Estamos a dias do final do ano em que se completaram 500 anos da atribuição de um novo foral a São Vicente da Beira, por D. Manuel I.
Para fecho das comemorações, nada melhor que mostrar as obras de arte que nos deixaram os vicentinos desse tempo.
A construção do edifício da Câmara Municipal será dessa época. O brasão, que até ao início do século XX estava sobre a porta de entrada, ostenta duas esferas armilares, símbolo do rei D. Manuel.
A Igreja da Misericórdia é também do século XVI, mas da segunda metade, período em que foi fundada a nossa Misericórdia e de que existem registos de enterramentos nesta Igreja. No entanto, o atual edifício é de 1643.
O nosso pelourinho é anterior ao foral manuelino, pois não tem nenhum dos símbolos de D. Manuel I e tem um símbolo (o pelicano) do rei anterior, D. João II, o qual confirmou o foral medieval de São Vicente da Beira.
Por outro lado, ostenta o brasão da Ordem de Avis, cuja comenda de São Vicente possuía muitas propiredades e poderes na gestão dos bens da Igreja, mas ainda não aparece o brasão da Ordem de Cristo, pois a respetiva comenda só foi criada depois da sua construção.
Inclui-se o pelourinho nesta listagem de obras de arte da época do foral manuelino, pois foi erguido poucos anos antes de 1512.
As portas e janelas com arestas chanfradas (cortadas) são típicas do século XVI. Em São Vicente, existem muitas, algumas infelizmente tapadas com cimento, tinta, persianas...
Esta casa, onde viveu o tio Bernardino Candeias, localiza-se na Rua do Convento.
Janela de uma casa situada ao fundo da Rua Manuel Lopes. Tem arestas chanfradas e o lintel ostenta motivos manuelinos. A data é muito anterior (MCCLXXI - 1271), pelo que a pedra terá sido reutilizada.
Nesta janela, só o lintel nos interessa, pois a parte restante é obra da requalificação da Igreja Matriz, nos anos 80 do século passado. O lintel manuelino foi trazido de uma casa arruinada, na Rua Velha, a qual, em finais do século XIX, servia de cozinha do solar construído pelo Visconde de Tinalhas, então Presidente da Câmara e por isso residente em São Vicente. No século XX, morou lá o tio Albano Jerónimo e atualmente é do Zé Barroso (e de sua mãe), colaborador dos Enxidros.
Esta pia de água benta é uma jóia da arte manuelina e encontra-se à entrada da porta principal da Igreja da Misericórdia. Tem coluna oitavada (oito faces), tal como o nosso pelourinho. A parte inferior é um acrescento recente e em pedra diferente.
Outra jóia da arte manuelina, esta na ermida da Senhora da Orada. É também uma pia de água benta.
O cruzeiro da Senhora da Orada é da mesma época da pia de água benta acima apresentada e do atual edifício da capela. Possivelmente todos mandados fazer por D. Álvaro da Costa, comendador da Ordem de Cristo, em São Vicente da Beira. De notar que o cruzeiro, tal como a pia de água benta anterior, ostenta o brasão dos Costa.
Janela manuelina de uma casa no alto da Rua Manuel Lopes. Possivelmente, ali viveu Manuel Lopes Guerra que deu nome à rua e foi avô de Dona Benedita, casada com um Cunha Pignatelly, os quais deram origem à Casa Cunha, em São Vicente.
Pórtico manuelino da capela de Santa Bárbara, no alto do Casal da Fraga, mais propriamente já no Casal do Monte do Surdo (um nome em desuso). Esta capela situava-se no limite entre o Sobral e São Vicente e era propriedade da Câmara Municipal. Nos inícios do século XX, estava totalmente arruinada, sendo as pedras deste pórtico, e outras, trazidas para o Casal da Fraga, na década de 30. O meu avô Francisco Teodoro, aqui morador, andou com um carro de bois a acarretá-las.
A Fonte Velha, até ao início do século XX chamada apenas fonte, ostenta a data de 1578 e o nome do rei D. Sebastião. Foi primitivamente construída no espaço em frente ao edifício atualmente arruinado da Casa Cunha, no local onde foi plantada uma palmeira, quando as trasladaram para a face do largo, sendo pouco depois mudada para o local onde hoje se encontra.