terça-feira, 29 de maio de 2018

Padroeiros


Há coisas que nem sempre temos conhecimento, estava eu sentado numa esplanada na praça de Alvalade e reparei na estátua do Santo António “Padroeiro de Portugal, noutros tempos seria Santiago Maior, também chamado de São Tiago Maior, Santiago Filho do Trovão, Santiago foi também protetor do exército português, até à crise de 1383-1385, altura em que o seu brado foi substituído, oficialmente, pelo de São Jorge através da influência da corte inglesa, que então se tinha aliado a Portugal.
Pensa-se que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de Dom Afonso IV de Portugal que o uso de "São Jorge!" como grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior "Sant'Iago!".
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse facto. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.
O culto a Santa Maria nasceu nos primórdios da nacionalidade. Desde o nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques - um grande devoto de Nossa Senhora e que fez várias concessões a Santa Maria Bracarense, como tributo pela ajuda concedida na manutenção do seu território, designadamente engrandecendo a Catedral de Braga elevando-a à categoria de templo nacional, passando deste modo, Santa Maria de Braga, a ser a Padroeira do território portucalense - que todos os Reis da 1.ª dinastia praticaram o seu culto, agradecendo-lhe o auxílio prestado para a manutenção da independência do novo reino.
D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, por ser devotíssimo da Virgem Santa Maria, que respondeu às suas preces em Valverde, Atoleiros e Aljubarrota, mandou construir a Igreja de N.ª Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa, e encomendou, para o efeito em Inglaterra, a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Mas foi após a Restauração de 1640, com D. João IV, que se verifica um grande impulso na devoção à Senhora da Conceição, por todo o país. No dia 8 de Dezembro de 1640, Frei João de S. Bernardino, ao pregar na capela Real de Lisboa na presença do Duque de Bragança, agora já Rei de Portugal, termina o sermão por uma solene promessa:

“Seja assi, Senhora, seja assi; e eu vos prometo, em nome de todo este Reyno, que elle agradecido levante um tropheo a Vossa Immaculada Conceição, que vencendo os seculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal.”
Em 25 de Março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a restauração da independência em relação a Espanha. Foi até à igreja de Nossa Senhora da Conceição, ofereceu a coroa portuguesa a Nossa Senhora, colocando-a a seus pés proclamou-a Padroeira Portugal. O acto da proclamação alargou-se a todo o País, com o povo a celebrar, pelas ruas, entoando cânticos de júbilo.
Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal.
Após alguma pesquisa fiquei esclarecido, Há quem tenha dúvidas sobre quem é, afinal, o santo padroeiro da capital portuguesa. Entre Santo António e São Vicente, a resposta não é simples. São Vicente de Saragoça é o santo padroeiro principal do Patriarcado de Lisboa. Já Santo António é o padroeiro principal da cidade de Lisboa.
Santo António é também padroeiro secundário de Portugal (Nossa Senhora da Conceição é a padroeira principal). Já agora, sabia que o primeiro padroeiro de Lisboa foi São Crispim? Isto porque, em 1147, D. Afonso Henriques conquistou a cidade de Lisboa aos mouros no dia de São Crispim. A data levou a que São Crispim fosse declarado padroeiro da cidade, mas cedo São Vicente tomou o seu lugar. Nesta altura, Santo António ainda não tinha nascido.

Jaime da Gama

Um comentário:

M. L. Ferreira disse...

Interessante que muitas igrejas tenham como padroeira uma Santa ou Nossa Senhora, e várias tenham a Nossa Senhora da Assunção. É o caso da de Tinalhas que tem numa das paredes laterais um painel de azulejos belíssimo. Na nossa também há um, mas está um pouco escondido pela estrutura que sustenta o teto da nave principal.

Hoje passei na Praça e reparei que a ampliação da nossa igreja foi feita em 1918, ano em que o país vivia uma crise enorme devido, sobretudo, à guerra e à epidemia da pneumónica. Será que encaminharam todos os recursos que havia na terra para as obras da igreja?