domingo, 13 de julho de 2014

Festival de ranchos










As fotos não mostram quase nada. Foi muito bonito!
Bons artistas, organização esforçada e boa disposição.
Mas a grande novidade foi outra. Há sombra de uma árvore, colocaram-se umas cadeiras. Para as individualidades, pensaram todos. 
Qual quê? Encheram-se de idosos do lar da Misericórdia. As individualidades ficaram ao lado, de pé, e não se importaram nada!
Por isso a Libânia foi a grande heroína daquela tarde, a pessoa de quem toda a gente falava.

José Teodoro Prata

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Horta-jardim

Encontramo-la aquando do passeio da Feira, mesmo junto ao lagar arruinado da Natividade Lino.




A jardineira é a Madalena, mulher do Tonho da Sara.
José Teodoro Prata



A horta da Ti Madalena faz ver a muita gente! Como se vê, tem de tudo com fartura; para a família e para os vizinhos. E eu que o diga!
E quando lhe dizem que já é trabalho a mais para ela, responde logo que se querem tirar-lhe a vida, é tirarem-lhe aquela horta.

M. L. Ferreira

domingo, 6 de julho de 2014

Obedecer

Certo dia, alguns animais da comunidade juntaram-se na taberna do galo pedrês. A rua ia de mar a monte, o inverno bastante rigoroso não deixava fazer nada.
- Isto não pode continuar, indagou o galo de crista vermelha, o homem quer tudo para ele, tem a mania que é o nosso rei, faz de nós gato-sapato, muitos de nós acabamos numa travessa: guisados, assados... Queremos ser tratados como gente e não como animais que só servimos para trabalhar,  guardar, alimentar... Proponho que nos desloquemos à assembleia.
- Concordo, - respondeu o saltitão que já estava com um grão na asa - mandemos um representante de cada raça exigir uma vida mais digna para todos.
Enviaram um ofício a pedir uma reunião, alugaram autocarros e ei-los a caminho da capital.
- Senhor presidente, nós...
O gato miava, o cão ladrava, o burro zurrava, a galinha cacarejava, pintainho piava, o galo cocorocava; presidente dormitava, não escutava…
- Senhor presidente, senhor presidente! - miavam, ladravam, zurravam, cacarejavam, piavam, cocorocavam os presentes nas galerias.
- Silêncio! - grita o presidente - afinal o que é que vocês querem?
- Nós queremos, nós exigimos...
- Vão-se lá embora, cumpra cada um a sua missão, o poder vai continuar a ser para os poderosos e o servir para os servos. Não há outra solução.
- Mas nós queremos...
- Era só o que faltava! - murmurou o presidente para os secretários.
- Cada macaco no seu galho. - acrescentou o primeiro secretário, sussurrando ao ouvido do presidente.
- Vão em paz e que o Senhor vos acompanhe.
Regressaram, com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, fazendo cada um aquilo que sempre fez. Obedecer.


J.M.S

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Bem aventurados os humildes

Um dos sentimentos que calam fundo na alma de um Verbita é a humildade. Este sentimento é incutido desde o primeiro dia em que se ingressa naquela instituição, através do exemplo dado por aqueles que a ela dedicaram as suas vidas.
Faz agora meio século, para Agosto, que o Padre Jerónimo disse a sua primeira missa, em S. Vicente da Beira. Coincidiu esta festa com os meus exames para admissão no Seminário do Tortosendo e, por ser familiar do novo padre, tive o privilégio de vir à celebração.
Vim no  “carocha” velhinho com o Padre Lúcio a conduzir, o Padre Zé Vaz e o pequeno gigante: o Reitor Jorge Poljak (corrijam-me).
Correu tudo à maneira Verbita : Bem.
À hora de regressar ao Tortosendo, eu entrei no carro e sentei-me atrás, mais o Padre Zé Vaz.  O Padre Jorge, o Senhor Reitor do Seminário, entrou para a frente e, ao levantar um pouco a velha batina, para subir, mostrou sem querer as calças todas remendadas nos joelhos.
Eu tinha dez anos.
A simplicidade daquele homem tão humilde, mas que no  fundo foi das pessoas mais ricas que eu já conheci, deixou marca e uma certa inveja, por não ser capaz de alguma vez lhe chegar aos calcanhares.

Para alegrar um pouco o texto, vou contar duas coisinhas que li há muito tempo. Da primeira não me lembro o nome do autor  e a segunda é do Camilo Castelo Branco e é só para recordar, porque todos conhecem. Ambas têm a ver com a humildade:

Um pintor pintou uma pintura (rir s.f.f.) de uma jovem,  em tamanho natural,  e decidiu mostra-la  numa rua movimentada, escondendo-se por detrás do quadro, a fim de recolher opiniões das pessoas que passavam e eventualmente corrigir qualquer pormenor que lhe tivesse escapado.
Passa um sapateiro e, olhando para o quadro, reparou que numa das chinelas da jovem faltava a fivela e falou no facto. O pintor vai para casa e pinta a fivela na chinela. No dia seguinte, voltou para o mesmo sítio com a mesma intenção. Passa o sapateiro e fica todo contente por ver que o erro tinha sido emendado, mas, em vez de seguir caminho, faz uma segunda observação sobre um defeito qualquer no vestido. No dia seguinte, quando o sapateiro volta a passar para ver se havia sido feita a alteração que ele tinha apontado, vê por baixo do quadro o seguinte dístico: “NÃO SUBA O SAPATEIRO ACIMA DA SUA CHINELA” 

O  Camilo escreveu no  “Narcóticos“ uma historiazinha a que deu o nome  “O SENHOR MINISTRO“ que eu humildemente e com a devida vénia vou tentar resumir porque isto já vai longo.

É a história do Senhor Tibúrcio Pimenta, advogado no Porto, que alimentava o desejo de ser ministro do reino. Achava-se inclusive superior aos  ministros porque a sua coluna vertebral não se vergava a nada nem a ninguém.
Um dia de manhã cedo, ainda ele estava na cama,  batem à porta de sua casa. Era um senhor muito bem vestido que vinha entregar uma carta e dar os parabéns porque o Sr. Tibúrcio tinha sido nomeado ministro.
A  esposa, Dona Amália vai a correr ao quarto, acorda o marido e abre a carta sem a ler, para a dar ao doutor que se sentara estrovinhado na cama, a esfregar os olhos.
O doutor leu:
“Ex.mo Sr. Doutor Tibúrcio Pimenta - A Mesa da Venerável Ordem Terceira de  São Francisco desta cidade tem a satisfação de lhe participar que ontem, em reunião geral, foi Vossa Senhoria unanimemente eleito ministro da mesma Venerável Ordem Terceira de São Francisco.”
Tibúrcio machucou o papel, atirou-o ao tapete e disse:
- Não valia a pena acordares-me para isto, Amália.
E ela, com os olhos espantadamente espasmódicos na cara esquisita do marido, disse com um grande desalento:
- Ministro da Ordem Terceira de São Francisco! ORA BOLAS!!!

E.H.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Andorinhas

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, como diz Camões aqui lembrado  pelo Zé da Villa. E, pelos vistos, nem as andorinhas escapam a este desejo de mudança.

Este ano, em vez de fazerem o ninho no sítio habitual, resolveram montar casa em cima dum aparelho anti-insetos dependurado no teto da varanda.

Estive várias vezes para o esbarrondar, mas fui deixando… Nasceram estes três belos exemplares que, sempre de bico aberto, deram uma trabalheira aos pais e a mim. Mas valeu a pena!


Há tempos encontrei esta “poesia”. Pode não ter grande qualidade literária, mas talvez nos ajude a perceber a origem da crença que temos, desde há muito tempo, de que tirar um ninho de andorinhas é pecado:

Lenda das Andorinhas

Conta a lenda que, quando no Calvário
Jesus Cristo na cruz agonizava
Perante a turba vil que o apodava
De louco, charlatão e visionário,

Em face desse povo sanguinário
Que na hora da morte o insultava
Cristo sentiu que alguém o afagava,
Dando-se então um caso extraordinário:

Voou uma andorinha sobre a cruz
E da sagrada fronte de Jesus
Arrancou os espinhos docemente…

E Deus soube sentir tanto carinho!
Por isso onde a andorinha faz o ninho,
Paira a bênção de Deus constantemente.

                                                                               Laura Chaves

M. L. Ferreira

domingo, 29 de junho de 2014

PORTUGAL

Reconquista

José Teodoro Prata

Camões

Maior que a terra onde nasceste
Camões de vistas largas
Choraste lágrimas amargas
Incompreendido enquanto viveste
Os invejosos não descansaram
Enquanto não te desterraram
Foste um lutador incompreendido
Andaste por muitos locais, lados
Teus lusíadas ainda foram publicados
Contigo vivo, ainda foste reconhecido
Nasceste em Portugal
Onde? Não sei
Como já afirmei
Não sabemos o local
Tem sido feita de imaginação
A tua obra tem sido revestida
De encontros, desencontros, é a vida
Viveste a vida com muita paixão
Foste um homem extraordinário
Tua fama só depois da morte chegou
Foste um poeta que muito amou
Mas tiveste um mau fadário
Nunca foste rico, nobre
Eras um homem letrado
Apesar de não seres formado,

Foste sempre um cidadão pobre

Vê lá tu como são os poderosos
Sempre a vida te tramaram
Mas depois teus escritos usaram
Para se tornarem famosos
Foste um pobre soldado
Pela tua Pátria lutaste
Pela África e Ásia andaste
Sempre, sempre endividado
Foste um grande conquistador
De corações das damas nobres
Apesar de teres poucos cobres
Eras invejado, seu galanteador
Por isso foste desterrado
Primeiro para a vila de Belver
Depois Ceuta onde foste combater
Já eras então um homem marcado
Foste um poeta experimentado
Não foste um poeta qualquer
Dinamene era uma bela mulher
No teu tempo foste um poeta odiado
Alma minha que me deixaste
No meio do mar naufragada
Meu amor, minha amada
Porque me abandonaste
A obra que te deu a imortalidade
Conseguiste mesmo molhada salvar
Ao rei a pudeste declamar
É sempre nova, não tem idade
Príncipe dos poetas degredado
Morreste na mais vil e triste pobreza
Deixaste-nos os lusíadas, uma beleza
Numa vala comum foste enterrado
Ao longo dos séculos tens influenciado
Com a tua prosa, teu estilo prosador
Muitos poetas, grande senhor
És o nosso poeta mais amado
Pelos Lusíadas Camões, OBRIGADO
São uma mensagem de esperança
Ao povo Luso transmitem confiança
Por todos os povos lusófonos és exaltado

Zé da Villa

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Javali

José Teodoro Prata