sexta-feira, 7 de novembro de 2014

(Quase) Todos os nomes



A Sagrada Família era formada pelo “pai” José, pela mãe Maria e pelo filho Jesus. E havia o primo João, o Batista. E ainda os avós maternos, Joaquim e Ana. Quanto aos paternos, a coisa é bem mais complicada, pois mete o Espírito Santo e esse é já um mundo de mistérios.
Ainda da esfera dos mistérios, temos Deus em toda a parte. E o nome Emanuel significa precisamente Deus connosco. Emanuel ou Manuel.
E como os homens, mesmo os da Igreja, se começassem a esquecer que Deus vivia no meio deles, São Francisco de Assis e o nosso Santo António vieram avivar-lhes a memória (séc. XIII).
Releiam com um novo olhar, o dos nomes das pessoas, os registos que tenho vindo a publicar e concluirão que nos parágrafos anteriores temos, a negrito, a esmagadora maioria dos nomes próprios das pessoas da nossa freguesia, nos inícios do século XVIII, e a itálico muitos dos seus apelidos familiares.

José Teodoro Prata

3 comentários:

Ernesto Hipólito disse...

Sem querer estar a armar aos cágados, os meus dois filhos são o João e o Zé (José).Nunca achei grande piada ao nome Ernesto mas na altura em que mo puseram eu ainda não mandava nada.O lado bom é que me faz lembrar um grande amigo meu Q.E.P.D.

E.H.

Anônimo disse...

Belo tema! (Quase) Lembraste o Saramago, e eu lembrei-me depois do Variações (Maria Albertina).
Já tinha reparado nos nomes mais comuns das pessoas no início do século XIX. No caso dos rapazes, a maior parte tinha o nome do pai (provavelmente quando era o primogénito), do avô ou do padrinho. No caso das raparigas não há um padrão tão definido, mas muitas chamavam-se Maria ou tinham o nome das madrinhas. Em ambos os casos, quase sempre nomes bíblicos e com referências familiares.
Era assim naquele tempo… E se calhar bem melhor do que o que acontece atualmente,
quando se escolhe o nome dos filhos em função de modas passageiras e que podem ser perigosas por levarem à perda da identidade e da individualidade.

M. L. Ferreira

Anônimo disse...

Também me fez lembrar o Saramago. Tenho o livro dele "Todos os Nomes". Saiu numa edição de um jornal qualquer, mas ainda não o li.
Os nomes, nomeadamente os actuais, nasceram praticamente com os estados cristãos, a partir da queda do império romano. Estão ligados à religião judaica, modificada pelo cristianismo. Mas, curiosamente, essa modificação não atingiu os nomes. Pelo contrário, deu-lhes continuidade, visto que todos os personagens do Evangelho eram também judeus. Perderam-se muitos nomes pré-romanos, romanos e gregos. A cultura dominante impõem as suas regras.
Acho que ainda predominam os nomes judeus. São os primeiros a vir à cabeça: Maria, Manuel, José, João, Joaquim, Ana, Daniel, Isaías, Mateus, Pedro, Paulo, Benjamim...Era interessante ir à procura dos significados deles. Há uns anos recuperaram-se alguns gregos: Sofia (sabedoria), Andreia (coragem), etc.
De facto, é um tema que dá pano para mangas.

ZB