Permitam-me que faça aqui o elogio da oliveira carrasquenha. Ela é a parente pobre do olival e está a tornar-se rara, mas ainda vai resistindo, talvez porque os nossos mais velhos tinham inscrito no seu ADN a biodiversidade.
Tenho uma oliveira carrasquenha e só este ano me apercebi de que não me dá cuidados nenhuns. A galega é tão delicada que basta chover sem fazer frio, enche-se de gafa e cai de podre. A bical não se dá na meia altitude da serra e por isso quase não produz. A cordovil é bem boa, mas não somos só nós a gostar dela, a mosca também e por isso facilmente nos aparece bichada. Andava eu nestas reflexões quando me aproximei da oliveira carrasquenha. Ali estava uma amiga fiel, sempre com meia carga ou a vergar de peso, raramente com bicho, nunca com gafa.
Desconfio que ela vem diretamente dos primórdios, sem mutações genéticas como acontece com quase todas as nossas árvores domésticas. Por isso é mais resistente à gafa e a outras pragas.
Tenho uma oliveira da CEE, já grande, que ainda não deu nada e já decidi: para o ano, em março, vou fazer uma homenagem à minha boa amiga e enxertá-la de oliveira carrasquenha!
José Teodoro Prata