não quis crer e foi espreitar debaixo da cama, não fosse terem escondido a criança por ter nascido defeituosa. Só depois é que abalou, mas ainda de ouvido à escuta, desconfiada.
Quando ficou sozinha, a mulher deitou as mãos à cabeça e amaldiçoou a hora em que a vizinha lhe passou à porta. E logo aquela calhandrona dum corno, que ainda o não tinha ouvido aqui e já estava a badalá-lo além! É que ela também tinha escutado o filho a chorar-lhe na barriga, mas lembrava-se bem das palavras da mãe que a tinha avisado de que se algum dia isso sucedesse, não se apoquentasse: era sinal de que o menino vinha com um dom raro e podia até ser alguém na vida: endireita, vedor, adivinho, ou capaz de curar males de inveja…. Mas que guardasse segredo porque se mais alguém soubesse, o dom perdia-se e até podia acontecer uma desgraça.
O menino nasceu passados poucos dias; forte e lindo como um anjo. Mas, ainda com poucos meses, uma das tias pegou nele ao colo e, de tantas voltas lhe dar a mirá-lo, deu-lhe cabo da espinha. Ainda o levaram ao endireita, mas o conselho que ele deu foi que o levassem para casa e tivessem paciência, porque aquele não lhes ia comer muito pão…

M. L. Ferreira