terça-feira, 13 de outubro de 2015

Senhora da Boa Viagem



Há tempos, a propósito da publicação As Alminhas, ficaram algumas dúvidas no ar. Uma delas foi se o monumento que está na estrada junto à Paradanta, também seria uma Alminha. Passei lá há dias e confirmei que não.

Por aquilo que sei, que é pouco, ambos os monumentos se referem a manifestações da cultura religiosa popular, se localizam quase sempre nos caminhos à entrada ou à saída das povoações, mas uns apelam à oração pelos mortos, os outros pedem proteção para os vivos. Penso que, no fundamental, ambos têm a ver com a viagem para o desconhecido: no caso das Alminhas, da vida para a morte; nas Senhoras da Boa Viagem (ou dos Caminhos), da segurança dos locais mais próximos para a incerteza de caminhos mais distantes.

Lembro-me, desde sempre, de ouvir a minha avó dizer muitas vezes que a gente sabe como sai de casa, mas não sabe como volta. E com a minha mãe aprendi que nunca devemos sair de casa e deixar a cama por fazer nem a louça por lavar. Ainda hoje é frequente as pessoas benzerem-se e dizerem uma pequena oração quando entram num carro, mesmo que a viagem seja curta. Deve estar tudo relacionado…


M. L. Ferreira

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