Pintura de Nuno Gonçalves, séc. V, Museu Nacional de Arte
Antiga
Vicente de Saragoça foi um diácono cristão que sofreu o
martírio pelos romanos, em Valência, no ano de 304. A sua recusa em
abdicar da sua fé cristã tornou-se um exemplo para os outros cristãos. Foi e é venerado
como santo, culto que se prolongou pelos períodos visigótico e árabe e após a
Reconquista Cristã. Entre as muitas localidades e igrejas portuguesas de que
é orago, contam-se a Diocese do Algarve e
o Patriarcado de Lisboa, em
cuja Sé se encontram as suas principais
relíquias.
Os muçulmanos deixaram-nos notícias do seu culto, em texto
reproduzido no livro “Portugal na Espanha Árabe” de António Borges Coelho.
“E quando [Abderramão] entrou em Valência [780], tinham aí os
cristãos que aí moravam o corpo de um homem que havia nome Vicente; e oravam-no
como se fosse Deus. E os que tinham aquele corpo faziam crer a outra gente que
fazia ver os cegos e falar os mudos e andar os cepos. E quando os cristãos
viram Abderramão, houveram medo dele e fugiram com ele. E disse Abulfacem, um
cavaleiro natural de Fez, que andava com sua companha a monte [pirataria] na
ribeira do mar: que achara, em cabo da serra que vem por mar sobre o Algarve e
entra em aquele mar de Lisboa [cabo de São Vicente], o corpo daquele homem com
aqueles que fugiram de Valência com ele, e que fizeram aí casas em que moravam.
E que ele matara os homens e deixara aí os ossos do homem […].”
D. Afonso Henriques teve conhecimento destes factos e ordenou
que trouxessem, secretamente, os ossos do santo para Lisboa, recém-conquistada.
José Teodoro Prata
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