O livro acima apresentado refere-se, na página 111, a São Vicente da Beira, nestes termos:
«Assim Afonso III concedera as vilas acima referidas a Afonso [Arronches, Portalegre e Marvão], na alturs com 9 anos de idade, a 11 de outubro de 1271. Esta doação seria em favor dele e dos seus descendentes e só reverteria para a Coroa caso estes não existissem. A pedido do filho, dois anos depois, concede-lhe também os direitos reais sobre estes bens. A este senhorio juntou-se em 1278 o do castelo e da vila da Lourinhã e ainda bens na Enxara, termo de Torres Vedras, e em São Vicente da Beira.»
O rei D. Dinis acabou por se envolver em conflitos bélicos com este irmão Afonso. Este faleceu sem deixar testamento e D. Dinis questionou a sua herança, embora tenha comprado às sobrinhas Vide e Alegrete.
Será que as terras de São Vicente da Beira ficaram para D. Dinis que as doou depois a seu filho ilegítimo D. Pedro Afonso, conde de Barcelos?
Este viveu em São Vicente da Beira, em terras que ali possuía (no Peral, abaixo do Sobral e do Tripeiro, caminho para o Barbaído) e onde fez um testamento à sua concubina Teresa Anes.
Estará nesta residência a origem da tradição segundo a qual houve um rei que viveu numa estalagem para os lados dos Valecovinhos (Ti Luís Prata)?
E o topónimo Quinta do Infante, junto à Senhora da Orada, que foi morada dos Neto?
E o topónimo Presa do Paço, na Barroca ao fundo do vale do ribeiro das Lajes, com que se regavam as Tapadas abaixo da Tapada de Dona Úrsula?
Este nosso passado longínquo continua na penumbra. Esta é apenas mais uma achega.
José Teodoro Prata
2 comentários:
Não fora a gente saber ao que é que eles vinham, seria um orgulho termos sido terra de gente tão ilustre! Ainda assim, ficaram os nomes que são bem lindos!
Não são tão remotas nem tão importantes estas memórias, mas, a propósito de terras, heranças e outras coisas, contaram-me há dias que o Casal do Monte do Surdo foi propriedade do Vaz Preto que o terá deixado a uma criada (concubina?). Os herdeiros dela venderam-no à Casa Cunha que o deu sempre à renda, e o nome da propriedade mudava de acordo com o nome do rendeiro. Chamaram-lhe Quinta do Zé Lino, Quinta do António Rodrigues, Quinta do Baltazar… Finalmente, para não estarem sempre a mudar o nome à quinta, chamaram-lhe Quinta do Rendeiro.
Diz que em tempos, semeavam lá para cima de sessenta alqueires de semente de toda a espécie; só de azeite, dava para governar muitas famílias, agora está quase ao abandono…
M. L. Ferreira
O Casal do Monte do Surdo era, em 1772, propriedade do Conde de São Vicente, o maior proprietário da Vila que nem saberia onde é que se situava.
Os Condes de São Vicente estiveram ao lado de D. Miguel, na guerra civil entre Liberais e Absolutistas, e por isso caíram em desgraça. Terão vendidos todas as suas propriedades que detinham no nosso antigo concelho, nas décadas de 30, 40 e 50 do século XIX.
Também por essa altura foram vendidas, pelo Estado, as terras do convento franciscano e os baldios. Na altura, quem tinha mais possses comprou e tornou-se grande proprietário. Foi esta a origem da importância regional de todas as grandes famílias do nosso antigo concelho e até de Castelo Branco (o caso dos Abrunhosa e dos Garret foi igual).
Talvez tenha sido o Vaz Preto a comprar o Casal do Monte do Surdo, para depois ser vendido à Casa Cunha.
As pessoas referidas pela Libânia foram rendeiros, como o António Rodrigues, que o Pe. Jerónimo ainda conheceu e que era descendente dos rendeiros Leitão Paradanta e Rodrigues Caio do século XVIII e XIX.
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