O Ribeiro Dom Bento, à semelhança de muitas outras zonas em redor de São Vicente da Beira, foi habitado por várias famílias.
Farto da minha ignorância quando ouço o meu primo Adelino Jerónimo falar da casa onde a sua mãe nasceu, peguei na máquina fotográfica e meti-me a caminho. Pouco depois da casa do Baloia filho, esbarrei num muro de mimoseiras. Contornei-o pelos leirões e acabei por ir ter à casa dos Matias, onde o sr. José Matias nasceu.
É uma casa grande (ou melhor, duas), com loja e zona de habitação no 1.º piso. Não podia faltar o curral encostado à casa, como na casa junto ao Caldeira que já mostrei no ano passado (ver 2.ª foto).
O cata-vento ainda lá continua, há dezenas de anos sozinho, sempre a girar se o vento sopra da Serra, pelo vale abaixo.
Depois procurei a casa dos Passaraços, agora do meu primo Adelino. Está apertada, no meio das mimoseiras outra vez enormes, e mal consegui um bom ângulo para a fotografar. Captei a porta da loja, virada a poente (a da entrada para o 1.º piso está a leste), com o formo em frente, ainda bem conservado. O Adelino falou num tanque, mas estará perdido na selva...
Há dias encontrei a Zezinha Passaraça, que me disse ser a casa dela ainda uma outra, mais acima.
E havia mais, habitadas todo ou parte do ano. Lá para os altos era a do meu tio João Baloia e ainda por cima a do Zé Tété.
Penso que neste momento, desde os altos do Zé Tété até aos fundos do meu primo João Baloia, só a parte deste está cultivada. Todo o vale ao abandono...
Não é um lamento, são outros os tempos.
José Teodoro
2 comentários:
Estas casas, espalhadas por todo o lado (às vezes nos sítios mais improváveis), mesmo em ruínas continuam a maravilhar-nos. Será porque, na sua simplicidade, são verdadeiras obras de arte, feitas à custa de tanto suor e tantos sacrifícios; e também porque, a olhar para elas, podemos compreender muito do que foi o modo de vida dos nossos antepassados.
Ainda não perdi a esperança de um dia ter uma boa máquina, alguns conhecimentos de fotografia e muita imaginação para contar as histórias de algumas destas casas.
Sobre o "não lamento" do José Teodoro a propósito do abandono dos campos, ele lá terá as suas razões para dizer que são apenas outros tempos. Para muitas pessoas que, como eu, não têm essa capacidade de visão, não são tempos bons...
Mas nos tempos destas casas, as pessoas vivam como bichos...
É verdade que há agora pessoas, sobretudo estrangeiros, que gostam de viver em lugares destes e fazem-no com qualidade!
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