O termo correto é gaseado, mas já se sabe como é o nosso povo, aldraba tudo.
A palavra terá chegado a Portugal após a Grande Guerra (1.ª Guerra Mundial). Nesta foi usada uma nova arma química, o gás mostarda, que matou milhares de soldados nas trincheiras da fronteira franco-belga, por não existirem máscaras adequadas à sua proteção.
Além de profundas queimaduras na pele e nas mucosas (boca e nariz), o gás destruía tanbém os pulmões, onde chegava pela respiração. Morria-se em pouco minutos.
Os que sobreviveram, regressaram aparentemente saudáveis às suas terras, mas desenvolveram efeitos secundários: doenças cancerígenas e neurológicas.
Os cancros chegaram silenciosos e levaram os antigos combatentes, sem que alguém percebesse a causa.
Já as perturbações mentais de alguns deles davam mais nas vistas, andavam esgaseados. Terá sido o caso do senhor referido na publicação anterior, segundo o comentário aí publicado.
E quem não se lembra do Ti Luís Bonzaga (Eu sou o 21 do 21...). Há muitos anos, alguém me contou que foi o único vicentino a não receber qualquer subsídio da sua participação na guerra, embora fosse dos mais pobres e o que veio mais doente. Não teve quem pedisse por ele.
São Vicente da Beira teve muito soldados na Grande Guerra, quer na Flandres (regiões fronteiriças entre a França e a Bélgica), que em Angola e Moçambique. O mesmo terá acontecido com as restantes povoações da freguesia. Felizmente, não estavam no vale da ribeira de La Lys (Bélgica), onde os batalhões portugueses foram dizimados, qual segundo Alcácer Quibir. Os nossos regressaram todos (ou quase, não investiguei o assunto).
Uma antiga aluna trouxe-me esta foto, de um batalhão de Castelo Branco de partida para a Flandres. Ia lá o seu avô (de C. Branco) e talvez também alguns vicentinos (falta identificá-los).
Batalhão de Castelo Branco,
em deslocação da estação ferroviária de Santa Apolónia para o cais marítimo de Alcântara, local de embarque para a França.
(clicar na imagem para ver melhor)
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