Painel de azulejos na associação Pequeno Lugar, Partida
Não sei desde
quando nem porquê, mas o povo da Partida, visionário, há muito que parece ter
arranjado solução para a falta de vocações sacerdotais, pelo menos para a realização
da procissão da festa do Santiago.
Este ano estive
lá, e, mal acabou a missa, o Padre José Manuel saiu da capela já
desparamentado. Achei estranho e perguntei a uma pessoa que estava ali ao meu
lado se não havia procissão.
- Então não
havia de haver? É a coisa mais linda da festa!
- Mas o Padre
já está cá fora, despido…
- E a gente tem
lá precisão do padre para a procissão?!
Nisto, começam
a ouvir-se os bombos e as caixas no largo da festa; o povo junta-se e, em
procissão, dirigem-se todos para a capela,
a
cantar:
Ó Filipe, Santiago,
Que estais lá no cabecinho,
Vinde cá mais para baixo
P’ra serdes nosso vizinho.
Seguem-se
depois outras quadras implicando cada uma das terras que fazem parte da
comissão de festas:
Ó Filipe Santiago,
Quem vos varreu a capela,
Foram as moças do Mourelo
Com raminhos de marcela.
O Filipe Santiago,
Quem vos varrei o terreiro,
Foram as moças da Partida
Com raminhos de loureiro.
Segundo
contam, esta foi uma forma de terminarem com as rivalidades entre os povos da
Partida, Vale de Figueira, Mourelo e Violeiro que antigamente acabavam com
muitas cabeças partidas no fim da festa.
A lembrá-lo, estão ainda as mocas que os mais
velhos fazem questão de erguer bem alto
As
voltas que dão á capela são tantas como as povoações envolvidas, normalmente
quatro.
Na última volta os tocadores ajoelham-se à
frente da capela a pedir saúde para todo o ano
No
final juntam-se novamente no largo e toda a gente dança ao ritmo do toque dos
bombos.
M.
L. Ferreira