sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Fonte de Sto. António: em jeito de comentário

 


A publicação anterior é muito rica em termos de informação:

1. A data de inauguração foi 1948 e não 1947, como está neste painel de azulejos. Esta contradição é natural, pois o painel foi feito fora de São Vicente, mandado fazer para 1947, como data de inauguração previsível.

2. Nele constam todas as pessoas que pertenciam à elite local de São Vicente, da época (pelo menos aqueles que na altura desempenhavam cargos ou que eram da simpatia da organização da festa e do autor da notícia). E ainda o nome do antigo médico, anterior ao Dr. Alves, quase de certeza natural de Monforte da Beira, por um ex-voto existente na Igreja da Misericórdia e porque uma minha professora do Magistério Primário, Dona Josefina, falou-me do tempo da sua infância em que vivera com o pai em São Vicente e até me pediu uma broa das nossas, para matar saudades. Por essa altura, 1978, já não encontrei ninguém que fizesse broa caseira.

3. O meu avô João Prata consta desta notícia, porque integrava a equipa do Sr. Manuel da Silva na Junta de Freguesia, nesse ano e por mais de 20 anos. Por isso, é possível que o texto da Libânia sobre a eletrificação do Casal da Fraga tenha uma inprecisão, pois era natural que o presidente da Junta mandasse o seu secretário falar com o rancho que desejava atuar para o Presidente da Câmara e não o seu filho, António Prata, que também poderia estar no banquete, mas era bem menos provável (pode ser um lapso de memória da pessoa que informou, mas também pode estar certo).

4. A população de São Vicente recebeu as autoridades concelhias com todas as prerrogativas que constavam da cartilha propagandística do Estado Novo: Vivas a Salazar, primeiro, e depois ao Presidente da Republica e ao regime, mais ao Presidente da Câmara, que na altura não era eleito (era nomeado pelo Governo). E o envolvimento das crianças nesse culto da personalidade.

5. Infelizmente não esclarece se o chafariz era realmente novo ou o resultado de uma remodelação de um outro que ali existira (apenas refere a inauguração do novo Chafariz de Sto. António). Faz aqui falta um comentário do José Manuel dos Santos...

José Teodoro Prata
Fotos da Celeste Teodoro

5 comentários:

Anônimo disse...

Nesta altura é difícil esclarecer, nem me parece que tenha grande importância para o caso, mas não me parece estranho que tenha sido o senhor António Prata a sair do banquete dos VIP a chamar o rancho do Casal para atuar para o Governador Civil (ou Presidente da Câmara) no dia da inauguração da eletricidade na Vila. É que, segundo me disse a Isabel do Chico da Azenha, a Maria do Carmo também tinha ajudado nos ensaios do rancho (tinha até escrito uns versos para a marcha). Como nessa atura já teria casado (ou estaria muito próximo) com o João Prata, é natural que se tenha socorrido do sogro para exercer alguma influência a favor das legítimas pretensões do Casal da Fraga.
Recuando um pouco: sobre a autoria dos versos da marcha a pedir a luz para o Casal, a Isabel admitiu que tinham pedido ajuda ao senhor Zé Lourenço, mas, pela ortografia do documento original, acho pouco provável que tenha sido ele o autor principal. Mas tudo é possível, não nos esquecendo que, naquela altura, o rancho do Casal da Fraga era o maior em todas as precisões!
Sobre alguma dúvida sobre a naturalidade, penso que do dr. Alves, o registo do enterramento diz que era de Penamacor, talvez concelho, porque me lembro de ouvir dizer que era de Monforte; a mulher é que era de cá, penso que com alguma ligação à família Mesquita. As filhas, Fernanda e Orlanda, seriam muito pequenas, para não constarem da “passadeira vermelha”…

José Teodoro Prata disse...
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José Teodoro Prata disse...

Sim, nesse caso era bem possível que o António Prata estivesse presente: tinha lá o pai, a futura ou já nora e o Eng.º Martinho, de quem era uma espécie de feitor.
Atenão, pois eu refiro-me ao médico anterior ao Dr. Alves!

jose teodoro disse...
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José Teodoro Prata disse...

Apaguei o último comentário, pois publiquei-o, mas só depois vi que vinha com a minha autoria, não sei porquê. Como não era meu...