domingo, 5 de abril de 2015

A Procissão dos Passos


Foram muitos os Vicentinos e amigos que este ano vieram passar a Páscoa à terra. Juntamente com os que cá estamos, as procissões da Semana Santa quase nos lembraram as de antigamente.
Mas o padre Zé, logo no início do Sermão do Encontro, na Fonte Velha, lembrou também os muitos conterrâneos que, embora quisessem, não puderam cá estar. É especialmente para esses que vão estas fotografias. Que pena não poder mandar também um pouco do som das marchas da nossa banda a acompanhar as procissões.


Na Fonte Velha, Jesus encontra a sua Mãe e S. João.


“Vós que passais, olhai e vede se há dor maior que a minha.” 
(É mais ou menos esta a tradução do cântico da Verónica traduzindo a dor de Maria.)

A caminho do Calvário.
 
As Três Marias choram a morte de Jesus.

Jesus é descido da cruz...

…e depositado amorosamente no caixão.


M. L. Ferreira

sábado, 4 de abril de 2015

Anjinhos


Contam-me que foram grandiosas as cerimónias religiosas da Semana Santa.
Mais uma prova da vitalidade da nossa comunidade.

Ernesto Hipólito e José Teodoro

sexta-feira, 3 de abril de 2015

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Semana Santa



-A vila vicentina orgulha-se em manter e preservar usanças quaresmais, muito embora algumas sejam saudade mas…

-No entrudo o Santíssimo ficava exposto solenemente no altar para desagravo dos excessos cometidos durante aquele período. As autoridades fechavam os olhos (caqueira, choradelas de entrudo, jogos ilícitos...).
Jã não existe o fulgor e a fé de antanho.
-Quarta-feira de cinzas  o celebrante ainda coloca as cinzas na cabeça dos crentes (lembra-te homem que és pó...) As imagens eram tapadas com panos pretos (só eram retirados sábado de aleluia), os altares desnudados de todo e qualquer ornamento floral, a música sacra impunha-se.

-Todos os domingos da quaresma ainda se realiza a ladainha, cantam-se os martírios e faz-se a encomendação das almas.
Ó almas que estais dormindo
Nesse sono tão profundo
Rezemos um padre-nosso
Pelas almas do outro mundo
-Tempo de jejum, de abstinência (a bula ajudava) de penitência.
-A Ordem terceira no terceiro domingo da quaresma (quando pode) organiza a procissão penitencial (procissão dos terceiros) sempre bela e grandiosa, atrai muitos crentes e forasteiros à vila para participarem ou simplesmente assistirem à sua passagem.
O primeiro andor a sair representa Adão e Eva a serem expulsos do Paraíso Terreal pelo arcanjo São Miguel (foram os nossos primeiros pais). Enquanto viveram no Paraíso a felicidade era total, veio a serpente tentadora(se comerdes sereis iguais a Deus...) O que aconteceu depois foi a expulsão; apesar disso o Pai nunca os abandonou (comereis o pão com o suor do vosso rosto), arrependeram-se e foram perdoados.
O perdão transporta consigo a paz, o amor (São Francisco o arauto da concórdia, do amor fraterno...) Nesta procissão penitencial surge o Senhor do Sofrimento, o Senhor da Dor, o Senhor dos Passos. O segundo Adão.
Toda a noite andou da casa de Anás para a casa de Caifás, depois do governador Pilatos ter lavado as mãos (não encontro nada neste Homem que o possa condenar...) colocaram nos Seus ombros um pesado madeiro, percorreu as ruas de Jerusalém até ao monte calvário onde O crucificaram.
São Francisco foi um verdadeiro seguidor de Cristo, transmissor da Sua Palavra. Reis, príncipes, rainhas, gente letrada, anónima; seguiram-no.
No nosso tempo continua-se a admirar e a seguir seus ensinamentos, seu exemplo. Abandonou a riqueza deste mundo para se tornar no povorello.
(...) São Luís rei de França (primo do nosso rei D. Afonso III) São Ivo, advogado; rainha Santa Isabel de Portugal; Santa Clara de Assis; Santo António de Lisboa...
-Domingo de Ramos recorda-nos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (dias depois a mesma multidão que o aclamou, que o aplaudiu, foi a mesma que pediu a sua morte (ontem como hoje vá lá a gente compreender os homens) Crucifiquem-No, soltem o malfeitor...
Torturado, açoitado, coroado com grossos espinhos, Jesus expirou.
Homens piedosos colocaram-No num túmulo novo, as autoridades precaveram-se com receio que os seus seguidores O viessem roubar, puseram soldados a guardar o túmulo
-A vila vicentina quinta-feira santa à noite realiza a procissão do Ecce Homo que lembra essa tragédia.
Sexta-feira a paixão continua com a procissão do encontro, a crucificação no calvário e à noite a comovente procissão do enterro do Senhor.
-A minha mãe contava (eu era muito pequenina) que eu estive às portas da morte, agarrou em mim meteu-me numa canastra trouxe-me à cabeça desde o Vale Figueira aqui para o hospital. Naquele tempo não havia estradas. só veredas cheias de mato. A minha mãe contava que eu fiquei a chorar quando me deixou no hospital; ela chorava também.
Foi ter à casa da senhora Maria José Lopes (eram muito amigas) e lá dormiu.
Ao outro dia de manhã estava à porta do hospital. Eram tempos desgraçados, mas havia mais alegria que agora...
A minha mãe era para vir às cerimónias da semana santa já não veio, a alegria era pouca.
Olhe, o povo despovoava-se, trazíamos merenda, comíamos na quinta da senhora Dª Maria, vínhamos todos a pé, não havia automóveis, nem estradas. Todos os mortos eram enterrados na vila, vinham em carros de bois.
-Ao terceiro dia ressuscitou...
Passach, páscoa em hebraico, recorda a libertação do povo hebreu da servidão do Egipto
Para os cristãos é a celebração, a festa da ressurreição de Jesus Cristo.
Festa da alegria, da renovação (as casa eram caiadas, as cantareiras forradas com papel novo, bolos de páscoa...
O Senhor ressuscitado entrava pelas casas dentro festivamente engalanadas, toda a família O beijava docemente.
Ovos cheios de guloseimas, significam o renascimento, a fartura, a explosão das flores na mãe natureza.
Para mim o melhor ovo não tem nada dentro, está vazio tal qual o túmulo de Cristo ficou vazio porque Jesus venceu a morte, ressuscitou.
Uma boa Páscoa para todos.
-P.S. O peditório que se realizou no dia 29, para colmatar as despesas da Semana Santa,  rendeu para cima de oitocentos euros, as pessoas são generosas. Em nome da Santa Casa, BEM HAJAM.

J.M.S

terça-feira, 31 de março de 2015

Jejuns e abstinências



Quando eu era pequenito, já se contavam  graçolas sobre os padres e sobre a religião. Certamente sempre foi assim.
Mal cheirava a Semana Santa, começava-se a ouvir dizer que os padres comiam bons almoços e jantares e não respeitavam o período quaresmal, o qual acarreta várias obrigações. Ele era o bom cabrito assado, a boa vitela, tudo em abundância e bem regado.
No entanto, segundo a minha avó, havia um padre que era muito sovina. Até a própria criada, a Maria,  andava mal arranjada e com roupas muito velhas.
Numa Semana Santa, esse padre convidou vários colegas para o ajudarem nas cerimónias. Quando se reuniram pela primeira vez, repararam no desleixo em que andava a empregada e pensaram em fazer uma vaquinha por todos eles, para comprarem roupa nova à moça. O padre, que também era patrão, negou-se terminantemente a pagar a sua parte.
Vai daí,  os colegas agarraram nele e estenderam-no de barriga para baixo em cima da mesa, baixaram-lhe as calças e meteram-lhe uma vela acesa num sítio onde não chega a luz do sol.
No Domingo de Páscoa, à hora do almoço, aparece a Maria muito bem arranjada, com vestimenta nova, que dava gosto ver.
Começa então de lá um dos padres a cantar em cantochão:
Aí vem a Maria bem composta
À minha custa e à vossa.”
Responde de lá o patrão da Maria, também a cantar:
E eu que não tinha dinheiro
Fizeram-me do cu um candeeiro!!!”

E.H.