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quinta-feira, 1 de julho de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Francisco Patrício Leitão

 

Francisco Patrício Leitão nasceu em São Vicente da Beira, no dia 17 de setembro de 1894. Era filho de José Patrício Leitão e Bárbara de Oliveira, proprietários e moradores na rua do Convento.

Alistou-se no dia 9 de julho de 1914, como recrutado, e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, no dia 13 de maio de 1915. Sabia ler, escrever e contar e tinha a profissão de jornaleiro. Foi vacinado.

Ficou pronto da instrução da recruta em 28 de agosto e foi licenciado a 29 do mesmo mês, domiciliando-se novamente em São Vicente da Beira. Voltou a apresentar-se no dia 16 de setembro e, em 15 de abril de 1916, foi promovido a 1.º Cabo.   

Fazendo parte do CEP, embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, integrado na 1.ª Companhia do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, no posto de 1.º Cabo, com o n.º 515, chapa de identificação n.º 8737.



O seu boletim individual do CEP esclarece pouco sobre o percurso de Francisco no teatro de guerra, para além de que participou no raide efetuado pela sua companhia, em 9 de março de 1918, e que esteve na Linha de Aldeia, desde 20 de janeiro até 6 de fevereiro.

Regressou a Portugal, no dia 28 de fevereiro de 1919, a bordo do vapor inglês Helenus.

Passou ao Regimento de Infantaria de Reserva 21, em dezembro de 1924, e à reserva efetiva, no mês de agosto de 1928.

Louvores e condecorações:

  • Louvado pela coragem demonstrada durante o raide realizado pela sua companhia, no dia 9 de março de 1918.
  • Medalha comemorativa das campanhas do Exército Português em França.


Família:

Francisco Patrício Leitão casou com Maria Santiago, natural do Ninho do Açor, no dia 3 de junho de 1922 (Maria Santiago ficou conhecida em São Vicente como Maria do Ninho). Deste casamento nasceu apenas um filho: Emídio Patrício Costa Andrade que partiu ainda jovem para estudar, dizem que primeiro no seminário e depois em Lisboa, onde se formou em engenharia. Emídio Patrício foi casado e teve dois filhos (não foi possível confirmar este dado). Viveu muitos anos em Angola e, quando regressou a Portugal, ficou a residir com a família em Lisboa. Poucas vezes voltou à terra depois da morte dos pais, pelo que não há muitas memórias dele em São Vicente.

Francisco Patrício Leitão trabalhou durante muitos anos em São Fiel (inicialmente na secção do Sanatório e mais tarde no Reformatório), para onde entrou em agosto de 1933 e onde tinha as funções de vigilante/porteiro. Fazia o caminho sempre a pé, muitas vezes acompanhado pelo senhor Joaquim dos Santos, que nessa altura também lá trabalhava como professor de música. Contam que uma vez, ao regressar a casa, já de noite, chovia tanto que quando ia para atravessar a ribeira do Louriçal (Ocreza) foi arrastado pela água. Valeram-lhe uns choupos que havia um pouco mais abaixo, que evitaram que fosse na enxurrada. Só deram por ele já no dia seguinte, felizmente ainda com vida, mas muito maltratado.



Para além do trabalho em São Fiel, geria algumas propriedades que tinha, quer no Ninho do Açor, heranças da mulher, quer em São Vicente da Beira.

A esposa faleceu em Lisboa, no ano de 1979, e ele terá falecido uns anos depois. Não foi possível apurar ao certo a data e o local da sua morte, uma vez que não consta nenhuma informação no seu registo de batismo, nem no livro de enterramentos do cemitério desta Vila. É provável que tenha falecido também em Lisboa, já nos anos oitenta do século passado.

 

(Pesquisa feita com a colaboração de várias pessoas de São Vicente e funcionários da Tapada da Renda, Louriçal do Campo)

Maria Libânia Ferreira

Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"