Fim
de tarde de verão.
Depois
de um dia de imenso calor, procuro o fresco do jardim.
Entre
as flores e a beleza encontro a serenidade e a paz no infinito azul do céu.
Voam
abelhas de flor em flor. Atarefadas nas suas missões, nem dão pela minha
presença.
Enlaçam-se
as flores para chegarem mais alto e mais longe e saudarem o sol a cada manhã
(Bons dias).
Olho
o céu.
Voam
andorinhas, pardais, carriças, labrandeiras e sei lá que mais.
Inquietos
os voos de hoje. Nervosos e barulhentos. Porque será?
Vou
investigar, talvez descubra porquê.
Sigo-as.
Oiço
o barulho que fazem, cada vez mais e mais perto.
Fios
de telefone, eletricidade e beirais cheios de andorinhas inquietas.
Algumas
fogem com a minha presença mas regressam novamente, outras vão chegando.
Intensifica-se
o som e olho mais além e mais alto.
Não
há poiso para tantas patinhas de andorinha.
Reunidas
em conferência na mais alta e abandonada antena de TV. Qual “sala” mais improvisada, arejada e
pequena para poiso de tantas outras que reclamavam nos fios e beirais.
Que
discutiam? Que reclamavam?
Estariam
só algumas em conferência, (as da antena) e as outras, (dos fios e beirais),
protestando?
Que
dirão de sua justiça?
Que
regras terão de mudar, pela instabilidade do tempo e pela destruição humana?
De
que leis terão de abdicar para continuar a seguir os seus instintos naturais e
os seus voos livres?
Que
liberdade terá o futuro?
Subitamente
fez-se silêncio.
As
andorinhas abandonaram os seus poisos e regressaram aos seus ninhos.
O
sol já finda no horizonte e a noite não tarda a chegar.
É
hora de regressar a casa e no aconchego dos seus ninhos, adormecerem entre
penas e sonhos de liberdade.
Luzita
21/Julho/2010