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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dona Úrsula

A única mulher que deu nome a uma rua, em São Vicente da Beira, chamava-se Úrsula Maria Robalo(Roballa,na época) e nasceu em Vila Velha de Ródão, de pais residentes nas Sarzedas, onde viveu até casar. O matrimónio foi anterior a 1720, com António Velho de Brito, natural de Monsarraz e Capitão de Cavalos, em Morão.
O casal fixou residência em São Vicente, talvez porque o noivo, reformado da vida militar, tenha decidido voltar à terra dos seus antepassados, pois aqui havia pessoas com o apelido Velho de Brito. Mas esta é apenas uma hipótese.
A documentação da época refere 6 filhos deste casal: Antonio (nascido em 1720), Joana, Francisco (a mãe deixou duas missas por sua alma), Isabel e Constança (a mãe deu, em testamento, um cadeado de ouro a cada uma) e Luís Nogueira de Brito, seu testamenteiro.
Dona Úrsula faleceu, no dia 8 de Julho de 1764. Teria pouco mais de 20 anos quando casou e veio morar para São Vicente. Aqui viveu mais de 40 anos, sendo considerada de São Vicente, pelo Cura Domingos Gaspar, que registou o seu óbito e o seu codicilo(pequeno testamento).
A Câmara deu o seu nome à rua onde morava e também é lembrada na toponímia de uma propriedade, a Tapada de Dona Úrsula.
Em 1775, a casa onde Dona Úrsula vivera já estava sem morador e, no ano de 1779, o seu filho Luís Nogueira de Brito não vivia em S. Vicente da Beira. Em 1808, a azenha deste, na Torre, já andava na posse dos seus herdeiros.


Codicilo de Dona Úrsula Robalo:
(Linguagem e pontuação actualizadas)

«Primeiramente, deixa que seu corpo seja sepultado na Igreja Matriz desta vila de São Vicente da Beira e que, sendo horas competentes, se lhe faça uma vigília do uso da Igreja. No dia do seu falecimento, acompanhem seu corpo os clérigos da freguesia e lhe digam missa por sua alma cada um. E o ofício devido da Igreja se lhe faça o mais breve que puder ser.
Deixa mais, por sua alma, cinquenta missas; item deixa as três missas de Santa Catarina; deixa por alma de seu marido, dez missas; por alma de seu pai e mãe, oito missas; por alma de seu filho Francisco, duas; pelas almas do Purgatório, duas; por penitências mal cumpridas, duas; pelos irmãos das Irmandades a que tiver faltado com as rezas, duas; ao Anjo da sua Guarda, uma missa; à santa do seu nome, uma; ao Santo Nome de Jesus, uma; à Senhora do Rosário, uma.
Deixa que a acompanhem todas as Irmandades desta freguesia e a cada uma lhe deixa meio alqueire de centeio.
Declara ela testadora que, depois de seu bem de alma satisfeito e dívidas pagas, deixa o que … (sobrar) da sua terça a sua filha Dona Isabel. Deixa que a um rapaz que criou, chamado Vicente Velho, de Maria de Sousa, lhe mandem ensinar um ofício ou lhe dêem dinheiro para comprar uma besta menor.
E roga a seu filho Luís Nogueira Velho que, pelo amor de Deus, queira ser seu testamenteiro, de quem fia, como bom filho que foi sempre, dará inteiro cumprimento a esta sua disposição.
Declarou mais ela dita testadora, na presença das testemunhas neste codicilo assinadas, que deixava mais uns cadeados de ouro a sua filha Dona Isabel e a sua filha Dona Constança, pelo amor de Deus, por ser assim a sua última vontade.»
(Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registos Paroquiais de São Vicente da Beira, Óbitos, microfilme 145)


Genealogia de Dona Úrsula Robalo:

1. António Nogueira era filho de António Nogueira, senhor de um morgado com capela na Igreja das Sarzedas, onde moravam. Casou com Isabel Tavares.
2. António Nogueira de Tavares “o Velho", filho dos anteriores, casou com Filipa Rodrigues Peres e foi Capitão-Mor das Sarzedas.
3. Um filho deste casal, Domingos Nogueira Peres, nascido nas Sarzedas, em 1627, foi também Capitão-Mor das Sarzedas. Depois serviu na Guerra da Restauração (1640-1668), no posto de Capitão de Infantaria de Auxiliares. O Terço de Infantaria de Auxiliares, também chamado Terço das Ordenanças, agrupava 3000 soldados das ordenanças locais e, em 1796, passou a chamar-se Regimento de Milícias. Casou, em S. Vicente da Beira, com Maria de Lemos, no ano de 1653. Ficou a viver na Vila, onde foi Capitão-Mor e faleceu, em 1685. Em S. Vicente da Beira, foi senhor da Casa dos Nogueiras.
4. Leonor Nogueira, também filha de António Nogueira de Tavares “o Velho” e de Filipa Rodrigues Peres (n.º 2), casou com Diogo de Sequeira Pecegueiro, na povoação de Álvaro, mas ficou a morar nas Sarzedas, pois aí nasceram os filhos do casal.
5. Margarida Nogueira de Andrade, filha da n.º 4, nasceu nas Sarzedas, em 1630, e casou com Pedro Luís da Costa, de Tinalhas. Também residiram nas Sarzedas, pois aí nasceram os seus cinco filhos.
6. Luís Nogueira da Costa, filho da n.º 5, casou, nas Sarzedas, com Maria Robalo de Abreu.
7. Úrsula Maria Robalo, filha do n.º 6, nasceu em Vila Velha de Ródão, mas o seu registo de casamento atribui-lhe a naturalidade das Sarzedas, pois terá lá vivido até casar. Depois residiu em S. Vicente da Beira, onde casou com António Velho de Brito, de Monsarraz. O casal teve seis filhos: António e Francisco, que faleceram antes da mãe; Isabel e Constança, a quem sua mãe deixou alguns bens em codicilo; Luís Nogueira de Brito, que as genealogias não referem, mas sabemos ter sido testamenteiro de sua mãe e dono de uma azenha na Torre; Joana Úrsula de Abreu Velho, que segue.
8. Joana Úrsula de Abreu Velho, filha da n.º 6, nasceu em S. Vicente da Beira, no ano de 1724, e casou no Freixial do Campo, em 1744, com Francisco Ribeiro da Costa, filho de Manuel Jordão da Costa e de Margarida Josefa.
9. António Velho de Brito, filho da n.º 7, nasceu nas Sarzedas, em 1746, e casou em Lisboa. Foi alferes de Cavalaria n.º 4.