quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Um diner

João, bom camarada, amigo do seu amigo; até do inimigo, desde que visse alguma necessidade premente, estava no terraço a preparar um churrasco para presentear as visitas que tinham chegado durante a tarde. Estes aproveitaram e fizeram uma carpool.
Aproximava-se a noite, o dia fora abrasador. O sol tinha metido alguns cavacos a mais na fornalha, fazendo com que aumentasse a temperatura solar seguramente mais um ou dois graus. A ajudar à festa, os terráqueos, cada vez mais sabedores das ciências e do desconhecido, contribuem com sua cota parte para que a temperatura suba ainda mais através das indústrias, automóveis… e outras máquinas sujadoras.
Com temperaturas tão elevadas, a humidade do ar quase inexistente, os matos e as árvores, potenciais matérias inflamáveis, num instante, por incúria ou malvadez, se transformam em pasto de chamas que o fogo devora sem dó nem piedade.
Nesse dia, a comunicação social televisionada não mostrou nas pantalhas qualquer ocorrência; apesar disso, o dia tinha sido insuportável, bom para veraneantes e hoteleiros. Os primeiros molhavam-se nas águas quentes do sul; os segundos faturavam.
Vénus já se via no céu ainda azul; a noite, ao invés do dia, prometia ser fresca e agradável. João desceu as escadas que davam acesso à garagem, pegou no saco do carvão, de seguida foi buscar o barbecue que se encontrava numa pequena arrecadação que fica debaixo das escadas que dão acesso à cozinha.
Depois de o montar, espalhou o carvão, acendeu uma pinha, pouco tempo depois estava transformado num verdadeiro brasido. Quando estava a abanar o carvão, aparece junto dele o António, cabisbaixo.
- Precisas de ajuda?
- Vens mesmo na hora certa, sobe as escadas, vai ao frigorífico e traz umas jolas… conta-me a tua vida que a minha sei eu.
- Deixa-me cá, estou metido num grande sarilho.
- Mau, o que é que se passa?
Aqui há tempos, estava numa esplanada em Castelo Branco, de repente apareceu, surgindo do nada, uma garina que eu já não via há mais de dez anos. Sentou-se numa cadeira, entabulámos conversa…puxa conversa; passado algum tempo, levantámo-nos e dirigimo-nos à pensão onde passámos o resto da tarde e noite. Ao outro dia, partiu cada um para seu lado. Passados três meses, aparece à minha frente com a barriga saliente, pediu para falar comigo e me disse que se encontrava grávida, que o pai da criança era eu. Um affaire
- Que azar o teu!
- A minha namorada nem sonha, já viste a minha vida?
- Pode estar a fazer bluff só para te agarrar!
- Vi-lhe a barriga mais crescida.
- Se fosse a ti, tirava isso a limpo…
- Vai lá dentro à cozinha buscar as carnes e de caminho traz três jolas.
O barbecue estava pronto para receber os assados, na cozinha as mulheres azafamavam-se com os tachos que ferviam no fogão com as iguarias que acompanhariam as febras, chouriças, morcelas, salsichas…
- No passado fim de semana, participei numa running wonders, fiz a meia maratona. - atalhou Vicente, que entretanto tinha chegado junto deles - Participaram umas quatro mil pessoas. Algumas centenas correram meia maratona; outras, dez quilómetros; a maioria, caminhou durante cinco mil metros. O tempo estava agradável, nem frio, nem calor. Não fui dos primeiros a chegar, mas também não fui dos últimos, recebi uma medalha de cortiça bastante bonita. De seguida, eu e a Inácia fomos a um shopping, entrámos numa hamburgueria, comemos um hamburger com batatas fritas. Fast food. Aproveitámos a tarde e visitámos a exposição temporária que se encontra no Centro de Arte Contemporânea. Estavam a entrar muitas pessoas para o auditório, fomos ver e entrámos também. Na mesa, três palestrantes, eis senão quando começaram um Workshop sobre alterações climáticas. Marketing. Quando saímos, descemos ao parque de estacionamento, entrámos no automóvel, passámos por umas bombas de combustível, atestei o carro, entrei na zona do market e paguei. Como tinha em meu poder um voucher, rumámos ao Lugar do Ainda, que se situa num local bastante aprazível, perto da barragem do Pisco, em São Vicente da Beira, onde pernoitamos. Pela manhã, os passarinhos chilreavam alegremente; não muito longe, marulhavam as águas da ribeira da Senhora da Orada, o atendimento não podia ser melhor. Atenciosos os proprietários! Tomámos o breakfast, agradecemos a maneira cordial e simpática como nos receberam e partimos em direcção à nossa casa.
O churrasco, acompanhado de uma pinga de estalo, estava uma maravilha, a noite serena, estrelada, envolvia-nos, como a querer dizer: -Está na hora de irem para a cama, daqui a nada cantam os galos e chega a aurora…


J.M.S

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Autárquicas, 2017 - Os candidatos

SÃO VICENTE DA BEIRA
Assembleia de Freguesia

Partido Socialista:


Em caso de vitória, formam a Junta de Freguesia o Vítor Louro, o José Duarte e a Ana Patrício.


Partido Social Democrata:


Em caso de vitória, formam a Junta de Freguesia o Francisco Marques, o João Goulão e a Chantal Martins.

A campanha está ao rubro, como de costume. Mas pacífica, já sem as pistolas das campanhas dos anos 30, 40 e 50 (em que entrava o meu avô João Prata).
Mesmo no final da década de 60, lembro-me de campanhas eleitorais para a Junta de Freguesia muito acaloradas.
No domingo, os eleitores decidirão!

José Teodoro Prata

sábado, 23 de setembro de 2017

Heritage Sketching

Na Praça, em São Vicente da Beira:






José Teodoro Prata

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Desenhar a nossa terra




A iniciativa, de âmbito nacional, é promovida pela Direção Geral do Património e chama-se Riscar a Gardunha.
No passado, realizou-se noutros pontos do nosso concelho. Este ano é na nossa serra: Louriçal, Casal da Serra e São Vicente.
A ação insere-se nas Jornadas Europeias do Património, a decorrer este fim de semana.
Almoçam na nossa Mila e desenham os nossos recantos mais bonitos.
Desejo que alguns vicentinos se juntem à iniciativa. Eu não sou de desenhar, mas talvez por lá apareça.

José Teodoro Prata

domingo, 17 de setembro de 2017

A adua dos porcos

Relação de pessoas que trouxeram porcos na adua, no mês de março, e da quantia que lhes pertence pagar por mês


Francisco da Conceição – 1 porco, 90 réis
Joana Mesquita – 1 porco, 90 réis
João Domingues Covinhas – 1 porco, 90 réis
Rita do Nicolau – 2 porcos, 120 réis (a 60 réis cada um)
Maria de Jesus Preta – 1 porco, 60 réis
Viúva de Manuel Duarte Durão – 1 porco, 60 réis
José Simão – 2 porcos (que morreram), 2 meses, 120 réis (cada porco a 30 réis)
Catarina Geraldes – 1 porco, 90 réis
António Simão – 1 porco, 90 réis
Maria Vitório – 1 porco, 60 réis
António Matias – 1 porco, 90 réis
Gregório Fernandes – 1 porco, 60 réis
José Ramalho – 1 porco, 60 réis
Mariana Canuto – 1 porco, 90 réis
Damião Alves – 1 porco, 60 réis
Francisco Miguel – 1 porco, 2 meses, 30 réis
Maria Ramalho – 1 porco, 90 réis
José Claro – 1 porco, 90 réis
Francisco de Oliveira – 1 porco, 30 réis
Luís Patrício – 2 porcos, 120 réis
Manuel Barroso – 1 porco, 30 réis
António Rodrigues – 1 porco, 60 réis
António da Costa – 1 porco, 90 réis
António Dias – 1 porco, 90 réis
António de Oliveira – 1 porco, 60 réis
Domingos de Oliveira – 2 porcos, 120 réis
Manuel Patrício – 1 porco, 90 réis
José Hipólito – 1 porco, 60 réis
Maria Inês – 1 porco, 30 réis
Manuel Bernardo – 1 porco, 90 réis
Berardo Leitão – 1 porco, 90 réis
António Lobo – 1 porco, 90 réis
Francisco Eustáquio – 1 porco, 60 réis
Ana Emília – 1 porco, 30 réis
António Marques – 1 porco, 90 réis
Joaquim da Silva – 1 porco, 90 réis
Manuel Calmão – 1 porco, 30 réis
João Fernandes – 1 porco, 30 réis
Ana Leda – 1 porco, 30 réis
Isabel Santinha – 2 porcos, 180 réis
Jacinto Nunes – 1 porco, 90 réis
António Claro – 1 porco, 30 réis
Josefa Leda – 1 porco, 90 réis
António Moreira – 1 porco, 90 réis
Agostinho Bernardo – 1 porco, 30 réis
Cândida Leitão – 1 porco, 30 réis
Joaquim Moreira – 1 porco, 90 réis
Joaquim Rocha – 1 porco, 90 réis
António Ramalho – 2 porcos, 2 meses, 120 réis
João Castanheira – 2 porcos, 180 réis
Joaquim Hipólito – 1 porco, 90 réis
Maria Balbina – 2 porcos, 180 réis
Manuel Pereira – 4 porcos, 2 meses, 240 réis
José Matias – 1 porco, 90 réis
Su.al Britos – 1 porco, 60 réis
Maria Mateus – 1 porco, 90 réis
João Fernandes do Gregório – 1 porco, 60 réis
Jacinta Tomásia – 1 porco, 30 réis
Mara da Ponte – 1 porco, 90 réis
José Bernardo – 1 porco, 60 réis
José Gomes – 1 porco, 60 réis
António Mateus – 2 porcos, 2 meses, 120 réis
João Leitão – 1 porco, 2 meses, 60 réis
José Ramalho – 1 porco, 2 meses, 60 réis
António Castanheira – 3 porcos, 90 réis, 270 réis
José Fernandes moleiro – 2 porcos, 2 meses, 120 réis
João Mesquita – 2 porcos, 2 meses, 120 réis
Antónia Candeias – 1 porco, 30 réis
António Cardoso – 1 porco, 2 meses, 30 réis
Batista dos Santos – 2 porcos, 120 réis
José da Silva - – 1 porco, 60 réis
Joaquim Ramos – 3 porcos, 2 meses, 90 réis
Ana Rita – 1 porco, 2 meses, 60 réis
Margarida Antónia – 1 porco, 30 réis
António Peres – 1 porco, 60 réis
Manuel Vitório – 1 porco, 2 meses, 60 réis
Leonor Maria – 1 porco, 2 meses, 60 réis
João Vitório – 1 porco, 2 meses, 60 réis
Pulquéria de Boa – 1 porco, 2 meses, 30 réis
João Nogueira – 1 porco, 2 meses, 30 réis
António Tomás – 3 porcos, 270 réis
Inácio Moreira – 1 porco, 60 réis
Maria Calmão – 1 porco, 90 réis
Ana Eustáquio (viúva)  1 porco, 90 réis

Entregou Joaquina Henriques, por conta deste rol, no dia 30 de julho, dois mil, trezentos e vinte réis(?) – 2$320(?)

Notas:
- Há várias incoerências nesta listagem, sobretudo apontamentos colocados à margem que temos dificuldade em interpretar, cerca de 150 anos depois (pelas pessoas identificadas, situaria o documento no 3.º quartel do século XIX – 1850-1875).
- A adua era a pastagem coletiva dos porcos, nos terrenos baldios (Devesa, Carquejais…). A Câmara teve durante centenas de anos uma porqueira (quase todos os nomes que fui encontrando eram de mulheres, mas também houve homens) que diariamente saía com todos os porcos dos vizinhos, pagando cada vizinho um tanto por mês. No ano desta listagem seria Joaquina Henriques? É estranho ser a porqueira a cobrar o pagamento, mas as mulheres não ocupavam cargos administrativos.
- Para pagamento, parece ter havido 4 categorias de porcos, certamente consoante o tamanho, pagando cada uma um valor diferente: 15, 30, 60 e 90 réis (alguns dados da listagem são contraditórios).
- Além da prática da adua, o interesse deste documento reside no nome dos chefes de família de São Vicente, naquela época. Faltam cá os nomes que costumo publicar noutras listagens, mas esses eram os mais ricos, com espaços para criar os seus porcos, sem recorrer à vara coletiva.
- O documento não está datado, nem assinado, à semelhança de outros que ultimamente tenho publicado. É que ele está na posse de um particular (tenho uma cópia), fora do lugar onde seria analisado e inserido junto da documentação a que pertence - O Arquivo Distrital, neste caso de Castelo Branco.

José Teodoro Prata

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Estradas romanas

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É extraordinária a cobertura completa de tão vasto território que os romanos conseguiram fazer.
Algumas vias romanas coincidem com autoestradas atuais.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Maria da Luz

A minha mãe fez 90 anos e reunimos a família na Tapada, o nosso mundo da infância.
A festa durou dois dias e só não se prolongou porque o fim de semana acabou.
É o que dá virmos da fronteira com a Charneca e termos vários charnecos na família, no passado e sobretudo agora.
Foi bonita a festa!



José Teodoro Prata