sábado, 28 de março de 2020

Primavera

Fui tratar do ganal (abelhas) e encontrei  a Natureza tão linda que não resisti a partilhá-la convosco.

 Giesta grande

 Sargaço

 Mato branco

 Carqueja

 Gladíolo

 Cerejeira
(ao fundo, o casal do David e da Helena)

  
 Malmequer em tremoceiro

 Nem o sabugueiro resistiu a dar um ar da sua graça

José Teodoro Prata

sexta-feira, 20 de março de 2020

Cabeleiras


Há dias fui oferecer os meus préstimos ao Carlos Semedo, programador cultural da Câmara, a propósito do nosso Festival primaveril. 
Falei-lhe das minhas recordações de infância, de ver a Fonte Velha embelezada com vasos de flores e cabeleiras, na festa do São João, data em que nós realizamos este nosso Festival. 
Depois tive dúvidas se seria no São João ou na festa da malta que ia à inspeção militar. Perguntei ao José Barroso que me disse ser a fonte embelezada apenas aquando da inspeção militar. Não lhe falei das cabeleiras!
Tenho recordações muito difusas de ver a Fonte Velha muito bonita, decorada com grandes cabeleiras e vasos de flores. E o meu inconsciente continua a teimar que foi numa festa de São João! Mas então seria a fonte da Praça, de São João de Brito, e não a Fonte Velha!
Terá sido numa data pontual, obra de pessoas virtuosas e engenhocas, como a Menina Isaura e outras?!
Quem me ajuda a aclarar estas recordações?
Mas recordo-me bem de replicar depois as cabeleiras, semeando trigo ou centeio em tigelas da resina que colocava no escuro do forro, junta das pinhas e das batatas. Ficavam parecidas com esta da imagem, embora tenha saído um pouco descabelada (as da fonte da minha infância eram tão perfeitas!).
Esta tradição tem que se lhe diga em termos de ciência, pois é a ausência de luz que dá às hastes do cereal semeado o tom amarelo claro, devido à ausência de clorofila. A ESE de Castelo Branco tem um projeto chamado "Os nossos avós eram cientistas". Penso que as cabeleiras nunca lá foram apresentadas!

José Teodoro Prata

segunda-feira, 16 de março de 2020

Primavera com virose

Estava para vos escrever sobre a alegria de ver, no sábado, um casal de estrangeiros, o David e a Sara(?), ele belga e ela inglesa, a cuidar da horta que compraram ao meu primo João (Baloia), no Ribeiro Dom Bento. Moram no bairro do Hospital até reconstruírem a casa que existe na horta. No contexto do despovoamento deste interior, a sua chegada foi uma lufada de ar fresco, uma esperança de dias melhores.
Também tinha muito para vos dizer sobre a chegada da Primavera à Gardunha. As cerejeiras estão branquinhas, os malmequeres bravos já estão em flor há mais de um mês, alimentando de pólen as abelhas, que aos milhares zumbem de flor em flor, numa azáfama incansável. Há umas flores azuis, de plantas rasteiras em tufos circulares verde-escuro, que reforçam o policromado da paisagem.
O próprio clima ajuda nesta sinfonia da natureza. O mês de fevereiro foi quente e luminoso (o mais quente desde que há medições) e o março vai pelo mesmo caminho. É uma tragédia já anunciada, mas que nos sabe tão bem, alimentando o nosso instinto animal de viver o presente, despreocupados com o passado e o futuro.
Tudo tão bom, mas o raio do Covid-19 está a lixar tudo. Há pouco mais de 100 anos (outono de 1918), os nossos antepassados (os avós dos mais velhos ou os bisavós dos mais novos) sofreram uma outra pandemia, a pneumónica, que nos levou alguns familiares e outros conterrâneos. Tenhamos esperança que daqui a uns tempos nos possamos reencontrar todos na nossa Praça!

José Teodoro Prata

terça-feira, 10 de março de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


António Mendes
António Mendes nasceu no Mourelo, a 2 de maio de 1894. Era filho de António Chamiça e Joaquina Mendes, jornaleira.
Tinha a profissão de jornaleiro e era analfabeto quando se alistou, em 22 de fevereiro de 1915. Fazendo parte do CEP, embarcou para França, no dia 21 de Março de 1917, integrando a 4.ª. Companhia da 1.ª Bateria do Regimento de Infantaria 21. Era o soldado n.º 698, com a placa de identidade n.º 44902.
Do seu boletim individual constam as seguintes ocorrências:
a)     Punido em 18/8/1917, pelo Comandante da 4.ª Companhia, com 10 dias de detenção, por faltar a 2 tempos de instrução e ser reincidente;
b)     Punido em 20/10/1917, por faltar à instrução e ser reincidente;
c)      Punido em 3/11/1917, com 10 dias de detenção, por ter faltado à revista do dia 31 de Outubro;
d)     Baixa ao hospital, em 31/1/1918;
e)     Punido em 23 /2/1918, com 5 dias de prisão disciplinar, por ter faltado à formatura para os trabalhos;
f)       Punido pelo Comandante da Brigada, em 03/03/1918, com 10 dias de prisão disciplinar, por ter faltado aos trabalhos em 27/02;
g)      Punido pelo Comandante da Companhia, com 10 dias de detenção, em 19/04, por ter faltado à formatura para os trabalhos;
h)     Transferido por motivo disciplinar, para o Batalhão de Infantaria 22, em 23/04/1918;
i)        Baixa ao hospital, em 04/05/1918; alta em 10/5;
j)        Baixa ao hospital, em 30/06/1918; foram-lhe concedidos 30 dias de licença para convalescer;
k)      Punido em 10/07/1918, pelo Comandante, com 15 dias de detenção por, na formatura da 2.ª refeição, não acatar prontamente as ordens do 1.º Sargento;
l)        Punido pelo Comandante, em 02/08/1918, com 15 dias de detenção, por, na formatura do pré, se ter ausentado do local onde se fazia a distribuição do mesmo;
m)   Punido em 23/08/1918, com 5 dias de prisão por ter sido encontrado na praia sem passe, em mau estado de higiene e sem grevas;
n)     Colocado no Depósito Disciplinar 1, em 06/09/1918;
o)     Punido em 18/09/1918, com 20 dias de prisão correcional, por se ter ausentado sem licença do Depósito Disciplinar 1;
p)     Punido em 02/01/1919, pelo Comandante do Depósito Disciplinar 1, com 20 dias de detenção, por ter sido apanhado com um pão que tinha comprado a civis e tencionava vender aos presos do regime especial;
q)     Baixa ao hospital, em 04/02/1919; alta em 13/02;
r)       Punido com 90 dias de prisão correcional, porque, «enquanto marchava da Base para a sua Unidade, ter exigido aos superiores que lhe arranjassem um transporte que o conduzisse ao destino dizendo que estava muito fatigado. Como não viu satisfeita a sua exigência começou a murmurar contra os superiores.» (Esta punição foi anulada, por efeito do artigo 4º da Ordem de Serviço n.º 156 de 11/06/1919);
s)      Abatido ao efetivo do Depósito Disciplinar 1, em 24/5/1919, seguindo para o P. E., a fim de ser repatriado;
t)       Regressou a Portugal, a 28 de maio de 1919.




Algum tempo depois, António Mendes domiciliou-se em Castelo Branco, onde casou civilmente com Maria Folgado, natural de Segura, no dia 3 de Outubro de 1926. O casal não terá mantido um contacto regular com os familiares do Mourelo ou de Segura, pois não há memórias deles nas respetivas terras de origem. Não foi possível saber se deixaram descendência, nem qual foi o seu modo de vida.
António Mendes faleceu em Castelo Branco, em abril de 1963. Tinha 69 anos de idade.

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

sexta-feira, 6 de março de 2020

A Filarmónica Vicentina Por Terras de Xisto

Foi quase por acaso e em cima da hora que vi, no Reconquista, a notícia de dois concertos da nossa Banda no último sábado.
 

O primeiro na Partida, na Associação de Apoio aos Jovens e Idosos, logo ao início da tarde. 
  

O outro, no Centro Social e Paroquial de Almaceda, pelas 17 horas.

Este evento foi promovido pela Cultura Vibra, a Agenda Cultural da autarquia de Castelo Branco, numa tentativa de descentralizar a oferta cultural, levando-a às aldeias mais distantes da sede do concelho. Será uma tentativa ainda pouco ambiciosa, mas é um começo. Tem também o mérito de valorizar as instituições locais, como, neste caso, a Banda Vicentina, cheia de gente jovem e a tocar cada vez melhor.
Talvez pela hora e divulgação insuficiente, os concertos não tiveram muita gente a assistir, mas que não seja motivo para arrefecer a vontade de continuar.

M. L. Ferreira
Nota: As fotografias são da Graça Serra

terça-feira, 3 de março de 2020

domingo, 1 de março de 2020

Apicultura


20 curiosidades sobre as abelhas
1 – São os únicos insetos que produzem um alimento que é consumido pelo homem;
2 – Durante o voo, as asinhas das abelhas batem aproximadamente 11,4 mil vezes por minuto, produzindo o típico zumbido que ouvimos quando elas estão por perto;
3 – As abelhas se comunicam entre si através de uma espécie de dança, durante a qual transmitem informações sobre a localização e distância das flores de determinada área;
4 – Em média, uma abelha é capaz de produzir uma quantidade equivalente a 1/12 de uma colher de chá de mel em toda a sua vida;
5 – As abelhas mais experientes ensinam as abelhinhas mais jovens a produzir mel;
6 – São as fêmeas que possuem ferrões, e não os zangões;
7 – A quantidade estimada de picadas capaz de provocar a morte de um humano é de 1,1 mil;
8 – Os zangões são improdutivos e inativos. Sua única função é a de fertilizar a rainha;
9 – Uma abelha rainha pode pôr cerca de 200 mil ovos ao ano;
10 – As abelhas operárias sobrevivem durante quatro semanas durante o verão ou a primavera, e até seis semanas no inverno;
11 – Uma colónia consiste em um número entre 20 e 60 mil abelhas e uma única rainha;
12 – Cada colónia possui um odor específico para que as abelhas possam identificá-lo e não errar de “endereço”;
13 – As abelhas rainhas vivem entre dois e três anos;
14 – A única abelha sexualmente desenvolvida da colmeia é a rainha;
15 – O mel é o único alimento que inclui todas as substâncias necessárias para a sustentação da vida, como vitaminas, minerais, água e enzimas, por exemplo, além de conter um importante antioxidante — a pinocembrina —, associado ao bom funcionamento cerebral;
16 – Durante o inverno, as abelhas concentram-se em um grande grupo na colmeia para se manter aquecidas e proteger a rainha e alimentam-se do mel que produziram nos meses mais cálidos;
17 – As abelhas podem voar a velocidades de mais de 20 quilómetros por hora;
18 – Uma abelha operária “empenhada” pode chegar a visitar 2 mil flores em um único dia;
19 – Apesar de o cérebro das abelhas ser do tamanho de sementes de gergelim, esses insetos possuem memórias incríveis e são capazes de realizar cálculos complexos relacionados a distâncias percorridas e à disponibilidade de alimento de determinada área;
20 – A rainha acasala com aproximadamente 17 zangões durante um período de 1 ou dois dias, armazenando todo o esperma em uma estrutura chamada “espermateca”. Depois disso, ela não volta a acasalar novamente e usa o material desse reservatório para produzir novas abelhinhas.

Já vos falei da minha experiência agridoce do ano passado: só uma das duas colmeias produziu e apenas 1 alça (caixa para armazenamento de mel, a caixa do fundo é o ninho), mas o mel era uma delícia.
A colmeia que não produziu no ano passado deve ter mudado de rainha, pois agora está cheia de abelhas. Coloquei-lhe há dias a 1.ª alça.
Nos fins de setembro fiz um desdobramento às cegas (sem ovos de rainha) e a coisa pareceu-me que ia correr mal, até porque o outono foi muito frio, chuvoso e ventoso e as abelhas vivem pouco mais de 1 mês (depois soube que prolongam a vida se o enxame precisar). Mas em finais de dezembro a colmeia tinha muitos ovos, sinal de que tinha rainha, e há uma semana estava cheia de abelhas e coloquei-lhe a 1.ª alça.
Em fins de dezembro fiz novo desdobramento, este com ovos de rainha, e espero ter postura de ovos em março. Parece estar a correr bem.
Já beneficio de outros ganhos com as abelhas: tenho um medronheiro que normalmente dá pouco fruto; no outono coloquei junto dele uma colmeia e agora está cheio de frutos (mais polinização).

José Teodoro Prata