Resumo Climatológico de maio de 2021
2021-06-14 (IPMA)
Em maio de 2021 o valor médio da
temperatura média no Globo foi 0.26 °C superior ao valor médio de 1991-2020 e
inferior em 0.46 ° C na Europa (Fig. 1).
Em maio de 2021, a maior parte da Europa
teve temperaturas inferiores à média. Na Alemanha foi o maio mais frio
desde 2010 e no Reino Unido verificaram-se temperaturas máximas muito baixas.
Por outro lado, ocorreram temperaturas acima do valor médio na região leste do
continente, no sul de Espanha, Grécia, Turquia e oeste da Noruega. Por exemplo,
na Rússia, as temperaturas ultrapassaram 30 °C na zona norte do Círculo Polar
Ártico.
Em relação à precipitação o
mês foi mais húmido do que a média na maior parte da Europa central e do norte
e mais seco do que a média no restante continente.
Em Portugal continental o
mês de maio de 2021, classificou-se como quente e muito seco em relação à
precipitação (Fig. 2).
Em relação à temperatura do
ar, o valor médio da temperatura média, 16.20 °C, foi +0.47 °C em relação ao
valor normal 1971-2000.
O valor médio de temperatura mínima do
ar, 9.75 °C, foi o 3 º mais baixo desde 1931, com uma anomalia de -0.74 °C; o
valor médio de temperatura máxima do ar, 22.64 °C, foi superior ao valor
normal, +1.68 °C.
O valor médio da quantidade de
precipitação em maio, 32.8 mm, foi inferior ao valor normal 1971-2000
correspondendo a 46 %. De salientar durante o mês o dia 31 de maio, na região
nordeste do território, a ocorrência de aguaceiros fortes, queda de granizo e
trovoada.
Assim no final de maio verificou-se um
aumento da área em seca meteorológica assim como da
intensidade na região Sul. As regiões do Baixo Alentejo e Algarve estão na
classe de seca moderada com alguns locais em seca severa. De salientar também a
região nordeste na classe de seca fraca.
Encontrei esta preciosidade num site (o do Instituto Português da
Terra e do Mar) que visito mais de uma vez por semana, embora nunca me tivesse
interessado pela informação da margem esquerda.
Na
mesma altura, dei de caras (no Estátua de Sal) com um artigo do Miguel Sousa
Tavares ("O futuro dos jovens socialistas", publicado no Expresso) de
que vos deixo este parágrafo:
Mas não é disso que fala o relatório da ONU. Não é de boas intenções, daquelas que enchem o inferno: é do próprio inferno que avança sobre nós e que cada vez está mais próximo. O relatório chama-lhe a “próxima pandemia” e avisa que para esta não há vacina, será mais prolongada e terá efeitos muito mais devastadores, podendo durar décadas e conduzir à fome, ao déficit energético, ao caos ambiental e social, a guerras e migrações que a Idade Contemporânea nunca viu. Trata-se, como toda a gente inteligente ou informada sabe, da falta de água no planeta, causada pelas secas prolongadas ou súbitas com origem nas alterações climáticas. Há muito que relatórios semelhantes nos vêm avisando para isto, e o que este tem de mais assustador é que é mais recente, reunindo dados mais actualizados, mais bem medidos e melhor analisados. Em Glasgow, os governantes do planeta serão confrontados com a realidade que muitos teimam em não querer ver e chegará a hora da verdade, já sem um Trump como desculpa para a inércia colectiva. Sendo, porém, verdade que uns países estão mais ameaçados de imediato que outros. E entre os mais ameaçados estão, primeiro que todos, os países do Sul da Europa e, depois, os da África Ocidental. Azar o nosso, Portugal fica exactamente no Sul da Europa (e, não fosse o relatório dizê-lo, ninguém aqui tinha ainda dado por isso). Mas o relatório também diz que a ameaça da falta de água é agravada “pelo uso ineficiente dos recursos de água, a degradação dos solos devido à agricultura intensiva, a deflorestação, o uso elevado de fertilizantes e pesticidas, o pasto intensivo e a elevada extracção de água para fins agrícolas”. Oh, que azar o nosso! Tirando a deflorestação, que remete para a floresta amazónica e a política agrícola-incendiária de Bolsonaro, tudo o resto é exactamente o que caracteriza a nossa “agricultura moderna”, tão louvada e acarinhada pela nossa ministra da Agricultura. Ou seja, estamos no epicentro do sismo e a fazer tudo o que podemos para que ele nos atinja em cheio.
Por mim, fiquei espantado com esta ameixeira. Tenho-a há mais de 10 anos no Ribeiro Dom Bento, nunca deu nada, exceto há dois anos alguns frutos raquíticos, mas este ano surpreendeu-me com uma carga enorme e frutos bem desenvolvidos. Está a gostar do calor do inferno que já se anuncia...
José Teodoro Prata
3 comentários:
Até me fizeste crescer água na boca com as ameixas, ó ZT.
Mesmo quando não nos dão fruta boa dão-nos oxigénio, retêm cabono e produzem humidade, para além de darem sombra (como dizia o outro) e biomassa. São tão generosas as árvores que é impossível não gostar delas...
FB
Desta, que é enorme, eu costumava dizer que a tinha só para a ver florida.
As ameixeiras em flor ficam lindíssimas. E claro, o fruto a desfazer-se na boca é um prazer.
O que mais me preocupa neste problema do clima e da falta de água, é que mesmo os governantes dos países que participaram e assinaram os acordos de Quioto ou de Paris continuam a governar numa lógica económica baseada no consumo. Ouvimos muitas vezes dizer que as pessoas devem ganhar mais porque isso possibilita gastarem também mais, contribuindo para aumentar a produção e a criação de emprego. Penso que não podemos continuar a pensar assim. As pessoas devem ganhar mais, não para gastarem mais, mas para viverem melhor, o que não é necessariamente ter mais coisas. Se calhar uma boa forma de combater os problemas ambientais seria que, em vez de se publicitar a potência de um carro ou as novas funções de um telemóvel, se devia falar na quantidade de água que foi necessária para os produzir ou depois para os abater.
Enquanto não mudarmos as nossas atitudes e comportamentos, vamos continuar a ter notícias de fenómenos atmosféricos, como as recentes inundações nos Açores ou os picos de calor destes dias no Canadá, que nos fazem arrepiar.
Sobre as ameixas, só de as ver na fotografia, fica-se com água na boca. Abençoado Ribeiro dom Bento!
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