Pontos prévios: Sou amigo, primo e cunhado do fotogénico provedor da nossa Misericórdia, e de esquerda, embora sem partido. Não procurei documentar-me especialmente sobre os assuntos que vou abordar, tenho apenas as informações que me foram chegando, como qualquer cidadão.
1. Como se previa, a candidatura independente do Rui Amaro Alves animou estas autárquicas, obrigando as outras candidaturas a um esforço suplementar de reflexão e apresentação de propostas aos eleitores. Acabou por ser prejudicado pelo voto útil resultante da disputa pelo poder entre o Sempre e o PS, mas penso que alcançou os seus objetivos (dar-se a conhecer e às suas propostas para o concelho), até porque não tinha implantação concelhia para ir mais longe.
2. São Vicente, a Santa Casa da Misericórdia e o Adelino Costa saltaram para as “bocas” da comunicação social local e nacional, pelo facto do Adelino integrar a lista do Sempre à nossa Assembleia de Freguesia, em lugar elegível, e simultaneamente a Câmara Municipal ter atribuído 250.000 euros à instituição que ele dirige como provedor. Como a Câmara Municipal se tornou, nos últimos meses, quase uma agência da candidatura do Sempre de Luís Correia (impressão generalizada que terá contribuído para o mau resultado eleitoral do Sempre junto do eleitorado urbano de Alcains e Castelo Branco e Cebolais-Retaxo - aqui foi eleita a lista de Sempre para a Junta, mas votou-se maioritariamente no PS para a Câmara e Assembleia), imediatamente se fez uma associação entre o dinheiro recebido pela Misericórdia e a candidatura do Adelino Costa. Não tenho informação privilegiada, mas partilho convosco o conhecimento que tenho sobre o assunto.
A renovação da cozinha do Lar da Misericórdia era uma necessidade e um imperativo legal que já vinha a ser negociada entre a anterior Mesa e a Câmara. O valor de 250.000 euros foi a quantia que a Câmara já atribuíra a um lar de outra freguesia do concelho para equipar a sua cozinha. Se o processo foi apressado para favorecer a candidatura apoiada pela Câmara e se teve como contrapartida a candidatura do Adelino só os envolvidos o saberão. Mas o que faria cada um de nós se estivesse no lugar do provedor da Misericórdia?
3. Estas eleições surpreenderam-me pela positiva, pela emergência de um político que muitos inicialmente menosprezaram e na campanha se revelou um líder excecional. Leopoldo Rodrigues, o Presidente da Câmara eleito, revelou-se um homem bom (já era) e um grande político: calou muitas sujeiras que lhe foram fazendo; rodeou-se de uma equipa jovem e dinâmica; foi buscar os antigos líderes socialistas locais; uniu o partido, fraturado pelas atitudes que Luís Correia tomara na Câmara (João Carvalhinho e Fernando Raposo); ele e a sua equipa elaboraram e apresentaram propostas para muitos setores da nossa vida comunitária. O futuro dirá se ele e a sua equipa têm futuro na Câmara, mas para já Castelo Branco ganhou um grande líder.
4. Na nossa terra, é tempo de unir ideias e vontades. É natural que uma campanha eleitoral tão intensa tenha deixado ressentimentos, mas a partir de agora a única atitude correta é unirmo-nos para tornar agradável a nossa vida comunitária. Pela minha parte, estou disponível para colaborar em tudo o que for necessário.
José Teodoro Prata