Francisco Patrício Leitão
Francisco Patrício Leitão nasceu em São Vicente
da Beira, no dia 17 de setembro de 1894. Era filho de José Patrício Leitão e
Bárbara de Oliveira, proprietários e moradores na rua do Convento.
Alistou-se no dia 9 de julho de 1914, como recrutado,
e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, no dia 13 de maio
de 1915. Sabia ler, escrever e contar e tinha a profissão de jornaleiro. Foi
vacinado.
Ficou pronto da instrução da recruta em 28 de agosto
e foi licenciado a 29 do mesmo mês, domiciliando-se novamente em São Vicente da
Beira. Voltou a apresentar-se no dia 16 de setembro e, em 15 de abril de 1916,
foi promovido a 1.º Cabo.
Fazendo parte do CEP, embarcou para França, no
dia 21 de janeiro de 1917, integrado na 1.ª Companhia do 2.º Batalhão do
Regimento de Infantaria 21, no posto de 1.º Cabo, com o n.º 515, chapa de
identificação n.º 8737.
O seu boletim individual do CEP esclarece pouco
sobre o percurso de Francisco no teatro de guerra, para além de que participou
no raide efetuado pela sua companhia, em 9 de março de 1918, e que esteve na
Linha de Aldeia, desde 20 de janeiro até 6 de fevereiro.
Regressou a Portugal, no dia 28 de fevereiro de
1919, a bordo do vapor inglês Helenus.
Passou ao Regimento de Infantaria de Reserva 21,
em dezembro de 1924, e à reserva efetiva, no mês de agosto de 1928.
Louvores e condecorações:
- Louvado pela
coragem demonstrada durante o raide realizado pela sua companhia, no dia 9
de março de 1918.
- Medalha comemorativa
das campanhas do Exército Português em França.
Família:
Francisco Patrício Leitão casou com Maria
Santiago, natural do Ninho do Açor, no dia 3 de junho de 1922 (Maria Santiago
ficou conhecida em São Vicente como Maria do Ninho). Deste casamento nasceu
apenas um filho: Emídio Patrício Costa Andrade que partiu ainda jovem para
estudar, dizem que primeiro no seminário e depois em Lisboa, onde se formou em
engenharia. Emídio Patrício foi casado e teve dois filhos (não foi possível
confirmar este dado). Viveu muitos anos em Angola e, quando regressou a
Portugal, ficou a residir com a família em Lisboa. Poucas vezes voltou à terra
depois da morte dos pais, pelo que não há muitas memórias dele em São Vicente.
Francisco Patrício Leitão trabalhou durante
muitos anos em São Fiel (inicialmente na secção do Sanatório e mais tarde no
Reformatório), para onde entrou em agosto de 1933 e onde tinha as funções de
vigilante/porteiro. Fazia o caminho sempre a pé, muitas vezes acompanhado pelo senhor
Joaquim dos Santos, que nessa altura também lá trabalhava como professor de
música. Contam que uma vez, ao regressar a casa, já de noite, chovia tanto que
quando ia para atravessar a ribeira do Louriçal (Ocreza) foi arrastado pela água.
Valeram-lhe uns choupos que havia um pouco mais abaixo, que evitaram que fosse
na enxurrada. Só deram por ele já no dia seguinte, felizmente ainda com vida,
mas muito maltratado.
Para além do trabalho em São Fiel, geria
algumas propriedades que tinha, quer no Ninho do Açor, heranças da mulher, quer
em São Vicente da Beira.
A esposa faleceu em Lisboa, no ano de 1979, e
ele terá falecido uns anos depois. Não foi possível apurar ao certo a data e o local
da sua morte, uma vez que não consta nenhuma informação no seu registo de
batismo, nem no livro de enterramentos do cemitério desta Vila. É provável que
tenha falecido também em Lisboa, já nos anos oitenta do século passado.
(Pesquisa
feita com a colaboração de várias pessoas de São Vicente e funcionários da
Tapada da Renda, Louriçal do Campo)
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"