No «Anno de Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oito centos e trinta e seis, em os sete dias do mez de Agosto…», reuniu a Junta da Paróquia, na sacristia da Igreja Matriz, como habitualmente.
O Presidente Francisco Lobo informou que já estavam tomadas as contas da Fábrica Maior, ao fabricário Joze Henriques, e que existia um alcance líquido de cinquenta e dois mil, duzentos e vinte e seis réis. Propôs então que desta quantia se despendesse o necessário para a feitura da parede da capela-mor da Igreja Matriz, em atenção à precisão que havia de se reparar aquela parede sem demora. A proposta foi aprovada.
Na reunião seguinte, 14 de Agosto, o Presidente anunciou que já ajustara a obra da parede da Capela-Mor com os pedreiros João Faustino e José António, por não haver outros mestres que a pudessem fazer com a brevidade necessária.
Os pedreiros pediam vinte e quatro mil réis, pela feitura da parede e pela grade de ferro para a fresta que havia de levar, livres de carretos de pedra e barro e madeira para os andaimes e dando-se-lhes alguma gente para a abertura do alicerce.
Os membros da Junta aprovaram o ajuste indicado e pediram ao Presidente que se encarregasse de dirigir a obra.
Tudo registado em acta, pelo secretário da Junta da Paróquia Caetano José dos Santos.
A actual capela-mor e a zona envolvente, incluindo a sacristia, datam dos anos oitenta do século passado, mas, na altura, o espaço apenas foi recuperado e reorganizado. Em termos de área útil, esta parte da Igreja resulta das obras de ampliação que ali se realizaram, em 1918, como informa a inscrição na porta da sacristia.
O Tó Sabino falou-me, há dois anos, de uma foto da Igreja antes desta ampliação, mas não a conheço. Por isso vou tentar descrever esta parte da Igreja, com base noutras fontes.
A capela-mor é a parte da Igreja onde se situam o altar e o sacrário e em que decorrem os ritos litúrgicos (missa…). Como bem sabem os rapazes e raparigas da minha idade, nos anos 60, as cerimónias religiosas decorriam no altar do fundo da capela-mor, quase sempre de costas para os fiéis, todos de frente para o sacrário. Só depois se acrescentou o altar onde actualmente decorrem os actos religiosos.
Seria naquele altar do fundo, cercado de adornos em talha dourada, do tamanho de toda a parede, que se celebravam os ritos religiosos. Mas, se repararem no tecto da capela-mor, existem duas filas de caixotões pintados e três filas de caixotões em madeira limpa. Até 1918, a capela-mor tinha apenas o tamanho dessas duas filas de caixotões decorados e por isso o altar-mor estaria imediatamente atrás do actual altar onde se celebram os actos.
A sacristia seria muito diminuta e localizar-se-ia na capela lateral do lado da Praça, onde hoje está o novo sacrário. Na parede exterior, por detrás do altar-mor, havia uma fresta com grade de ferro, como informam os documentos acima apresentados.
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