quarta-feira, 6 de junho de 2018

Santiago, padroeiro


 
Painel de azulejos na associação Pequeno Lugar, Partida

Não sei desde quando nem porquê, mas o povo da Partida, visionário, há muito que parece ter arranjado solução para a falta de vocações sacerdotais, pelo menos para a realização da procissão da festa do Santiago.
Este ano estive lá, e, mal acabou a missa, o Padre José Manuel saiu da capela já desparamentado. Achei estranho e perguntei a uma pessoa que estava ali ao meu lado se não havia procissão.
- Então não havia de haver? É a coisa mais linda da festa!
- Mas o Padre já está cá fora, despido…
- E a gente tem lá precisão do padre para a procissão?!
Nisto, começam a ouvir-se os bombos e as caixas no largo da festa; o povo junta-se e, em procissão, dirigem-se todos para a capela,
a cantar:

Ó Filipe, Santiago,
Que estais lá no cabecinho,
Vinde cá mais para baixo
P’ra serdes nosso vizinho.

Seguem-se depois outras quadras implicando cada uma das terras que fazem parte da comissão de festas:

Ó Filipe Santiago,
Quem vos varreu a capela,
Foram as moças do Mourelo
Com raminhos de marcela.

O Filipe Santiago,
Quem vos varrei o terreiro,
Foram as moças da Partida
Com raminhos de loureiro.

Segundo contam, esta foi uma forma de terminarem com as rivalidades entre os povos da Partida, Vale de Figueira, Mourelo e Violeiro que antigamente acabavam com muitas cabeças partidas no fim da festa.
A lembrá-lo, estão ainda as mocas que os mais velhos fazem questão de erguer bem alto

As voltas que dão á capela são tantas como as povoações envolvidas, normalmente quatro.
 
Na última volta os tocadores ajoelham-se à frente da capela a pedir saúde para todo o ano

No final juntam-se novamente no largo e toda a gente dança ao ritmo do toque dos bombos.
 
M. L. Ferreira

terça-feira, 5 de junho de 2018

Dia da Criança





Maria Libânia Ferreira

NOTA: ver comentários na publicação anterior
José Teodoro Prata

domingo, 3 de junho de 2018

Casal dos Clérigos


Os avós maternos da pequena Felícia moravam em São Vicente da Beira, mais propriamente no Casal dos Clérigos, onde a sua mãe nascera.
Alguém sabe dizer-me onde se situa o Casal dos Clérigos?
Curiosidade: a Felícia mudou de nome, para Maria, aquando do sacramento da confirmação, recebido na Covilhã.
Gralha: o cura João António Ribeiro enganou-se no mês do nascimento - o batismo foi a 6 de fevereiro de 1832 e ele escreveu que a Felícia nascera a 27 de fevereiro, em vez de escrever janeiro.

José Teodoro Prata

sábado, 2 de junho de 2018

Mais natureza

 Quem diria que a serra era tão pedregosa?!
Gardunha por cima do Caldeira.

E esta?
José Teodoro Prata

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Dia de Corpo de Deus

Aproveitei o feriado e dei um salto ao sítio do costume. 
Parei à beira do caminho, porque não resisti a esta serradela.

 E a delicadeza desta flor?

Estes pimpilros também mereciam ser recordados.

 Afinal os matos estão todos a romper.
Aqui, sargaço e carqueja.

 Ao lado, esteva e mato branco.

Na Vila, vi-me aflito para retroceder. 
As ruas estavam engalanadas para a procissão do Corpo de Deus.


 Hera, buxo, erva doce e muitas pétalas.

 Esta bonita a Vila!
José Teodoro Prata

terça-feira, 29 de maio de 2018

Padroeiros


Há coisas que nem sempre temos conhecimento, estava eu sentado numa esplanada na praça de Alvalade e reparei na estátua do Santo António “Padroeiro de Portugal, noutros tempos seria Santiago Maior, também chamado de São Tiago Maior, Santiago Filho do Trovão, Santiago foi também protetor do exército português, até à crise de 1383-1385, altura em que o seu brado foi substituído, oficialmente, pelo de São Jorge através da influência da corte inglesa, que então se tinha aliado a Portugal.
Pensa-se que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de Dom Afonso IV de Portugal que o uso de "São Jorge!" como grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior "Sant'Iago!".
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse facto. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.
O culto a Santa Maria nasceu nos primórdios da nacionalidade. Desde o nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques - um grande devoto de Nossa Senhora e que fez várias concessões a Santa Maria Bracarense, como tributo pela ajuda concedida na manutenção do seu território, designadamente engrandecendo a Catedral de Braga elevando-a à categoria de templo nacional, passando deste modo, Santa Maria de Braga, a ser a Padroeira do território portucalense - que todos os Reis da 1.ª dinastia praticaram o seu culto, agradecendo-lhe o auxílio prestado para a manutenção da independência do novo reino.
D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, por ser devotíssimo da Virgem Santa Maria, que respondeu às suas preces em Valverde, Atoleiros e Aljubarrota, mandou construir a Igreja de N.ª Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa, e encomendou, para o efeito em Inglaterra, a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Mas foi após a Restauração de 1640, com D. João IV, que se verifica um grande impulso na devoção à Senhora da Conceição, por todo o país. No dia 8 de Dezembro de 1640, Frei João de S. Bernardino, ao pregar na capela Real de Lisboa na presença do Duque de Bragança, agora já Rei de Portugal, termina o sermão por uma solene promessa:

“Seja assi, Senhora, seja assi; e eu vos prometo, em nome de todo este Reyno, que elle agradecido levante um tropheo a Vossa Immaculada Conceição, que vencendo os seculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal.”
Em 25 de Março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a restauração da independência em relação a Espanha. Foi até à igreja de Nossa Senhora da Conceição, ofereceu a coroa portuguesa a Nossa Senhora, colocando-a a seus pés proclamou-a Padroeira Portugal. O acto da proclamação alargou-se a todo o País, com o povo a celebrar, pelas ruas, entoando cânticos de júbilo.
Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal.
Após alguma pesquisa fiquei esclarecido, Há quem tenha dúvidas sobre quem é, afinal, o santo padroeiro da capital portuguesa. Entre Santo António e São Vicente, a resposta não é simples. São Vicente de Saragoça é o santo padroeiro principal do Patriarcado de Lisboa. Já Santo António é o padroeiro principal da cidade de Lisboa.
Santo António é também padroeiro secundário de Portugal (Nossa Senhora da Conceição é a padroeira principal). Já agora, sabia que o primeiro padroeiro de Lisboa foi São Crispim? Isto porque, em 1147, D. Afonso Henriques conquistou a cidade de Lisboa aos mouros no dia de São Crispim. A data levou a que São Crispim fosse declarado padroeiro da cidade, mas cedo São Vicente tomou o seu lugar. Nesta altura, Santo António ainda não tinha nascido.

Jaime da Gama