quinta-feira, 24 de abril de 2025

Os feriados da liberdade

 

Amanhã comemora-se o 25 de Abril e logo a seguir o 1.º de Maio de 1974. Foram e são momentos marcantes na história da nossa jovem democracia. Este ano com importância acrescida, pois amanhã completa-se meio século das primeiras eleições livres após os 48 anos de ditaduras (Militar e do Estado Novo) que sufocaram Portugal. Foi nestas eleições que se elegeram os deputados à Assembleia Constituinte, a qual redigiu a Constituição democrática que nos serve de guia, a nossa bíblia.

Nestas eleições de 1975, a percentagem de votantes foi de 91%, tal era a sede de participação cívica dos portugueses! Depois começou a decrescer, talvez porque muitos julgassem que isto de fazer um país é coisa fácil. Até os compreendo, pois senti essa inquietação quando, no 25 de abril de 74, um professor, o padre Vaz, disse na aula de Filosofia que isso de mudar um governo era fácil, mas mudar as mentalidades demorava muitos anos. Mas aguentei o choque e nunca deixei de participar na nossa vida democrática.

O mesmo não aconteceu nas comemorações destas datas marcantes. Naquela segunda metade da década de 70, o meu pai aproveitava os dois feriados para lavrar e semear as terras serranas que havíamos herdado dos avós maternos: Ribeiro Dom Bento e Horta de Estêvão. Só nessa altura elas estavam prontas para a lavoura e toda a família era mobilizada, sem contemplações, como no ano em que organizei, como membro da direção do Clube, um jogo de futebol entre solteiros e casados para o 1.º de Maio ou o ano do meu estágio como professor, em que passei um longo fim de semana, como o deste ano, a trabalhar e só à noite tinha tempo para planificar a semana de aulas que me cabia nos dias seguintes. Claro que deu mau resultado!

Mas a verdade é que fiquei preso a esses anos e nunca a posterior vida citadina me encheu tanto as medidas como aqueles dias a sentir o despertar da terra. Fico por aqui, mas com a cabeça lá.

Viva a liberdade de eleger e ser eleito, a liberdade de lutar por uma vida digna, a liberdade de ser quem somos!

José Teodoro Prata

2 comentários:

Anônimo disse...

Cumprido o dever cívico, ontem, na Avenida da Liberdade. Eu e muitos, muitos mais.
Volto daqui a um ano.
J Miguel Teodoro

Anônimo disse...

A sabedoria do padre Vaz! Mas a participação cada vez maior e de gente muito jovem nas celebrações do 25 de Abril dão alguma esperança.