Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
terça-feira, 18 de setembro de 2018
Biodiversidade
O fogo lambeu tudo, dos altos à ribeira da Senhora da Orada. Temia que os esquilos não voltassem a roubar-me nozes e amêndoas. Felizmente eles voltaram, embora menos.
Há semanas andou um a dançar-me em frente ao carro, junto à ponte do Ramalho! Mas essa zona não ardeu.
Numa destas noites, alguém viu os javalis no Baloia, debaixo de uma macieira. Pareciam ovelhas, sobre as patas traseiras, a tentarem chegar às maçãs!
José Teodoro Prata
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Reportagem do litoral
Isto das cataratas
tem que se lhe diga…além de me trazer à memória aquele diálogo invariavelmente
igual, entre a minha mãe e a minha avó Santa, quando subia ao cimo da Serra do
Tamanco para ver como andava a velha sogra e quebrar aquela solidão, pacífica,
de não ter vizinhos por perto e de nem os precisar:
- Então Ti Maria, como é que vossemecê anda? Ó
Maria, cá vou indo. Sabes que a velhice, tudo nos traz, mas não é coisa boa… - respondia
conformada.
Não podendo nós
fugir a tão certeira e eficaz sentença, a verdade é que as cataratas começaram
a atacar-me em força, pouco enxergando para além de meia dúzia de palmos à
frente do nariz, dando azo a situações completamente inusitadas, como a que vos
vou aqui contar.
Há uns anos atrás,
descobri um prazer inimaginável: a praia de outono. A luminosidade de outubro e
novembro, nada tem a ver com aquela luz metálica e agressiva do estio. Em
setembro a vibração começa a decair e em outubro e novembro torna-se serena e
doce. A água, devido à baixa amplitude térmica mantém-se um caldo até fins de
novembro.
Sem vivalma por
perto a praia torna-se o paraíso. O verde-mar a enrolar na areia dourada de onde
parte uma estrada refulgente água-fora em direcção ao sol poente, que antes de se
esconder se começa a armar em artista e lentamente vai pintando o céu, sobre o
horizonte, de amarelos, vermelhos, laranja, negros, sangue e anil. Um deslumbramento
que, naquela melancolia, nos leva a acreditar que pode bem haver um grande mago
por trás de tudo isto. Porque tudo isto é demasiado belo e misterioso.
Condição sine qua non: não haver vento, nem
demasiadas nuvens.
Para fugir ao
vento, nos dias em que do Norte nos chega demasiado fresco nas desabrigadas praias
da Rainha, Cabana do Pescador, do Rei… fui rumando a Sul, acabando por
descobrir a bela praia da Fonte da Telha. Esta praia imensa, que se estende até
à Lagoa de Albufeira foi-se revelando, a pouco-e-pouco, como uma praia de rara
beleza (tirando a zona do casario desordenado e feio, por entre pinheiros e
acácias, que um certo tipo de construção, consta que para um antigo hotel, lhe
confere semelhanças com qualquer zona remota do México).
Mas a seguir ao
casario a coisa muda completamente de figura. A falésia verdejante a
debruçar-se sobre o areal de configuração, helicoidal larga, e a bruma do
nascer dia, criam a ilusão de ao longe a falésia penetrar no mar. E depois, à
maneira que se vai avançando, a vegetação no topo da falésia começa a rarear e
desvenda maravilhas que as chuvas e os ventos foram esculpindo ao longo dos
anos: pináculos e cúpulas de rara beleza, que talvez o translucido das
cataratas me façam ver de forma, ainda, exageradamente mais maravilhosa.
Acontece que um
dia destes, num dos meus passeios matinais por aquele areal imenso, onde já
raramente se encontra vivalma, me pareceu ver ao longe o nosso amigo Baldaque.
Pareceu-me, não só porque o físico era, mais coisa menos coisa, o dele, mas
sobre tudo por causa daqueles óculos redondos, à António Damásio, ultima moda, que
era tudo o que o homem tinha em cima.
Encontrava-se
virado para o mar cristalino na zona em que as ondas mansas, naquele dia,
vinham morrer. Tive a impressão que não deu pela minha presença e pensei: é
hoje que vou ver a tal tatuagem secreta que ainda ninguém lhe conseguiu ver.
Estuguei o passo e
quando estava a alguns metros dele, para meu espanto, flectiu de agilmente o
corpo para a frente ficando com a cabeça junto aos joelhos e perfeitamente alinhado
com o sol que se erguia sobre a falésia, parecendo-me que de forma disfarçada,
queria que eu reparasse nela.
Pareceu-me realmente
ver qualquer coisa, indistinta àquela distância, com a configuração de ave de
asas abertas, ali junto ao cóccix: tatuagem, algum sinal ou pura imaginação?
Aproximei-me o mais silenciosamente possível e lancei zombeteiramente:
- Como é que um
cristão, tão zeloso que foi com missa diária, entrega a um estranho as próprias
nalgas para uma brincadeira dessas?
Num ápice se
endireitou, virou-se para mim (que não havia mais ninguém) com ar aparvalhado e
num inglês, que bem podia ser americano, perguntou:
- What happened?
Fiz de conta que
não era nada comigo e comecei a assobiar uma modinha que de repente me surgiu
nos lábios e que o meu pai e o irmão Luis costumavam trautear quando a coisa
não lhes corria a favor e afastei-me ligeiro. No entanto, aquela posição
intrigou-me. Ali imóvel, de cabeça para baixo e alinhado com o astro rei…que
raio quereria aquilo dizer?
Depois de muito investigar em livros antigos,
descobri que estaria a adorar do sol em posição Taoista. Pensei: o que se
passará na cabeça desta gente para aderir a tão extravagantes filosofias?
…De maneiras que é
assim.
FB
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Gostos...
Naquele
tempo… melhor, no nosso tempo, contemporâneo, tecnológico; tudo é consentido,
os fazedores das artes ou estilos são livres de criar.
Enquanto
naquele tempo o artista se preocupava em fazer tal qual era a coisa que queria
criar, na contemporaneidade a arte a meu ver é um bocado insipida para o meu
gosto, nomeadamente no que toca à pintura, à música…
No
que à pintura diz respeito “que respeito”; há uns anos andava em Belém de
Lisboa admirando a monumentalidade que por aquelas bandas abunda. Mosteiro dos
Jerónimos; Torre de Belém; monumento que nos recorda os descobrimentos; os
célebres pastéis, por ai fora.
Em
frente ao mosteiro encostado ao rio foi construído na época em que vivemos um
edifício que não destoa nem desfeia, pelo contrário, embeleza, enriquece e
dignifica os arquitectos da nossa praça. À medida que me aproximava do Centro Cultural
ouvia uma bonita música tocada por alguém que sabia da poda com certeza.
Aproximei-me, à minha frente um magote de pessoas, a maioria idosas, trajadas a
rigor; elas com vestidos pretos cheios de lantejoulas. Eles; com um fatinho
preto; o cheiro a naftalina imperava. Dançavam ao som do órgão de um simpático
músico cabelo grisalho; tocava magistralmente as nossas melodias de sempre.
Estacionei
um pouco as pernas ouvindo e observando aquelas pessoas que dançavam quem sabe,
tirando a barriga de misérias “talvez por não balharem no tempo devido”.
Por
ali fiquei alguns minutos mais, a família escutando o órgão do Shegundo Galarza.
Numa
praça contígua, uma árvore de plástico ou de outra matéria, carregadinha de
garrafas verdes, sem folhagem, em frente um grande portal com um reclame que
dizia: Exposição Berardo. Entrámos, grandes espaços ocupados pela mostra de
arte do nosso tempo.
Gosto
mais da arte daquele tempo, mas respeito a arte do nosso tempo. Rabiscos para
aqui, vidros partidos aos bocadinhos para ali, uma tela completamente nua,
telas cobertas de pinceladas matizadas com várias cores…
Eu
sou suspeito, mas comigo iam pessoas deste tempo, vi-os torcer o nariz, não era
o único “bota-de-elástico”.
Quando
saímos, a tarde já ia velha, Shegundo Galarza continuava a dar música aos
dançarinos. Naquele tempo a autarquia alfacinha aos domingos à tarde organizava
tardes dançantes.
Seguimos
o nosso destino.
Aqui
para nós que ninguém nos ouve, não é necessário ir a Lisboa ver exposição tão
valiosa; Em Castelo Branco, a autarquia também construiu um Centro
Contemporâneo onde se exibe arte do nosso tempo.
Querem
saber a verdade! Gosto mais da arte do tempo da Josefa de Óbidos; Miguel
Ângelo; Rafael; Da Vinci; Nuno Gonçalves; Vasco Fernandes; João de Ruão…
Mas,
como o mundo avança cada dia um bocadinho, respeito.
No
parque da cidade prantaram umas escadas de ferro que comunicam com o passadiço
de granito; junto ao antigo edifício do comando do quartel de Cavalaria 8,
existe um “monumento”…
Em
Lagos existe uma estátua do rei D. Sebastião que não se parece com nada.
No
Terreiro do Paço em Lisboa quem não pára, para olhar a estátua equestre! E a
estátua equestre de D. João IV que se encontra no Terreiro do Paço de Vila
Viçosa? E o monumento aos Descobrimentos construído no nosso tempo, que se
situa em Belém de Lisboa!…
Abençoadas
mãos; que nunca lhes doam, como dizia a minha mãe.
E
a música! Os tímpanos ficam “danados” quando escutam músicas, sons sem nexo,
sem sumo, barulhentas, sem alma.
Como
se sente bem o espírito quando escuta uma melodia que acalma, relaxa; o artista
que a canta e os músicos que a tocam conseguem agarrar os espectadores que não
se enfadam
A
Verdadeira arte “música, escultura, pintura, literatura”… será sempre lembrada,
admirada; a outra não passa de uma moda passageira, fugaz, morre a geração,
desaparece esta.
Por
aqui me fico.
J.M.S
terça-feira, 11 de setembro de 2018
domingo, 9 de setembro de 2018
Os músicos da banda
A foto já é conhecida e pertence ao Pedro Gama.
Hoje experimentei ampliar e cortar e descobri caras conhecidas, uma que me é muito cara.
Só consigo identificar 4 ou 5 músicos.
Mas atrás alguém empunha um grande cartaz com o título PÁROCO. Consequentemente, será do desfile da chegada do Pe. Branco a São Vicente da Beira, em 1965.
Só consigo identificar 4 ou 5 músicos.
Mas atrás alguém empunha um grande cartaz com o título PÁROCO. Consequentemente, será do desfile da chegada do Pe. Branco a São Vicente da Beira, em 1965.
José Teodoro Prata
sábado, 8 de setembro de 2018
Mais de Domingos Nunes Pousão
Síntese do que já foi apresentado neste blogue:
- Domingos Nunes Pousão, do Violeiro, era filho de Domingos Fernandes, de Pousafoles, e Isabel Nunes, do Violeiro. Foi sargento-mor da capitania-mor de ordenanças de São Vicente da Beira.
Domingos Fernandes era filho de António Fernandes e Isabel Antunes.
Isabel Nunes era filha de Domingos(?) Fernandes o Velho e de Maria Gonçalves(?).
- Domingos Nunes Pousão casou com Brites Maria Cabral de Pina da Quinta da Canharda, Fornos de Algodres.
Tiveram 6 filhos: João (padre, que viveu no Fundão); Manuel e Estêvão (padres, que viveram em S. Vicente da Beira); Joana e Brites (solteiras, que viveram em SVB com os irmãos); Maria (que casou com Teodoro Faustino Dias, capitão de ordenanças da capitania de Tinalhas)
Maria Cabral de Pina e Teodoro Faustino Dias tiveram dois filhos: o Pe. Estêvão Cabral de Pina, jesuíta, que faleceu em SVB, mas foi sepultado em Tinalhas; e Eusébia Cabral de Pina que deu origem à linhagem dos viscondes de Tinalhas.
A novidade é que o Sargento-Mor Domingos Nunes Pousão, do Violeiro, era Cavaleiro Fidalgo, por mercê do Rei D. João V, em 1724 (Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, livro 15, fólio 339)
Agradeço a José Cabral, descendente dos Cabrais da Quinta da Canharda, o envio desta informação.
Relembro que o avô materno de Domingos Nunes Pousão era, talvez, da família dos Velho, gente ilustre em SVB, nos séculos XVII e XVIII.
Talvez, porque Velho aqui tanto pode designar apelido de família, como servir para diferenciar o pai (velho) do filho (novo), ambos com o mesmo nome. Admito a 1.ª hipótese, porque Velho está com maiúscula. E de algum lado, certamente de todos os costados, viria a riqueza, para ser cavaleiro fidalgo, em 1724.
José Teodoro Prata
- Domingos Nunes Pousão, do Violeiro, era filho de Domingos Fernandes, de Pousafoles, e Isabel Nunes, do Violeiro. Foi sargento-mor da capitania-mor de ordenanças de São Vicente da Beira.
Domingos Fernandes era filho de António Fernandes e Isabel Antunes.
Isabel Nunes era filha de Domingos(?) Fernandes o Velho e de Maria Gonçalves(?).
- Domingos Nunes Pousão casou com Brites Maria Cabral de Pina da Quinta da Canharda, Fornos de Algodres.
Tiveram 6 filhos: João (padre, que viveu no Fundão); Manuel e Estêvão (padres, que viveram em S. Vicente da Beira); Joana e Brites (solteiras, que viveram em SVB com os irmãos); Maria (que casou com Teodoro Faustino Dias, capitão de ordenanças da capitania de Tinalhas)
Maria Cabral de Pina e Teodoro Faustino Dias tiveram dois filhos: o Pe. Estêvão Cabral de Pina, jesuíta, que faleceu em SVB, mas foi sepultado em Tinalhas; e Eusébia Cabral de Pina que deu origem à linhagem dos viscondes de Tinalhas.
A novidade é que o Sargento-Mor Domingos Nunes Pousão, do Violeiro, era Cavaleiro Fidalgo, por mercê do Rei D. João V, em 1724 (Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, livro 15, fólio 339)
Agradeço a José Cabral, descendente dos Cabrais da Quinta da Canharda, o envio desta informação.
Relembro que o avô materno de Domingos Nunes Pousão era, talvez, da família dos Velho, gente ilustre em SVB, nos séculos XVII e XVIII.
Talvez, porque Velho aqui tanto pode designar apelido de família, como servir para diferenciar o pai (velho) do filho (novo), ambos com o mesmo nome. Admito a 1.ª hipótese, porque Velho está com maiúscula. E de algum lado, certamente de todos os costados, viria a riqueza, para ser cavaleiro fidalgo, em 1724.
José Teodoro Prata
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