Quem foi João Pereira de Carvalho, uma das quatro pessoas que arrematou a compra das pedras do extinto convento franciscano?
Já encontrara o seu nome, na listagem dos notários de São Vicente da Beira do Arquivo Distrital de Castelo Branco. Há muita documentação por si redigida, relativa a testamentos e contratos de compra e venda dos anos de 1842, 1845, 1848, 1849, 1856, 1858, 1859, 1862, 1864, 1866, 1868, 1869, 1871, 1874 e 1876.
Não existem documentos de muitos anos entre 1842 e 1876, mas isso não significa que tenha interrompido a sua função de notário, pois os documentos podem ter-se perdido ou encontrar-se na posse de particulares.
Este João Pereira de Carvalho era natural das Sarzedas, filho de Luis Marques Pereira e Quitéria Rosa de Carvalho. Casou, em S. Vicente da Beira, no dia 11 de Outubro de 1843, com Ana Augusta Ribeiro Robles, filha de Bernardo António Robles e de Antónia Raimundo Ribeiro.
(Arquivo Distrital de Castelo Branco, Registos paroquiais de S. Vicente da Beira, "Assento dos Casados", maço 96, livro 1803-1859, fólio 122)
O matrimónio ocorreu 1 ano e 10 meses depois de vir trabalhar, como notário, para São Vicente, pelo que talvez tenha conhecido a sua futura esposa já depois de residir nesta vila.
O casal teve José Augusto Pereira de Carvalho, pai de Virgínia Maria da Conceição Pereira. Esta casou com José Maria dos Santos, os pais dos irmãos Pereira dos Santos que todos conhecemos.
Os membros destas três gerações habitaram a casa da família, na Rua do Convento, números 30 a 38. João Pereira de Carvalho terá comprado pedras do extinto convento para construir ou reconstruir essa habitação. Mas a atual fachada do edifício data de meados do século XX, como aqui já foi referido.
No número 30 existiu uma forja de ferreiro, durante muitos anos do século XX.
Maria de Lurdes Hortas viveu, na casa em frente.
Anos mais tarde, registou as lembranças da sua infância, nos versos de um poema.
EM FRENTE À CASA DA INFÂNCIA
Em frente à casa da infância havia um ferreiro.
Além das ferraduras para cavalos, suas mãos grandes e pesadas
fundiam o sol em sua forja. E sucedia que, ao acordar, eu me precipitava
para a janela a tempo de ver
as faíscas da luz escapulindo pelo escuro vão da porta do ferreiro
diluindo-se na neblina da rua.
Da mesma janela via surgir, no postigo do primeiro andar, a velha:
de vestes tão negras como o tempo que atravessara
e de cabelos tão alvos como a farinha que, todos os dias, àquela mesma hora peneirava.
Da casa voejava uma poalha de prata.
Se fosse Inverno, a neve parecia escapar-lhe da peneira
polvilhando a aldeia de silene magia.
(Maria de Lurdes Hortas, "Cantochão de Todavia", edição do GEGA, 2005, São Vicente da Beira)
Pedido: Outra pessoa que comprou pedras do convento foi a Ex.ma D. Anna de Brito Coelho de Faria. Tenho informações escritas sobre esta família, muito importante em São Vicente, no século XIX, mas nada sei sobre onde morava, se ainda lá vivem descendentes...
Agradeço qualquer informação, a quem souber alguma coisa.
Nota: Este texo foi completado a 26/01, na sequência do comentário de Paulo Duarte de Almeida.
4 comentários:
Embora nada tenha a ver com o tema que escreveu, gostaria de saber setem conhecimento se existe ou existiu antigamente algum local na vila de São Vicente da Beira denominado Louriçal?
São Vicente da Beira foi sede de concelho duraqnte 700 anos (1195-1895).
Uma das povoações do concelho era o Louriçal, situada também no sopé da Gardunha, a este da sede do concelho, nas margens da ribeira da Ocreza.
É a atual aldeia do Louriçal do Campo.
Alguma documentação anterior a 1895trata todas as povoações do concelho como pertencendo a São Vicente da Beira.
Caro José Teodoro Prata, o que é que o João Pereira de Carvalho seria a um João Pereira de Carvalho, casado com uma Robles?
cumprimentos,
Paulo Nicolau de Almeida
Caros
Procuro saber paradeiro de um quadro representando Bernardo António Robles casado com António Raimunda Ribeiro. Tanto quanto percebo são ou foram os meu trisavós. O quadro - que pode ou não estar assinado - terá sido pintado por António de la Quadra( c. 1876). Não é para comprar.
Obrigada
Rita Robles Monteiro Lino Garnel
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