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segunda-feira, 8 de março de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

Francisco Maria Tavares


Francisco Maria Tavares nasceu na cidade da Covilhã, a 5 de janeiro de 1892. Era filho de José Tavares, natural de Lisboa, e de Jacinta Barata, de Alcains. Terá vivido naquela cidade até à idade adulta.

Foi mobilizado para a Grande Guerra em 1917 e embarcou no dia 21 de janeiro, integrando a 1.ª Bateria de Infantaria, 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21.

O seu boletim individual do CEP refere o seguinte:

a)   Colocado na 1.ª Brigada de Infantaria, em 13 de setembro de 1917;

b)   Baixa ao hospital, em 31 de outubro; alta a 6 de novembro;

c)    Baixa ao Hospital n.º 35, em 30 de janeiro de 1918, e evacuado para o Hospital n.º 32, a 10 de fevereiro;

d)   Julgado incapaz para todo o serviço, em sessão de 4 de março; foi repatriado a bordo do navio inglês Glingom Castle;

e)   Desembarcou em Lisboa, no dia 10 de março de 1918.

Os ferimentos que incapacitaram Francisco Tavares terão resultado da queda de um comboio em andamento. Nunca recuperou totalmente e ficou a coxear para o resto da vida.

Família:

Antes de partir para França, Francisco Maria Tavares já tinha casado, em 1912, com Maria dos Santos dos Reis. Era uns anos mais velha que ele e dizem que muito bonita e bondosa; sempre pronta a ajudar quem precisasse. Era também uma cozinheira de mão cheia. Contam que uma vez em que o rei D. Carlos veio à Covilhã, foi ela uma das mulheres que prepararam o banquete que lhe foi servido.

Estas duas qualidades trouxeram-lhe fama e terá sido a razão principal para o Padre José Antunes dos Reis, natural do Sobral do Campo e possivelmente seu parente, apoiar a vinda do casal para São Vicente da Beira, tendo-os feito herdeiros de uma casa que possuía junto à capela de São Sebastião. Foi aí que viveram grande parte das suas vidas. Acabaram por vendê-la ao senhor Eduardo Cardoso, no final da década de cinquenta do século passado, e mudaram-se para uma casa na rua Dona Úrsula.

Francisco Tavares foi um dos grandes comerciantes de São Vicente, com uma das melhores mercearias daqueles tempos, o que, juntamente com a pensão vitalícia que lhe foi atribuída por ferimentos de guerra, lhe permitiu ter uma vida desafogada e gozar de algum prestígio social.

Foi secretário da Junta de Freguesia e exerceu também os cargos de mesário e secretário da Santa Casa da Misericórdia de São Vicente da Beira.

Maria dos Santos faleceu em 1966 e, passados uns anos, já bastante debilitado, Francisco Tavares foi viver para casa de uma das sobrinhas, em Castelo Branco. Faleceu no dia 23 de Setembro de 1973 e foi enterrado no cemitério daquela cidade. Tinha 81 anos de idade. Não deixou descendência.

Maria Libânia Ferreira

Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"