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sábado, 19 de setembro de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Fernando Diogo

Fernando Diogo nasceu em São Vicente da Beira, no dia 21 de abril de 1895. Era filho de Manuel Diogo e Maria Moreira, moradores na rua da Costa.

De acordo com a sua caderneta militar, sabia ler, escrever e contar corretamente e tinha a profissão de sapateiro, quando assentou praça, no dia 19 de junho de 1915. Foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, em 15 de maio de 1916, e concluiu a recruta a 29 de agosto.

Fazendo parte do Corpo Expedicionário Português, embarcou para França integrado na 4.ª Companhia do Regimento de Infantaria 21, no dia 22 de janeiro de 1917, como soldado n.º 542 e placa de identidade n.º 9879.

De acordo com o seu boletim individual do CEP e caderneta militar, foi colocado na Escola de Sinaleiros, em novembro de 1917, com as funções de radiotelegrafista.

Em março de 1918, foi-lhe concedida uma licença de campanha de 45 dias, que gozou em Portugal, tendo voltado a França em 4 de maio. Em 10 de junho desse ano, foi promovido a 1.º Cabo Miliciano, passando a fazer parte da 5.ª Companhia com o n.º 672.

Regressou a Portugal, no início de 1919, e passou ao Batalhão n.º 1 da Guarda Fiscal, em 26 de setembro, como soldado de Infantaria. Passou ao Regimento de Infantaria 21, em 27 de fevereiro de 1920. Em 11 de julho de 1920, foi licenciado, vindo domiciliar-se em São Vicente da Beira. Passou à reserva ativa, em 11 de abril de 1928, e à reserva territorial, a 31 de dezembro de 1936.

Condecoração: Medalha Militar de cobre comemorativa da participação portuguesa na Grande Guerra, com a legenda: França 1917-1918.  



Família:

Fernando Diogo casou com Laura de Jesus, também natural de São Vicente da Beira, na 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, a 7 de dezembro de 1919. Tiveram 2 filhos:

1.    Manuel Diogo que casou com Clara Nunes Mourato, e tiveram uma filha;

2.    Maria Manuela Ferreira Diogo dos Santos que casou com Domingos Esteves dos Santos e tiveram 3 filhos.

O casal viveu a maior parte do tempo em Castelo Branco, onde Fernando Diogo trabalhou durante muitos anos como motorista da Junta Autónoma de Estradas. Foi sempre muito considerado por todos os colegas.

Manteve uma grande ligação à terra, onde vinha regularmente, e chegou a ser mesário da Santa Casa da Misericórdia durante vários mandatos, com os cargos de vogal e secretário.

Fernando dos Santos, um dos netos, lembra-se de ouvir o avô falar sobre o tempo em que esteve em França e contar que as situações piores por que passou na guerra tinham sido os bombardeamentos com gases que lhes causavam graves problemas respiratórios. Lembra-se também que, já no fim da vida, apresentava sinais da doença de Alzheimer, mas passava os dias a repetir os gestos de enviar mensagens por código Morse, certamente memórias que lhe ficaram do tempo da guerra.

Fernando Diogo faleceu no dia 29 de Julho de 1974. Tinha 79 anos de idade. Encontra-se sepultado no talhão dos combatentes do cemitério de Castelo Branco.

(Pesquisa feita com a colaboração do neto Fernando dos Santos)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"