Ontem, participei na apresentação do livro MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL Colóquio Internacional realizado em Idanha-a-Nova. Ele reune as actas do colóquio realizado a 19, 20 e 21 de Junho de 2009, em Idanha-a-Nova.
Na altura, noticiei este colóquio e apresentei o resumo da minha intervenção, que neste livro vem publicada.
Mas esta notícia não é motivada por este meu estudo. O objectivo é dar-vos a conhecer um trecho da intervenção final do Professor Doutor João Marinho dos Santos, coordenador do colóquio e deste livro. Já a ele me referi na publicação "A Terra do Futuro", a propósito da importância fundamental da agricultura na sobrevivência do mundo rural.
Aqui deixo a parte em que ele defende esta ideia:
«É sabido que as culturas rurais mediterrâneas, devido a condicionalismos naturais (solos arenosos ou pedregosos, declivosos, secos, ...) e a limitações no uso de técnicas avançadas, são, por regra, pobres, pelo que a emigração esteve sempre presente, historicamente, no horizonte dos seus habitantes. Assim, convirá adoptar uma estratégia de crescimento económico que utilize todos os factores ou recursos e os combine de modo a gerar uma evolução auto-sustentada. Porém, também convirá ter presente que a matriz das culturas rurais é agrícola (englobando-se, nesta designação, a agricultura, a pastoprícia e a silvicultura), pelo que a actividade primária terá sempre de persistir e conferir sentido permanente ao crescimento económico e ao desenvolvimento. É que o espaço ou o território não é neutro. Ele grava e manifesta a história dos homens (os seus modos de vida, os seus comportamentos, as suas crenças), através de inúmeros vestígios, que a memória, a arqueologia e a história como ciência se encarregam de detectar e interpretar. Compete a cada geração de homens reconhecer-se nesses vestígios e dar continuidade à vida, renovando o património legado, preservando-o, reutilizando-o, rentabilizando-o, mas sem desvirtuar esse legado, conforme dissemos. Vem isto a propósito de lembrar que não será, só, pela reutilização, para fins turísticos, das nossas aldeias que se valorizará o mundo rural. O turismo poderá e deverá ser um complemento (revertendo, em parte, para o agricultor); mas, não poderá ser, nunca, o factor vital das culturas rurais populares. Sem agricultores, não haverá paisagens campestres humanizadas e cessarão, por completo, as autênticas manifestações de cultura popular. Logo, cair-se-á num turismo fraudulento, se faltar a infra-estrutura agrícola e artesanal.»
João Marinho dos Santos, O factor cultural no desenvolvimento e a finalidade cultural do desenvolvimento - especificidades da Beira Interior, em MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL, Colóquio Internacional realizado em Idanha-a-Nova, p. 428.
Ficha técnica:
Título: MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL, Colóquio Internacional realizado em Idanha-a-Nova
Coordenação: João Marinho dos Santos e António Silveira Catana
Co-edição: CHSC - Centro de História da Sociedade e da Cultrura; Município de Idanha-a-Nova; Palimage
Autores: Vários
Local e data: Coimbra 2010.
Preço: 30 euros.
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
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domingo, 19 de dezembro de 2010
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