SER CRIANÇA, CADA DIA
Hoje é o dia!
Mas que dia é o dia de hoje?
O do meu nascimento? Talvez!
É sempre possível nascer,
Melhor, renascer.
Ai de nós se não nascermos de novo!
A vida são nascimentos sucessivos.
Partimos, constantemente, para novas etapas.
Cada dia é outra conquista,
Um desafio às probabilidades de viver.
O de hoje não foge à regra.
Mas, nascer, é também o início do fim.
Nascemos sempre para a morte!
Poderá ser este o dia da minha morte? Mistério!
Sobre esse dia não me perguntem nada.
Não saberia responder-lhes.
Espero que hoje não seja o dia da minha morte!
É essa a minha expectativa.
Porém, até à meia-noite,
A Terra vai ainda completar o seu ciclo,
E, até lá, pode-se-me acabar a vida.
Que dia é o de hoje? Sei lá!
Nada sei sobre o dia de hoje,
E muito menos sobre o futuro.
O pior que o futuro tem não é o que ele nos reserva,
(Muito embora isso possa ser bom ou mau).
O pior que o futuro tem é a incerteza,
De nada sabermos acerca dele.
Talvez hoje seja um dia, como todos os que já passaram…
Felizmente, não cheguei a ser adulto,
Nunca passei de menino.
É certo que, há muito, arrumei os meus brinquedos,
Mas mantive sempre os sonhos.
A dúvida perece ser, portanto, a minha verdade.
Apenas continuo a ter uma certeza:
Ainda não nasci há muitos dias. Garanto-lhes!
Se comparados com a eternidade!
Mas não me peçam para contar esses dias, agora!
Além de pouco importante, não seria oportuno.
Iriam ficar desapontados e diriam:
“É ainda uma criança!”
Mas ainda bem.
Não quero nunca deixar de ser criança.
Os olhos das crianças são os que ainda veem a cores!
Sim, posso dizer que, afinal,
Hoje é um dia como todos os outros.
Bem vistas a coisas, não lhe acho diferença nenhuma.
Por isso, é que é um dia importante,
Porque é o dia em que continuo, sempre, a ser criança.
Joaquim Benedito
2 comentários:
Um bonito poema .
Gostei em especial da parte:
- Não quero nunca deixar de ser criança.
-Os olhos das crianças são os que ainda veem a cores.
E.H.
Não sei se poema, se texto poético.
Gostei imenso.
Muito metafisico e intimista como o A.C.:"Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida."
Também para ele só as crianças
mantêm a capacidade de ver as cores.
Parabéns Benedito
por poema tão bonito
Francisco B.
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