Francisco Maria Tavares
Francisco Maria Tavares nasceu na cidade da
Covilhã, a 5 de janeiro de 1892. Era filho de José Tavares, natural de Lisboa,
e de Jacinta Barata, de Alcains. Terá vivido naquela cidade até à idade adulta.
Foi mobilizado para a Grande Guerra em 1917 e
embarcou no dia 21 de janeiro, integrando a 1.ª Bateria de Infantaria, 2.º
Batalhão do Regimento de Infantaria 21.
O seu boletim individual do CEP refere o
seguinte:
a)
Colocado
na 1.ª Brigada de Infantaria, em 13 de setembro de 1917;
b)
Baixa
ao hospital, em 31 de outubro; alta a 6 de novembro;
c)
Baixa
ao Hospital n.º 35, em 30 de janeiro de 1918, e evacuado para o Hospital n.º 32,
a 10 de fevereiro;
d)
Julgado
incapaz para todo o serviço, em sessão de 4 de março; foi repatriado a bordo do
navio inglês Glingom Castle;
e)
Desembarcou
em Lisboa, no dia 10 de março de 1918.
Os ferimentos que incapacitaram Francisco
Tavares terão resultado da queda de um comboio em andamento. Nunca recuperou totalmente
e ficou a coxear para o resto da vida.
Família:
Antes de partir para França, Francisco Maria Tavares já tinha casado, em 1912, com Maria dos Santos dos Reis. Era uns anos mais velha que ele e dizem que muito bonita e bondosa; sempre pronta a ajudar quem precisasse. Era também uma cozinheira de mão cheia. Contam que uma vez em que o rei D. Carlos veio à Covilhã, foi ela uma das mulheres que prepararam o banquete que lhe foi servido.
Estas duas qualidades trouxeram-lhe fama e terá
sido a razão principal para o Padre José Antunes dos Reis, natural do Sobral do
Campo e possivelmente seu parente, apoiar a vinda do casal para São Vicente da
Beira, tendo-os feito herdeiros de uma casa que possuía junto à capela de São
Sebastião. Foi aí que viveram grande parte das suas vidas. Acabaram por
vendê-la ao senhor Eduardo Cardoso, no final da década de cinquenta do século
passado, e mudaram-se para uma casa na rua Dona Úrsula.
Francisco Tavares foi um dos grandes
comerciantes de São Vicente, com uma das melhores mercearias daqueles tempos, o
que, juntamente com a pensão vitalícia que lhe foi atribuída por ferimentos de
guerra, lhe permitiu ter uma vida desafogada e gozar de algum prestígio social.
Foi secretário da Junta de Freguesia e exerceu
também os cargos de mesário e secretário da Santa Casa da Misericórdia de São
Vicente da Beira.
Maria dos Santos faleceu em 1966 e,
passados uns anos, já bastante debilitado, Francisco Tavares foi viver para
casa de uma das sobrinhas, em Castelo Branco. Faleceu no dia 23 de Setembro de
1973 e foi enterrado no cemitério daquela cidade. Tinha 81 anos de idade. Não
deixou descendência.
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"