sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Os Sanvincentinos na Grande Guerra

 Luís Batista

 

Luís Batista nasceu em São Vicente da Beira, no dia 26 de julho de 1893. Era filho de João Batista, ganhão, e de Maria de São João, moradores na rua da Cruz.

Assentou praça no dia 9 de julho de 1913 e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, em 13 de janeiro de 1914. Era na altura analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro. Após ter concluído a instrução recruta, foi licenciado e regressou a São Vicente.

Voltou a ser mobilizado em 1916, para fazer parte do CEP, e embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1817, integrando a 6.ª Companhia do 2.º Batalhão do 2º Regimento de Infantaria 21, como soldado com o número 21 e a placa de identidade n.º 9123. No mesmo barco terá seguido também o seu irmão António Batista.

Sobre o tempo em que permaneceu em França, o seu boletim individual de militar do CEP refere o seguinte:

a)   Punido em 11 de outubro de 1917, com dois dias de detenção, por ter             comparecido na formatura com a barba por fazer, apesar das recomendações que lhe tinham sido feitas;

b)   Punido em 14 de outubro, com 10 dias de detenção, porque, fazendo parte da guarda ao Chateau de St. André, manifestou indícios de embriaguez, pelo que foi mandado recolher ao acantonamento;

c)    Punido no dia 6 de dezembro de 1918, com 5 dias de detenção, por ter saído do distrito da guarda ao acantonamento sem autorização;

d)   Recolheu ao Depósito Disciplinar 1, em 23 de janeiro de 1919;

e)   Embarcou para Portugal, no dia 25 de fevereiro de 1919, chegando a Lisboa no dia 28 do mesmo mês.




Família:

Antes de partir para França, Luís Batista já se tinha casado com Joana Ambrósia, na Conservatória do Registo Civil de São Vicente da Beira, a 25 de setembro de 1916. Tiveram 3 filhas, uma das quais faleceu com 4 anos de idade. Criaram:

1.    Maria da Conceição, que casou com João Maria Madeira e tiveram 9 filhos;

2.    Maria Zara, que morreu solteira e sem descendência.


Quando regressou a Portugal, como grande número dos militares que estiveram em França, Luis Batista apresentava algumas sequelas do stress e do efeito dos gases a que esteve sujeito durante a guerra. Não falava muito desses tempos; apenas, de vez em quando, dos amores que lá teve…

Um dos companheiros de guerra contava que uma vez, perto do Natal, saiu do acantonamento e andou por lá algum tempo. Quando regressou trazia alguns ovos e um pouco de farinha. Ficaram todos contentes porque, assim, puderam fazer uma espécie de filhós para lembrar o Natal da terra e matar algumas saudades.

Apesar das dificuldades, teve sempre um trabalho regular que lhe garantiu o sustento da família. Foi ganhão, como o pai, e fez todo o tipo de trabalhos agrícolas, como jornaleiro, durante muito tempo ao serviço da família Remualdo, nas Quintas.

Na terra, todos lhe chamavam Luís Gonzaga e ainda hoje é lembrado por esse nome. Nem a família mais próxima sabe porquê, mas é provável que fosse porque era esse o nome do padrinho de batismo (Luís Gonzaga de Jesus Pereira, que na altura era solteiro e estudante). Pode ser também porque era assim que se chamava o capitão da sua Companhia (Luís de Sousa Gonzaga).

Luís Batista faleceu no dia 20 de Março de 1979; tinha 85 anos.



(Pesquisa feita com a colaboração dos netos António Madeira e Isilda Madeira)

Maria Libânia Ferreira

Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra

2 comentários:

medronheira disse...

No item família, refere-se que antes de partir para França, António Batista já casara com Joana Ambrósia...mas quem casou com a joana foi o Luis.
É possível esclarecer a questão?

José Teodoro Prata disse...

Já corrigi, obrigado.