ÓBITOS,
1810
Paróquia
de Nossa Senhora da Assunção
São
Vicente da Beira
-
1810: batismos, 52; óbitos, 106; saldo fisiológico, -54; mesmo considerando que
vários bebés faleceram antes de serem batizados (números 32, 34, 41…) e por
isso não foram contabilizados, este saldo fisiológico negativo é
esmagador. De lembrar, para quem não nos segue de forma continuada, que antes
das Invasões Francesas se iniciarem (final de 1807) a nossa freguesia já registava
saldos fisiológicos positivos. Mortalidade nos anos anteriores: 1807, 42; 1808, 45; 1809, 58; 1810, 106.
-
Globalmente, faleceram 55 menores, 7 deles crianças expostas, ambos os valores
bastante acima do que era costume, nos anos anteriores. A mortalidade infantil iniciou-se
no final da primavera, teve o seu pico no verão e depois prolongou-se pelo
outono. Mas os jovens e adultos também faleceram em número muito superior ao
normal.
-
Em termos geográficos, a mortalidade abrangeu toda a freguesia, mas com maior
incidência na Vila e Pereiros. Em São Vicente, parecem ter morrido famílias
inteiras, mas este comentário não tem base científica. O Tripeiro, o Mourelo e
o Violeiro terão tido uma mortalidade normal. Já em 1809, a mortalidade incidira
no corredor São Vicente – Partida e nas franjas da Paradanta e Vale de
Figueiras.
-
Houve enterramentos no adro, certamente por falta de espaço dentro da Igreja. O
caso de Dona Ignes Caetana é diferente, pois foi sepultada na Igreja da
Misericórdia, com era costume fazerem as senhoras da elite local (já
anteriormente tivemos outros casos).
-
Para quem se interessa pela escrita dos nomes das pessoas, informo que a
maioria dos registos deste ano foram feitos pelo cura Francisco Joze de
Mesquita. Além de ter uma letra quase tão má como a minha, escrevia de forma muito
mais arcaica que o vigário: voltou o Roiz e vez de Rodrigues, embora tenha sido
ele a escrever pela primeira vez Ines em vez de Ignes.
-
Temos nestes registos uma novidade absoluta: os franceses assassinaram um homem
dos Pereiros, nos últimos dias de novembro.
O
general Massena conquistara a fortaleza de Almeida, a 28 de agosto deste ano de
1810, e depois avançoU para Coimbra (batalha do Buçaco) e Lisboa, sendo
travado pelas Linhas de Torres Vedras, em outubro. Constatando o inevitável,
que as não conseguia transpor, retirou para o Ribatejo, onde podia alimentar o
seu exército. A 1 de fevereiro de 1811, passou pela Estrada Nova uma força
militar francesa que vinha reforçar o exército de Massena e deu-se então a
emboscada da Enxabarda, onde morreram mais de 200 franceses.
Mas
a morte do nosso homem dos Pereiros é anterior: foi sepultado a 30 de novembro
de 1810. Como nos situamos no corredor entre o Ribatejo e Cidade Rodrigo, é
provável que Manoel Leitaõ (n.º 95) tenha sido morto durante a passagem, no
concelho, de um corpo do exército francês (tínhamos, a noroeste, a Estrada Nova,
nos cumes da Gardunha, e a sul, a estrada mais usada na época: Sobreira
Formosa, Monte Gordo, Salgueiro do Campo, Freixial do Campo, Tinalhas,
Soalheira…)
No
ano de 1810, os habitantes do concelho continuaram a pagar impostos
extraordinários para financiar a guerra e os nossos ganhões foram requisitados
para fazer serviços de transporte gratuitos, além dos donativos em dinheiro e
géneros dos anos anteriores. O reino estava em ruína económica e social e o
nosso saldo fisiológico de -55, neste ano de 1810, é um bom retrato dessa
realidade.
1
Nome: Izabel Marques,
solteira
Família: filha de
Felipe Martins Martelo e Maria Marques (de São Vicente da Beira?)
Data: 13/01/1810
2
Nome: Joze de Oliveira,
solteiro
Família: filho de Joze
de Oliveira e Francisca Gonçalves (de São Vicente da Beira?)
Data: 13/01/1810
3
Nome: João Martins
Família: casado com
Barbara Gonçalves, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data: 25/01/1810
4
Nome: Antonio da Silva
Família: casado com
Brites Leitoa, de São Vicente da Beira
Data: 26/01/1810
5
Nome: Antonio Rodrigues
Penamacor
Família: casado com
Jozefa Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 28/01/1810
6
Nome: Anna Joaquina
Família: viúva de
Francisco Antonio, de São Vicente da Beira
Data: 30/01/1810
7
Nome: Manoel
Família: menor, filho
de Manoel Joze e Anna Luiza, do Casal da Serra, São Vicente da Beira
Data: 05/02/1810
8
Nome: Francisco
Família: menor, filho
de Manoel Lourenço e Jozefa Maria, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Data: 08/02/1810
9
Nome: Joze Gonçalves
Família: de São Vicente
da Beira
Data: 25/02/1810
10
Nome: Narciza
Família: menor, filha
de Joze Caetano e Anna Rita, de São Vicente da Beira
Data: 27/02/1810
11
Nome: Martinha
Francisca
Família: casada com
Luis Rodrigues, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Data: 27/02/1810
12
Nome: Francisco
Rodrigues Castanheira
Família: casado com
Margarida Antonia, de São Vicente da Beira
Data: 25/03/1810
13
Nome: Joaõ
Família: menor, filho
de Joze Matheus e Maria Francisca, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data: 29/03/1810
14
Nome: Dona Izabel da
Graça de Azevedo Lemos e Andrade
Família: solteira, de
São Vicente da Beira
Data: 03/04/1810
15
Nome: Antonio
Família: menor, filho
de Antonio Joze e Joaquina Leitoa, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 12/04/1810
16
Nome: Manoel Leitaõ
Família: solteiro,
filho de Manoel Leitaõ e Maria Mendes, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 22/04/1810
17
Nome: Anna de Saõ Joze
Família: casada com
Estevaõ Vas, de São Vicente da Beira
Data: 26/04/1810
18
Nome: Manoel Luis
Família: casado com
Maria Roza, de São Vicente da Beira
Data: 26/04/1810
19
Nome: Jozefa Maria
Família: casada com
Manoel Lourenço, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Data: 27/04/1810
Observações: «… foi tão somente absolvida pelo pulso e
ungida, por um delírio, que lhe veyo antes de chamarem…»
20
Nome: Tereza Maria
Família: casada com
Joaõ Lopes, de São Vicente da Beira
Data: 06/05/1810
21
Nome: Izabel
Família: menor, filha
de Joze Dias e Jozefa Nunes, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 09/05/1810
Observações: faleceu
pouco depois de nascer, batizada particularmente
22
Nome: Caterina Roque
Família: solteira, dos
Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 10/05/1810
23
Nome: Joaõ Lopes
Família: viúvo de
Tereza Maria, de São Vicente da Beira
Data: 11/05/1810
24
Nome: Joana
Família: menor, filha
de Joze Vas e Anna Joaquina, de São Vicente da Beira
Data: 20/05/1810
25
Nome: Maria Joaquina
Família: mulher de
Ambrozio Duarte, de São Vicente da Beira
Data: 21/05/1810
26
Nome: Anna Maria
Família: viúva de Joze
Vás, de São Vicente da Beira
Data: 22/05/1810
27
Nome: Joze
Família: menor, filho
de Jacinto Antunes e Izabel Leitoa, da Senhora da Orada, São Vicente da Beira
Data: 03/06/1810
28
Nome: Maria
Família: menor, exposta
e dada a criar a Anna Custodia Maria, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 10/06/1810
29
Nome: Maria Rodrigues
Família: viúva de
Manoel Leitaõ, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 12/06/1810
30
Nome: Joze Pedro
Família: casado com
Joanna do Couto, de São Vicente da Beira
Data: 17/06/1810
31
Nome: Jozefa Maria
Família: viúva de Joze
Gonçalves, de São Vicente da Beira
Data: 25/06/1810
32
Nome: uma menina
Família: menor, filha
de Joaquim Leitaõ e Anna da Costa, de São Vicente da Beira
Data: 26/06/1810
Observações: faleceu
depois de batizada em necessidade
33
Nome: Bonifacio
Família: menor, filho
de Joze Pedro e Joanna do Couto, de São Vicente da Beira
Data: 27/06/1810
34
Nome: um menino
Família: filho de
Manoel Bernardo e Anna de Oliveira, de São Vicente da Beira
Data: 11/07/1810
Observações: nasceu,
foi batizado em perigo e logo faleceu
35
Nome: Ventura
Família: menor, filha
de Joze Leitaõ e Anna do Nascimento, de São Vicente da Beira
Data: 16/07/1810
36
Nome: Joana Couto
Família: viúva de Joze
Pedro, de São Vicente da Beira
Data: 21/07/1810
37
Nome: Maria Duarte
Família: viúva de
Romoaldo de Proença, de São Vicente da Beira
Data: 23/07/1810
38
Nome: Joze Vas
Família: casado com
Anna Joaquina, de São Vicente da Beira
Data: 24/07/1810
39
Nome: Domingos Onofre
Família: casado com
Maria Francisca, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 28/07/1810
40
Nome: Dona Ignes
Caetana
Família: viúva de
Francisco Caldeira, Capitão-Mor da Vila (São Vicente da Beira)
Data: 01/08/1810
Observações: faleceu
apenas com o sacramento da santa unção; foi sepultada na Igreja da Santa Casa
da Misericórdia
41
Nome: um menino
Família: filho de
Manoel Francisco e Maria Leitoa, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 05/08/1810
Observações: faleceu
pouco depois de nascido «…batizado em
casa por não ser de tempo…»
42
Nome: Antonio
Família: menor, filho
de Joze Martins e Anna Martins, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 06/08/1810
43
Nome: Joana
Família: menor, exposta
e dada a criar a Maria Lourença, casada com Manoel da Costa, de Vale de
Figueiras, São Vicente da Beira
Data: 08/08/1810
44
Nome: Sebastiaõ
Família: menor, filho
de Manoel Joze e Jozefa Custodia, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 10/08/1810
45
Nome: Joaõ
Família: menor, filho
de Antonio Barreiros e Maria Vas, de São Vicente da Beira
Data: 10/08/1810
46
Nome: um menino
Família: filho de
Antonio Mendoça e Joana Monteira, naturais de Idanha-a-Nova
Data: 12/08/1810
Observações: nasceu em
perigo, foi batizado e faleceu, no Casal da Serra, São Vicente da Beira
47
Nome: Antonio
Família: menor, filho
de Marcos Duarte e Rosaura Freire, moradores em Tinalhas
Data: 17/08/1810
48
Nome: Maria
Família: menor, filha
de Manoel Pires e Izabel Fernandes, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 19/08/1810
49
Nome: Anna
Família: menor, filha
de Joaõ Nogueira e Joaquina Bexiga, naturais de «Idanha Nova»
Data: 20/08/1810
Observações: batizada
particularmente por nascer em perigo e não querer mamar
50
Nome: Antonia
Família: menor, filha
de Bernardo Joze e Jozefa Maria, naturais de Idanha-a-Nova
Data: 22/08/1810
51
Nome: Joaõ
Família: menor, filho
de Joze da Cruz e Luiza Leitoa, do Casal da Serra, São Vicente da Beira
Data: 22/08/1810
52
Nome: Custodio Joze dos
Santos
Família: casado com
Rita Maria, de São Vicente da Beira
Data: 23/08/1810
53
Nome: Maria
Família: menor, filha
de Manoel de Barros e Vicencia Maria, de São Vicente da Beira
Data: 28/08/1810
54
Nome: Anna
Família: menor, exposta
que criava Inocencia Gama, mulher de Manoel Fernandes, da Partida, São Vicente
da Beira
Data: 30/08/1810
55
Nome: Maria
Família: menor, filha
de Joze Pires e Maria Fernandes, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 01/09/1810
56
Nome: Joaquim
Família: menor, filho
de Antonio da Conceiçaõ e Joana Faustina, de São Vicente da Beira
Data: 04/09/1810
57
Nome: Domingos
Família: menor, filho
de Antonio Gonçalves e Maria Joana, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 04/09/1810
58
Nome: Maria Nunes
Família: viúva de Joaõ
Duarte, do Casal da Serra, São Vicente da Beira
Data: 11/09/1810
59
Nome: Francisco
Família: menor, filho
de Joaõ Duarte e Maria Rofina, de São Vicente da Beira
Data: 13/09/1810
60
Nome: Maria
Família: menor, filha
de Manoel Antunes e Maria Vas, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 13/09/1810
61
Nome: Joaõ
Família: menor, filho
de Joze Bernardo Carpinteiro e Anna Roza, de São Vicente da Beira
Data: 14/09/1810
62
Nome: Ignes
Família: menor, filha
de Joze Leitaõ e Maria Roza, de São Vicente da Beira
Data: 14/09/1810
63
Nome: Manoel Antunes
Moreira
Família: casado com
Izabel Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 16/09/1810
64
Nome: Joaõ
Família: menor, exposto
que criava Custodia, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 16/09/1810
65
Nome: Antonio
Família: menor, filho
de Miguel dos Santos e Angelica Jacinta, de São Vicente da Beira
Data: 16/09/1810
66
Nome: Antonia
Família: menor, filha
de Joaõ Francisco e Jozefa Roiz, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 17/09/1810
67
Nome: Brites
Família: menor, filha
de Joaõ Barata e Anna Gonçalves, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 20/09/1810
68
Nome: Domingos Pires
Família: solteiro (sem
mais informação)
Data: 20/09/1810
69
Nome: Joze Barrozo
Família: casado com
Anna Canuta, de São Vicente da Beira
Data: 20/09/1810
70
Nome: Anna
Família: menor, filha
de Joze dos Reis Tourinho e Joanna da Concessam, de Castelo Branco
Data: 28/09/1810
71
Nome: Joaõ Roiz
Família: casado com
Maria Antunes, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 04/10/1810
72
Nome: Manoel
Família: menor, filho
de Antonio Roiz e Inocencia Maria, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 09/10/1810
73
Nome: Maria
Família: menor, filha
de Martinho Roiz, já defunto, e Margarida Antonia, de São Vicente da Beira
Data: 09/10/1810
74
Nome: Izabel
Família: menor, filha
de Manoel Pereira, já defunto, e Maria Martins, do Violeiro, São Vicente da
Beira
Data: 13/10/1810
75
Nome: Izabel
Família: menor, filha
de Joze Martins e Maria Roza, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 16/10/1810
76
Nome: Francisca
Família: menor, exposta
que criava Custodia Maria, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 16/10/1810
77
Nome: Antonio
Família: solteiro,
filho de Joze Barrozo, já defunto, e Anna Barroza, de São Vicente da Beira
Data: 17/10/1810
78
Nome: Bras Antunes
Família: casado com
Izabel Figueira, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 19/10/1810
79
Nome: Faustino Lourenço
Família: viúvo de Maria
Luzia, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data: 24/10/1810
80
Nome: Helena
Família: menor, filha
de Joaõ Francisco e Maria Leitoa, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 27/10/1810
81
Nome: Anna Barroza
Família: viúva de Joze
Barrozo, de São Vicente da Beira
Data: 30/10/1810
82
Nome: Jozefa
Família: menor, exposta
que criava Antonia Maria, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 30/10/1810
83
Nome: Sezilia
Família: menor, filha
de Manoel Joze e Jozefa Custodia, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 31/10/1810
84
Nome: Jozefa
Família: menor, exposta
que criava Ines Leitoa, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 31/10/1810
85
Nome: Antonio Rodrigues
Família: casado com
Inocencia Martins, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 06/11/1810
86
Nome: Joaquina
Família: menor, filha
de Joze Henriques e Anna Maria, de São Vicente da Beira
Data: 06/11/1810
87
Nome: Maria Reloa
Família: viúva, de São
Vicente da Beira
Data: 07/11/1810
88
Nome: Izabel Figueira
Família: viúva de Bras
Antunes, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 09/11/1810
Observações: deixou
testamento
89
Nome: Dona Anna
Joaquina de Salvaterra
Família: casada com
Bernardo Pinto
Data: 14/11/1810
90
Nome: Antonio
Família: menor, filho
de Joaõ de Oliveira e Anna de Oliveira, de São Vicente da Beira
Data: 16/11/1810
91
Nome: Caetano
Família: menor, exposto
que criava Joana Maria, mulher de Manoel Venancio, da Partida, São Vicente da
Beira
Data: 18/11/1810
92
Nome: Maria Antunes
Família: viúva de Joaõ
Rodrigues, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 18/11/1810
93
Nome: Silvestre
Francisco
Família: viúvo de Roza
Maria, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 29/11/1810
Observações: faleceu
sem sacramentos, por não chamarem
94
Nome: Manoel
Família: menor, filho
de Marcos Duarte e Rosaura Maria, de Tinalhas
Data: 29/11/1810
95
Nome: Manoel Leitaõ
Família: casado com
Maria Jozefa, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 30/11/1810
Observações: faleceu
assassinado (asacinado) pelos
Franceses e por isso sem sacramentos
96
Nome: Joze Pedro
Família: solteiro, de
São Vicente da Beira
Data: 06/12/1810
97
Nome: Roza Maria
Família: mulher de
Manoel Leitaõ, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data: 07/12/1810
98
Nome: Joana Maria
Família: mulher de
Manoel Venancio, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 07/12/1810
Observações: foi
sepultada no adro da Igreja
99
Nome: Francisco
Família: menor, filho
de Joze de Mesquita e Roza Maria, de São Vicente da Beira
Data: 10/12/1810
Observações: nasceu,
foi batizado em necessidade e faleceu
100
Nome: Marcelino
Família: menor, filho
de Joze Leitaõ e Maria Martins, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 12/12/1810
101
Nome: Rodrigo Antunes
Família: viúvo, do
Souto da Casa
Data: 18/12/1810
Observações: faleceu no
Casal da Serra, de repente e por isso sem sacramentos; foi sepultado no adro da
Igreja
102
Nome: Joze
Família: menor, filho
de Antonio Martins e Joaquina Maria, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 19/12/1810
103
Nome: Anna
Família: menor, exposta
que foi batizada em perigo de vida
Data: 25/12/1810
104
Nome: Maria Leitoa
Família: viúva, de São
Vicente da Beira
Data: 26/12/1810
105
Nome: João Leitaõ
Família: casado com
Izabel Maria, de São Vicente da Beira
Data: 28/12/1810
106
Nome: Maria Magdalena
Família: viúva e pobre,
de São Vicente da Beira
Data: 31/12/1810
José Teodoro Prata
7 comentários:
Bom dia professor,
O que levava as mães a abandonar os filhos em tempos tão religiosos? A fome ou a ilegitimidade dos mesmos? Era facil esconder uma gravidez nestes tempos?
Como se redimiam de tamanho pecado?
O nº 19 desta listagem deixou-me intrigada
19
Nome: Jozefa Maria
Família: casada com Manoel Lourenço, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Data: 27/04/1810
Observações: «… foi tão somente absolvida pelo pulso e ungida, por um delírio, que lhe veyo antes de chamarem…»
Que quer dizer esta observação?
Grata
Margarida Gramunha
Margarida:
Há uns tempos, a Libânia comentou que se admirava como é que as mães aguentavam ver morrer assim os seus filhos, por vezes todos... Tinham de ter pouco ligação a eles, como ela já constatara de histórias que ouvira.
É bom percebermos que, apesar dos nossos pessimismos face ao presente, talvez nunca tenha havido tanta humanidade, pelo menos no dito mundo ocidental (noutras regiões do mundo, os pais ainda vendem os filhos a troco de uma bagatela!). Embora seja custoso admitirmos, o bem-estar material trouxe um acréscimo de afetos. Resolvidos os problemas do estômago, ficamos livres para outras questões.
Com os enjeitados, a questão era semelhante: com muitas carências materiais e pouca cultura, nem a religião se impunha. E o povo é matreiro, calculista, até a Deus ele sabe dar a volta (a confissão não lava tudo?).
Quanto ao caso do registo n.º 19, transcrevi porque também não entendi.
Absolvida pelo pulso?!!! Há rituais que mudaram com o tempo e não sei o que isto quer dizer.
Já o delírio, entende-se: a senhora ficou "louca", descontrolada, talvez até agressiva, sem condições para receber a extrema-unção.
Acho que respondi de forma pouco consistente, mas também tenho muitas interrogações.
Hoje em dia, ser mãe solteira, felizmente é uma situação normal.Como diz o Zé Teodoro há muito mais humanidade.
Não é necessário retrocedermos a 1810; basta olhar quarenta ou cinquenta anos atrás para ver que engravidar sem estar casada era para uma mulher uma vergonha e uma mancha na "honra" da família. Daí vinham os casamentos à pressa, os abortos ou até o abandono dos recém-nascidos.
Havia não só grande facilidade em esconder uma gravidez devido às roupagens largas que se usavam mas também situações em que só quando a criança nascia é que se descobria. As mulheres andavam "apertadas" e mesmo as mulheres casadas tinham vergonha do seu estado interessante.
Por vezes a ignorância era tal que eu conheço um caso em que uma senhora não sabia por onde iria sair o seu bébé.
Em relação ao "pecado", as mulheres solteiras que incorriam nele se não casassem ficavam marcadas para sempre.
Não sei se falei demais!.
E.H.
Só uma achega ao comentário do José Teodoro:
A perplexidade da Margarida é natural porque cresceu e, apesar das dificuldades atuais, vive num tempo de algum conforto económico. Para além disso, e talvez sobretudo por isso, vive num tempo em que os casais podem decidir ter os filhos que quiserem ou puderem ter. E isto faz toda a diferença no modo como as crianças são aceites na família e na sociedade: uma criança desejada é necessariamente uma criança mais amada. Para além disto, o facto de até há relativamente pouco temo, como verificamos nos registos aqui publicados, a mortalidade infantil ser muito elevada, fazia com que os pais investissem pouco na relação afetiva com os filhos. Seria uma forma, quase irracional, de se defenderem do sofrimento que a morte lhes traria.
Mas isto é o que dizem os livros! Se calhar, a realidade é bem diferente… Nunca me esquecerei da minha avó que viveu a maior parte da vida dela vestida de luto pesado e lágrima no olho por uma das filhas que morreu na flor da idade, como ela dizia.
Os casos de crianças expostas que aqui aparecem frequentemente nos registos de batismo poderão ter a ver com situações de pobreza, mas acho que na maior parte dos casos se deverá a abusos sexuais por parte de homens que estavam em situação de superioridade sobre as mulheres (patrões, padres, militares, etc.). Em caso de gravidez fora do casamento, as dificuldades económicas e a censura social deviam ser tão grandes que as mulheres se viam obrigadas a abandonar os filhos na roda ou à porta de pessoas que pudessem criá-los.
Felizmente que agora tudo é diferente! Para os pais e para os filhos…
M. L. Ferreira
Libânia:
O "chato como a sarna" gostou desta achega que deste para as perguntas da Margarida. Há também uma situação que sempre me revoltou. Todos sabemos que o sexo é bom é irresistível e tanto os homens como as mulheres o praticam.A minha revolta é que enquanto o homem seguia a sua vida normalmente e até se gabava do que tinha feito, contribuindo para a humilhação da mulher,esta,solteira,caso engravidava e não casava,acabava ali a sua vida sexual e começava uma vida inteira de humilhação pelo "pecado" que um dia cometeu.
Qual pecado?.
E.H.
Vamos lá ver se este comentário fica, se cumpro os passos todos para que passe para o lado de lá.
Com os parabéns atrasados ao ZTP pelo sexto aniversário (o comentário perdeu-se na linha - por incompetência minha, que fique claro), sobre os expostos acrescentaria o seguinte: ainda que custe, o sentimento maternal, como o conhecemos, é coisa recente (os mais heterodoxos, ou provocadores, diriam que é uma construção recente). O interesse da mãe pela criança e o cuidado a esta dispensado variou ao longo do tempo; o que hoje nos choca, como o que nos inebria, já teve outras "leituras". Ainda no século XVIII e XIX, as mães de mais posses e de maior proeminência social davam os filhos a criar a mulheres plebeias, em certo tempo reavendo-os, já criadinhos, quando tinham 4-5 anos; foi a mesma ordem de razões que levou responsáveis de Misericórdias portuguesas, a meterem num cesto 2 ou 3 dos "seus" expostos, para os exporem nas rodas de concelhos mais afastados; e na mesma linha encontramos o negócio montado, ainda no século XIX, em muitos locais do país, ao tempo com foros de escândalo para certas consciências, de amas açambarcadoras de expostos dados a criar, subestabelecendo esse serviço, a troco de uma pequena parte da subvenção que lhes era paga. Enfim, outro tempo. Quanto ao amor paternal (concordando com E. Badinter), se o amor maternal é recente, aquele foi uma conquista aind mais tardia.
Fica em aberto a questão do amor filial.
Um bom ano sétimo ano para todos.
JoséMiguelTeodoro
Bem haja a todos pelas achegas , foram de grande ajuda. Já ando por aqui a mastigar um outro texto sobre o amor paternal e filial nos dias de hoje , segundo o que tenho observado à minha volta, aqui nesta cidade (Aveiro).
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