Amanhã comemora-se o 25 de Abril e logo a seguir o 1.º de Maio de
1974. Foram e são momentos marcantes na história da nossa jovem democracia.
Este ano com importância acrescida, pois amanhã completa-se meio século das
primeiras eleições livres após os 48 anos de ditaduras (Militar e do Estado
Novo) que sufocaram Portugal. Foi nestas eleições que se elegeram os deputados
à Assembleia Constituinte, a qual redigiu a Constituição democrática que nos serve
de guia, a nossa bíblia.
Nestas eleições de 1975, a percentagem de votantes foi de 91%,
tal era a sede de participação cívica dos portugueses! Depois começou a decrescer,
talvez porque muitos julgassem que isto de fazer um país é coisa fácil. Até os
compreendo, pois senti essa inquietação quando, no 25 de abril de 74, um
professor, o padre Vaz, disse na aula de Filosofia que isso de mudar um governo
era fácil, mas mudar as mentalidades demorava muitos anos. Mas aguentei o
choque e nunca deixei de participar na nossa vida democrática.
O mesmo não aconteceu nas comemorações destas datas marcantes.
Naquela segunda metade da década de 70, o meu pai aproveitava os dois feriados
para lavrar e semear as terras serranas que havíamos herdado dos avós maternos:
Ribeiro Dom Bento e Horta de Estêvão. Só nessa altura elas estavam prontas para
a lavoura e toda a família era mobilizada, sem contemplações, como no ano em que organizei, como membro da direção do Clube, um jogo de futebol entre
solteiros e casados para o 1.º de Maio ou o ano do meu estágio como professor,
em que passei um longo fim de semana, como o deste ano, a trabalhar e só à noite tinha tempo para planificar a semana de aulas que me cabia nos dias
seguintes. Claro que deu mau resultado!
Mas a verdade é que fiquei preso a esses anos e nunca a
posterior vida citadina me encheu tanto as medidas como aqueles dias a sentir o
despertar da terra. Fico por aqui, mas com a cabeça lá.
Viva a liberdade de eleger e ser eleito, a liberdade de lutar
por uma vida digna, a liberdade de ser quem somos!
José Teodoro Prata
2 comentários:
Cumprido o dever cívico, ontem, na Avenida da Liberdade. Eu e muitos, muitos mais.
Volto daqui a um ano.
J Miguel Teodoro
A sabedoria do padre Vaz! Mas a participação cada vez maior e de gente muito jovem nas celebrações do 25 de Abril dão alguma esperança.
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