Aproveitei o feriado e dei um salto ao sítio do costume.
Parei à beira do caminho, porque não resisti a esta serradela.
E a delicadeza desta flor?
Estes pimpilros também mereciam ser recordados.
Afinal os matos estão todos a romper.
Aqui, sargaço e carqueja.
Ao lado, esteva e mato branco.
Na Vila, vi-me aflito para retroceder.
As ruas estavam engalanadas para a procissão do Corpo de Deus.
Hera, buxo, erva doce e muitas pétalas.
Esta bonita a Vila!
José Teodoro Prata
4 comentários:
"Renascer das cinzas": São também estes milagres que nos fazem acreditar no futuro.
E lindas, as ruas, embora a denotar as muitas casas sem gente.Lembro-me do tempo em que competíamos uns com os outros (mais umas com as outras…)para ver quem é que tinha a testada mais bem enfeitada neste dia do Corpo de Deus. E surgiam verdadeiras obras de arte!
Na vila estou sujeito à Internet dos cafés! Já não consegui fazer um comentário aos santos padroeiros do Jaime da Gama. E da dificuldade que devia ser para os santos, numa batalha, dois exércitos em Aljubarrota, um a gritar por Santiago (Castela) e outro por S. Jorge (Portugal)! Estranhamente, diga-se. E ainda há poucos anos se pedia ao Santo António para guardar o porquinho. Estava em causa o sustento de um ano! A religiosidade popular é isto! Discutir isto seria interessante. Adiante.
Achei interessante o ZT a parar e a tirar fotografias às touceiras de flores (sem ironia). Bonito! E também vi a vila cheia de erva-doce pelas ruas da procissão no dia do Corpo de Deus. Eu próprio cortei um molho, desfolhei rosas e pus na rua.
Antigamente, no sábado ou domingo, à noite, depois de cear, diziam os homens do cimo de vila para a mulher: "Vou dar uma volta em dedondo!". Iam passar de taberna em taberna, pela zona da praça e regressavam a casa. Mas sempre me fez uma certa confusão essa fórmula. Já que, dar uma volta, teria sempre que ser em redondo! Mas percebia eu muito bem o que eles queriam dizer...
Isto, porque, hoje, graças à tecnologia, damos, não uma, mas várias voltas, por toda a zona da vila. E aqueles homens só tinha as pernas. Que nós, afinal, também devíamos usar em vez da dita tecnologia.
Mas fiquei agradado com a atividade das pessoas a ornamentar as ruas da vila!
Parece que se viu gente! Por isso talves me parecesse que a procissão, foi um nadinha mais do que se esperava. Problema da desertificação. Já agora digo que, a este propósito, me entretive numa conversa com um responsável autárquico. Diz ele que o INE (além, obviamente, de referir a emigração do interior para o litoral), falha quando não refere que numa freguesia morrem 50 pessoas e nascem 3! Logo, a culpa não é apenas da emigração. E ele é capaz de ter parte da razão.
Abraços.
JB
No último "Prós e contras" da RTP, transmitido a partir da Guarda, discutiu-se o problema da desertificação do interior. Estiveram lá grande parte dos autarcas dos concelhos nossos vizinhos(curiosamente não esteve o nosso, oxalá que por uma boa razão), embora só o da Guarda e Vila Real interviessem mais ativamente. Alguns dos problemas apontados foram os custos de contexto: autoestradas mais caras, serviços e bens essenciais também com preços mais elevados que na maior parte do país, etc. Concordo plenamente. Embora em muitas cidades do interior já tenhamos uma oferta de bens e serviços muito alargada, nomeadamente na área da cultura, se quisermos assistir a um evento qualquer em Lisboa, Porto, Coimbra ou… já pensamos duas vezes porque o que se gasta em portagens é mais do que o bilhete do evento. Às vezes é preferível ir a Salamanca, Mérida, Cáceres ou até Madrid.
Entre as soluções apontadas referiram a deslocação de empresas e serviços concentrados no litoral, para o interior. Se aquando da deslocação do Infarmed para o Porto foi o que se viu, faço ideia se fosse para Castelo Branco… Não sei como é que se vai dar a volta a esta situação, mas, como dizia um dos intervenientes no program «façamos alguma coisa agora, ou calemo-nos para sempre, porque já não haverá nada a fazer e 2/3 do país será um grande deserto».
Para além deste problema demográfico que nos ultrapassa, acho que o José Barroso, há tempos, insinuou que cada um de nós, individualmente, também é responsável por esta situação, por não termos incutido nos nossos filhos o gosto pela terra das suas origens. Pela minha parte enfio completamente o barrete. Se ainda há meia dúzia de anos não falhava um mercado do Fundão para comprar uma plantinha para o meu jardim, agora já começo a olhar à volta e a pensar quem é que, daqui por uns tempos, vai cuidar disto tudo...
Os meus filhos estão e continuarão fora e o Ribeiro Dom Bento será para quem vier depois, mas eu não enfio o barrete.
Toda esta questão é muito complexa.
Por um lado temos a baixíssima natalidade, só disfarçada, no litoral (não já nas cidades do interior) pela imigração que tantos insistem em rejeitar, mas que pode ser a nossa salvação a curto e médio prazo.
Temos também as acessibilidades, mas aqui cabem apenas as portagens, pois a debandada já existia antes das autoestradas gratuitas e continuou com elas. Agora apenas se agravou. Há anos, em Proença-a-Nova, ouvi uma pessoa ilustre da terra dizer que a zona era muito rica em termos agrícolas e industriais, até cerca de 1950, e o que a levou à ruína foi a abertura de boas estradas. Mas isso era parar o tempo!
É verdade que Lisboa é centralizadora mesmo em relação ao resto do litoral e acabar com isso seria o início de algo.
Por outro lado, esta semana o jornal Reconquista traz como título de primeira página: "Empresas fogem por falta de engenheiros", a mesma queixa que dias antes ouvira na rádio, a partir de Vila Real. Mas então é para lhes pagarem ou querem-nos de graça? E com salários dignos?! Eles só vão embora porque não acham quem os empregue e os respeite.
Há coisas em Portugal que não entendo. Uma é os fogos e a sua prevenção e combate, embora pareça haver no ar algo novo.
Outra é esta questão da interioridade. Até parece que andamos perdidos, sem gente em Portugal para estudar o assunto e apontar soluções... Às declarações estéreis dos políticos, ao longo das últimas dezenas de anos, juntou-se agora uma comissão e já há uma associação. A ver vamos, como diz o cego...
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