terça-feira, 30 de julho de 2013

Gafanhotos na Orada

Voltei hoje à Senhora da Orada e vi que, felizmente, da praga de gafanhotos que por lá andava há pouco mais de uma semana, já restam muito poucos. Não sei se é milagre da Senhora, se houve alguma intervenção química ou se é resultado do ciclo de vida normal daquela espécie. Seja como for, é uma boa notícia para todos os que queiram ir até lá nesta altura, seja para beberem aquela água bem fresquinha ou, na quarta feira, comerem os restos da festa.



M. F. Ferreira

sábado, 27 de julho de 2013

A festa da inauguração


O descerrar da placa inaugural


A benção


Os discursos


Os primeiros mergulhos


A jantarada, na Praça

Dário Inês, Inês Teodoro e Luzita Candeias

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Inauguração da piscina

É já amanhã, dia 26 de julho, sexta-feira, pelas 18 horas.
Vamos estar todos presentes!


Foto do Dário Inês

José Teodoro Prata

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A magia da cidade

Desci à cidade, por uns dias. Eu e o meu primo, com as nossas mães, ficámos numa casa a meio da Rua de Santa Maria, de uma família do Casal da Serra, conhecida das nossas mães. Vínhamos ao exame da 4.ª classe, ali bem perto, na Escola do Castelo. Primeiro foi a prova escrita. Não correu mal, embora eu desconfiasse muito da minha escrita, farto que estava de apanhar reguadas por causa dos erros.
Depois houve um ou dois dias de espera e passámos parte do tempo dentro de casa, entre o sofá e a janela rente à rua, como animais enjaulados, senhores que éramos das barreiras da Gardunha.
Numa das noites foi diferente. Havia as Festas da Cidade e fomos passear. Era de noite e parecia de dia, toda a cidade iluminada como que por magia. Passei por baixo da ponte por cima da rua, que eu desenhara na escola, para um concurso. Era tal e qual como no postal, talvez com menos vasos de flores que tanto trabalho me tinham dado a desenhar. Percorremos o Parque da Cidade, no meio de um formigueiro de pessoas felizes. Havia aparelhagem como nas nossas Festas de Verão. Também vinha música de uma varanda um pouco abaixo do castelo, toda iluminada e cheia de gente. Parecia que andava num mundo irreal, aliás já desaparecera quando por lá passei, passados uns dias, de regresso a casa.
Voltei à Escola do Castelo e a prova oral não correu nada bem. Troquei uns rios, enervei-me e já nem sabia o que dizia. No final, a Dona Natália afiançava a passagem de todos, menos a minha. Ela e a minha mãe estavam preocupadas e eu à rasca, de cabeça baixa, a riscar o chão térreo do pátio da escola com a ponta do sapato ainda com o brilho de novo. Ia voltar com uma raposa para casa e passar vergonha! Mas correu bem e todos ficámos contentes.
A meio do verão fui uma semana ao Seminário do Tortosendo, pois dera o meu nome quando o Padre Lúcio foi à minha escola e nos falou dos missionários que ensinavam a doutrina aos pretinhos de África. A minha mãe escreveu para a França e o meu pai disse que sim, porque o irmão João também lá trazia os filhos.
Éramos mais de cem, vários de São Vicente, e passámos o tempo a fazer testes com perguntas difíceis e outras fáceis, como aquela da cor do cavalo branco do Napoleão. E havia uma piscina, num buraco fundo, lugar de prazeres e medos, habituado como estava às presas do ribeiro das Lajes, onde nadava apoiado nas mãos e nas pernas que batiam na lama do fundo.
Regressámos às nossas casas e semanas depois recebi uma carta a dizer que fora aceite e me preparasse. Por isso tive de voltar a Castelo Branco. Não foi dessa vez que vim com o meu pai e fomos matar o bicho, com um branquinho, ele um copo grande e eu um copo pequeno, na taberna da Quinta Nova, ali por detrás da Sé, onde parava a camioneta. O meu pai, bom conhecedor da cidade, por ser de lá e ter feito a tropa em Cavalaria, no quartel da Devesa, conhecia o dono e garantia que tinha uma pinga boa. Mas isso foi mais tarde, daquela vez veio a minha mãe comigo.
Tirei uma fotografia num fotógrafo perto da Devesa e depois fui fazer o bilhete de identidade. A senhora mediu-me e ficou impressionada: um metro e setenta e cinco! Acho que ela colocou a régua inclinada para cima, a meu favor, porque era baixinha e mal me chegava à cabeça. O certo é que essa medida vale até hoje.
A carreira só partia às quatro horas e por isso fomos almoçar num sítio ali perto. Chamava-se Pensão Central e ficámos sentados numa mesa ao pé da janela. O que comi, não me lembro, mas bebi a coisa mais saborosa que devia existir no mundo. A garrafa era esverdeada e a bebida doce fazia bolhinhas no copo e cócegas na boca e na garganta. Sítio maravilhoso a cidade!

Nota: Esta pequena história está publicada, na Agenda Cultural do Cine-Teatro (Câmara de Castelo Branco), no número de verão, o atual. Outras duas crónicas deste blogue foram publicadas na Agenda da Gardunha 2013, da organização Solstício, com sede na Soalheira. São elas "O lobo branco" e "A fuga".

José Teodoro Prata

terça-feira, 23 de julho de 2013

Da flor ao fruto


 Flor e fruto (ouriços com castanhas) do castanheiro
José Teodoro Prata

sábado, 20 de julho de 2013

Eles andam aí!

A praga de gafanhotos de que o Dário fala já desceu a encosta da Gardunha e chegou cá abaixo.
Fui ontem à tardinha à Senhora da Orada e são já aos milhares, tanto na estrada nova, como no terreiro da capela ou no caminho velho. Mete medo! 
Não sei se existe uma solução técnica para este problema e receio estar a falar do que não sei, mas tenho dúvidas se a persistência deste problema não será mais um daqueles casos em que o poder civil e religioso se responsabilizam mutuamente pelas situações e nada se resolve. Quanto a mim, esta separação já não se justifica em muitos casos, principalmente a nível local, e pode servir apenas para desculpabilizar ambas as partes de situações que nos envergonham a todos.     
É pena que um dos locais mais bonitos e com mais memórias da nossa terra não mereça mais atenção, principalmente numa altura em que muitos de nós que cá vivemos, e também muitos emigrantes e amigos que nos visitam, aproveitamos para nos reunir e matar saudades.
M. L. Ferreira


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pardais, melros, pintassilgos...

Bem me lembro deste poema [ver comentário do Zé Barroso, na publicação anterior], já não sei se do livro de leitura da telescola, ou dos primeiros anos do liceu. Mesmo sabendo que as palavras de Olavo Bilac são uma metáfora de tantas outras prisões a que a vida nos sujeita, foi a partir dele que tive consciência do mal que fazia quando andava aos ninhos e tirava os passarinhos, ainda mal vestidos, para os meter numa gaiola. Pensava eu que estava a protegê-los, mas acabavam quase sempre por morrer…
Talvez para me penitenciar por todo o mal que fiz em criança, agora não me importo muito se os pardais, os melros ou os pintassilgos do meu quintal andam por lá livremente e me comem as primeiras cerejas ou as alfaces acabadas de plantar. Quanto às andorinhas, é uma canseira andar sempre de vassoura e esfregona na mão para limpar tudo o que sujam; mas nada se compara à emoção de assistir a todas as fases e rituais por que passam, desde o refazer do ninho do ano anterior, até ao primeiro voo. Fazem ver a muitas famílias de humanos!
Na fotografia que a Luzita publicou, se não soubéssemos que os andoriscos estavam à espera de comida, mais parecia que estavam a posar para a máquina… Lindos!

M. L. Ferreira


O PÁSSARO CATIVO

Armas, num galho de árvore, o alçapão.
E, em breve, uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão.

Dás-lhe então, por esplêndida morada, a gaiola dourada.
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.

Por que é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho 
mudo, arrepiado e triste, sem cantar?

É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens os possam entender.
Se os pássaros falassem, 
talvez os teus ouvidos escutassem este cativo pássaro dizer:

"Não quero o teu alpiste!

Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste.
Tenho água fresca num recanto escuro.

Da selva em que nasci; da mata entre os verdores,
tenho frutos e flores, sem precisar de ti!

Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola de haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído de folhas secas, plácido, e escondido.

Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?

Quero saudar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!

Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...

QUERO VOAR! VOAR!..."

Estas coisas o pássaro diria, se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria, vendo tanta aflição.
E a tua mão, tremendo, lhe abriria a porta da prisão...


Olavo Bilac