segunda-feira, 4 de maio de 2015

A lenda do nosso Santiago

O Santiago todo flausino, com a roupa nova.

Dizem os antigos que em primeiro a capela do Santiago não era aqui; era lá em baixo nas lameiras; mas o santo vivia muito desgostoso porque aquele sítio não tinha grandes vistas e havia lá muitas formigas que lhe davam cabo dos pés. Por causa disso, sempre que podia, amontava-se no cavalo e subia pela encosta arriba, até ao cimo do cabeço, aonde tinha vistas mais largas.
Um dia, numa nessas saídas, deu com uma velhinha, que até diziam que era santa, e que lhe perguntou:
«O que é que vossemecê anda aqui a fazer, ó Santiago?»
E ele respondeu-lhe:
«Olá, ando aqui a espairecer, porque já estou muito desgostoso com a capela que me fizeram lá em baixo! Sem vista nenhumas e ainda por cima são tantas as formigas que ando desacorçoado de todo. Vê lá se me mandam fazer uma capela lá em cima, no cabeço, donde possa avistar os meus irmãos que estão no Sobral e no Barbaído e me possa ver livre de tanta formiga.»
«Ó meu santinho, o povo é tão pobre, aonde é que nós vamos arranjar dinheiro pra vos fazermos outra capela nova?»
«Olha, tu bem vês que não sou muito grande, por isso basta-me uma capelinha humilde e pequena como eu. Ainda pra mais há aqui tantos povos ao redor que podeis ajuntar-vos e mandais fazer a capela por todos».
A velhinha andou de terra em terra a contar as palavras do santo e toda a gente se uniu para ajudar a fazer a capela nova no cimo do cabeço. Ficou pequena e humilde, como Santiago pediu, mas ele ficou todo contente porque de lá podia avistar o São Brás e a Santa Cruz, os seus dois irmãos.
 A festa realiza-se sempre no 1.º de Maio e em cada ano é organizada por uma das quatro povoações mais próximas: a Partida, o Violeiro, o Mourelo e o Vale da Figueira.
 Este ano coube à Partida e houve festa rija quase como antigamente.
 
A capela, no cimo do cabeço, com sino e tudo, em dia de festa.

Dizem que, quem puser o chapéu do Santiago, fica livre de males da cabeça e mau-olhado.

A afinar os bombos.

 
Os bombos acompanhados pela concertina e pelo pífaro.

M. L. Ferreira