terça-feira, 24 de dezembro de 2013

ReNASCER


VERBO


Natal, é nascer, é ressurgir de novo,

Como um dia que amanhece,

É irromper da essência,

Assim como o Deus Menino.

 

Tal como num ovo,

Acontecimento grandioso!

A vida avança e cresce,

Mistério para a ciência!

E tudo o que é pequenino,

Como num ato miraculoso,

Se faz robusto, engrandece.

 

Mas, não, não vou falar do Natal,

Tão bonito!

Da tua e da minha aldeia,

Nem da fogueira,

Onde o madeiro arde em noite gelada

E nua.

 

Nem do aconchego da lareira,

E da ceia em família, na consoada,

Em que se visitam os pais e os avós,

Enquanto o ar frio da rua,

Condensa a água nos vidros da janela,

E se fazem as filhós,

Polvilhando-se com açúcar e canela.

 

Porque, sobre o Natal,

Já todos escrevemos redações,

E fizemos desenhos e poemas singelos,

Nas folhas dos cadernos,

Que trazíamos na sacola,

Quando meninos, puros corações,

E colámos nas paredes da nossa escola.

 

Tampem-me a boca e os olhos!

Não quero falar do pai natal,

Nem ver a imensa claridade,

Das luzes que, aos milhares, como folhos,

Rendilham, à noite, as ruas da cidade.

 

Não quero escrever nada sobre o Natal,

Nem sobre as prendas,

Os segredos e as intenções,

Nem sobre a simplicidade e a fantasia,

Nem acerca das emoções,

Da nossa infância.

 

Não vou falar dos pastores,

Dormindo, à noite, à geada,

Nem da maresia,

Nem do céu, nem das estrelas,

Nem da fragrância,

Das plantas nessa madrugada.

 

E as ovelhinhas também não vou vê-las,

No presépio,

Porque este é, afinal, muitos Natais!

Sempre com as suas figuras, 

Secundárias e principais,

E com os reis magos,

Vindos das lonjuras,

Dos caminhos do oriente.

 

Embora, como essas figurinhas nos tocam,

Como a gente sente!

 

Mas desta vez, não!

Não vou ver,

Não vou falar, nem vou escrever,

Quero apenas ouvir.

 

Ouvir, em silêncio, perscrutar, a voz,

Do VERBO,

Porque ELE encarnou,

E está, agora, entre nós.


João Gabriel Saraiva

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