António Batista nasceu em São Vicente da Beira, no dia 1 de fevereiro de
1895. Era filho de João Batista, ganhão, e de Maria de São João.
Embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, integrando a 8.ª
Companhia do 2.º Batalhão do 2.º Regimento de Infantaria, com o posto de soldado
n.º 582, placa de identidade n.º 9972. Na mesma viagem seguia também o seu
irmão Luís Batista.
No seu boletim individual do CEP é referido o seguinte:
a)
Punido em 3 de novembro de 1917, pelo Comandante da Companhia,
com 10 dias de detenção, por ter faltado à revista no dia 31 de outubro e ser
reincidente neste tipo de faltas;
b)
Punido com 5 dias de detenção, pelo Comandante da
Companhia, no dia 6 de maio de 1918, por ter faltado aos trabalhos no dia 5;
c)
Aumentado ao efetivo do Depósito Disciplinar 1, em 26
de setembro de 1918, onde ficou com o número 738;
d)
Marchou em diligência ao Tribunal de Guerra do Quartel-General
de Base, no dia 22 de fevereiro de 1919;
e)
Condenado em 18 de abril de 1919, na pena de 6 anos e
um dia de presídio militar, com igual tempo de deportação militar ou, em
alternativa, na pena de 10 anos de deportação;
f)
Repatriado com a Secção de Adidos, em 5 de junho 1919.
Não foi possível encontrar documentação que permitisse conhecer o motivo
desta detenção, julgamento e condenação, mas, pela coincidência de datas e pena
aplicada, é provável que tenha participado na insubordinação levado a cabo por
um número significativo de praças, no dia 23 de setembro, que «…encontrando-se com prevenção de marcha para um novo acampamento mais
avançado em relação à frente do inimigo, insubordinou-se, recusando a desarmar
as barracas e a entrar na formatura, ameaçando de matar com granadas de mão e a
tiros de metralhadora todo aquele que tal fizesse, como também se recusando a
entrar em ordem às intimações que lhe foram feitas pelos seus superiores.» (Folha
de matrícula de outros militares que participaram nesta insubordinação)
É provável que não tenha saído com vida da prisão, pois nem mesmo os familiares
mais próximos voltaram a ter notícias dele.
Contam que os pais ainda venderam algumas coisas do pouco que tinham para
ir à procura dele, mas foi tudo inútil. Terão desistido, finalmente, quando lhes
disseram que ele tinha morrido.
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"
À venda, em São Vicente, nos Correios e no Lar; em Castelo Branco, na Biblioteca Municipal.
O dinheiro da venda
dos livros em São Vicente reverte para a Santa Casa da Misericórdia.