quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A nossa banda

As notícias da nova sede têm-me trazido à memória os ensaios da nossa banda quando ainda se faziam numa sala ao lado da porta principal da Igreja da Misericórdia e o maestro era o primo Joaquim dos Santos, como lhe chamávamos em família.
Lembro-me bem dele, com a sua batuta cujo funcionamento me maravilhava, mas constituía um mistério para mim, quase como se fosse a varinha mágica dos contos de fadas.
Lembro-me bem dos acordes que saíam daquela sala de ensaios e que eram uma antecipação do calendário religioso ou das festas que iam acontecer a seguir: a Semana Santa, a Senhora da Orada, as Festa do Verão, um ou outro concerto na praça, e pouco mais.
De todo o reportório, a música que mais me impressionava, pelo peso dramático que tinha, era a da Procissão do Enterro. Através dela, nós fazíamos a penitência de todos os pecados que tínhamos (pelo que nos faziam crer, já eram muitos, mesmo quando ainda éramos crianças…).
Estive muito tempo sem assistir a alguma atuação da banda. Há três ou quatro anos, na festa do Casal, tive oportunidade de assistir a um concerto que me deixou maravilhada e emocionada por vários motivos: a maior parte dos elementos que constituíam a banda eram muito jovens, mas estavam perfeitamente integrados com outros um pouco mais velhos; o reportório era muito variado, abarcando temas de música popular, música moderna, adaptação de clássicos, etc; o maestro era um rapaz muito jovem, com aspecto muito moderno e que contagiava todos os outros elementos da banda e do público com a sua alegria. Mas o que mais me emocionou foi ver o Zé Taleta a tocar os pratos, num lugar que foi durante muitos anos do seu avô (que era também o meu) e que durante alguns segundos me fez imaginar que era ainda ele que ali estava, com o seu ar altivo, olhos lindos e marotos, mas sobretudo transmitindo através da expressão corporal, o enorme prazer que a música lhe dava.
Entretanto algumas coisas foram mudando: os maestros, os músicos, o reportório, mas tem-se mantido o grande mobilizador: o Comissário João Barroso. O seu trabalho não deve ser fácil, mas ele tem mantido com grande entusiasmo esta instituição que é um elemento importante do nosso património e faz parte do imaginário de todos nós.
Força e que a nova sede seja um incentivo para voos ainda mais altos!

M.L. Ferreira


Banda Filarmónica Vicentina, 2009

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