Luís Batista
Luís Batista nasceu em
São Vicente da Beira, no dia 26 de julho de 1893. Era filho de João Batista,
ganhão, e de Maria de São João, moradores na rua da Cruz.
Assentou praça no dia 9
de julho de 1913 e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria
21, em 13 de janeiro de 1914. Era na altura analfabeto e tinha a profissão de
jornaleiro. Após ter concluído a instrução recruta, foi licenciado e regressou
a São Vicente.
Voltou a ser mobilizado
em 1916, para fazer parte do CEP, e embarcou para França, no dia 21 de janeiro
de 1817, integrando a 6.ª Companhia do 2.º Batalhão do 2º Regimento de
Infantaria 21, como soldado com o número 21 e a placa de identidade n.º 9123.
No mesmo barco terá seguido também o seu irmão António Batista.
Sobre o tempo em que
permaneceu em França, o seu boletim individual de militar do CEP refere o
seguinte:
a) Punido em 11 de outubro de 1917, com dois dias de detenção, por ter comparecido na formatura com a barba por
fazer, apesar das recomendações que lhe tinham sido feitas;
b) Punido em 14 de outubro, com 10 dias de detenção, porque, fazendo parte da
guarda ao Chateau de St. André, manifestou indícios de embriaguez, pelo que foi
mandado recolher ao acantonamento;
c) Punido no dia 6 de dezembro de 1918, com 5 dias de detenção, por ter saído
do distrito da guarda ao acantonamento sem autorização;
d) Recolheu ao Depósito Disciplinar 1, em 23 de janeiro de 1919;
e) Embarcou para Portugal, no dia 25 de fevereiro de 1919, chegando a Lisboa
no dia 28 do mesmo mês.
Família:
Antes de partir para França, Luís Batista já se tinha casado com Joana Ambrósia, na Conservatória do
Registo Civil de São Vicente da Beira, a 25 de setembro de 1916. Tiveram 3
filhas, uma das quais faleceu com 4 anos de idade. Criaram:
1. Maria da Conceição, que casou com João Maria Madeira e tiveram 9 filhos;
2. Maria Zara, que morreu solteira e sem descendência.
Quando regressou a
Portugal, como grande número dos militares que estiveram em França, Luis Batista
apresentava algumas sequelas do stress e do efeito dos gases a que esteve
sujeito durante a guerra. Não falava muito desses tempos; apenas, de vez em
quando, dos amores que lá teve…
Um dos companheiros de
guerra contava que uma vez, perto do Natal, saiu do acantonamento e andou por
lá algum tempo. Quando regressou trazia alguns ovos e um pouco de farinha.
Ficaram todos contentes porque, assim, puderam fazer uma espécie de filhós para
lembrar o Natal da terra e matar algumas saudades.
Apesar das dificuldades,
teve sempre um trabalho regular que lhe garantiu o sustento da família. Foi
ganhão, como o pai, e fez todo o tipo de trabalhos agrícolas, como jornaleiro,
durante muito tempo ao serviço da família Remualdo, nas Quintas.
Na terra, todos lhe
chamavam Luís Gonzaga e ainda hoje é lembrado por esse nome. Nem a família mais
próxima sabe porquê, mas é provável que fosse porque era esse o nome do
padrinho de batismo (Luís Gonzaga de Jesus Pereira, que na altura era solteiro
e estudante). Pode ser também porque era assim que se chamava o capitão da sua
Companhia (Luís de Sousa Gonzaga).
Luís Batista faleceu no
dia 20 de Março de 1979; tinha 85 anos.
(Pesquisa feita com a colaboração dos netos António Madeira e Isilda Madeira)
Maria Libânia Ferreira
Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra