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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O nosso falar: coebulhos

Esta é uma palavra do outro mundo, ou melhor, de outros mundos.
Quando há anos a encontrei, no livro de atas da Câmara de São Vicente da Beira, primeiro achei estranho e depois senti uma inquietação.
Vasculhei nas minhas memórias e ela lá apareceu: eram uns farrapos velhos muito sujos a que a minha mãe chamava cadabulhos, num tempo em que não havia caixotes do lixo para deitar fora o que já só incomodava.
Uma postura municipal de 1769 proibia a lavagem de coebulhos na ribeira e nos ribeiros, «...no tempo em que durar o alagar dos linhos...», para não os sujarem e enegrecerem. A multa era pesadíssima: 4 mil réis, o ordenado de mais de dois meses de um jornaleiro!