Naquele
tempo, reinava em Portugal D. Manuel I, o rei venturoso. Valido do vicentino D.
Álvaro da Costa, que muito novo partiu para Beja, onde se tornou moço de câmara do
então duque de Beja. Mais tarde foi cavaleiro da casa real, como moço de
guarda-roupa, e armador-mor. O museu da Santa Sasa da Misericórdia de Lisboa
possui um quadro onde aparece um homem de barbas brancas, essa figura é o
vicentino D. Álvaro da Costa...
Mas estou a
fugir ao pensamento que quero explanar.
Decorria o
ano 1520, quando o rei criou o correio português. Nesses tempos as
comunicações entre os povos eram muito difíceis, carruagens, cavalos, a pé.
Durante
muitos anos, o selo mais banal que havia era um cavaleiro montado num cavalo
galopando, que tocava uma corneta anunciando, desta maneira, a chegada do
correio.
Peregrinos,
viajantes, almocreves levavam mensagens que entregavam às pessoas a
quem se destinavam
O rei e os
nobres necessitavam de uma comunicação regular, nasciam os correios. Nessa
altura, o monarca cria o cargo de correio-mor que era a pessoa responsável pelo
funcionamento e escolha de gente séria, honesta...
Na vila
vicentina, os correios surgiram nos anos quarenta do passado século. Hipólito
Raposo foi um dos responsáveis pela sua implantação na vila.
Estavam
sediados no R/C da Domus Municipalis; era composto pelo chefe da estação (quem
não se lembra do senhor Manuel dos Correios), telefonistas e carteiros.
O senhor
José Alves "Zé Tôno" ia todos os dias à estação de Castelo Novo
levar e
trazer o correio. Estou a vê-lo a cavalo, na sua carroça carregada com os
sacos que traziam a correspondência, encomendas; caixas de peixe (sardinha,
carapau, chicharro) Óles acima, a caminho da vila. A sua esposa a prima Palmira
"sardinheira" andava pelas ruas da vila apregoando o carapau
"fesquinho"... A senhora Ilda "sardinheira", a senhora
Maria de Jesus, esposa do senhor Adelino "pinura" vendiam na vila
também
Dos correios
da vila partiam várias pessoas com as sacas que levavam as cartas a todas
as aldeias anexas.
A Ti Maria
(chamiça) mais o marido aproveitavam e vendiam a sua caixa de sardinhas; faziam
o mesmo o António Bróxa, o Luís Matias e outros. Percorriam as povoações, caixa
de carapau e sardinha, às costas; vida dura... À vinda, agarravam no
boxeiro apanhavam torga e faziam carvão que era depois vendido na vila.
Zé Nicho, ti Aires da Tónha...foram carvoeiros também.
O primeiro
carteiro que houve na vila chamava-se Cipriano.
Sempre me lembro do senhor Joaquim (mestre), o homem da senhora Zézita. O meu pai era assinante do jornal "Beira Baixa" que eu lia com muita atenção. Outros houve, entre eles o senhor António do Ninho
Sempre me lembro do senhor Joaquim (mestre), o homem da senhora Zézita. O meu pai era assinante do jornal "Beira Baixa" que eu lia com muita atenção. Outros houve, entre eles o senhor António do Ninho
Mais tarde,
o serviço de transporte do correio passou a ser feito pelo senhor Domingos
Matias que o levava para Castelo Branco.
Nos nossos
dias, este serviço está a cargo da Junta de Freguesia, situando-se ma esquina
da Rua Velha com a Rua do Quintalinho.
J.M.S
4 comentários:
Zé Manel e demais terceiros:
Acabo de chegar de uma visita de estudo a Troia e à Arrábida.
Aqui, visitei o convento franciscano e falei ao frade que nos guiou da origem da nossa Ordem Terceira. Ele já conhecia, pois o Pe. Vítor Melícias, também franciscano e capelão da igreja daquele convento, já lhe contara.
Mas não sabia da realização da Procissão dos Terceiros e ficou maravilhado.
Aquele lugar é lindíssimo. O frade fundador disse que se não estava no céu estava nos arredores.
É verdade, frei Martinho de Santa Maria natural de Castela ao chegar àquele lugar terá pronunciado essa frase "se não estou no céu, estou nos seus arrabaldes" Há muito que este franciscano filho de condes procurava um lugar ermo. Certa vez D. João de Lencastre primeiro duque de Aveiro foi visitar o Real Mosteiro de Guadalupe, lá se cruzou com frei Martinho que lhe ofereceu a serra da Arrábida. Trouxe outro frade, mas regressou a Espanha, não aguentou tanta privação, mais três fradinhos se juntaram a ele escavaram grutas nas rochas, viviam uma vida de extrema pobreza à semelhança de São Francisco.
-No ano passado estivemos no Real Convento de Nossa Senhora e Santo António de Mafra onde se reuniram os irmãos terceiros de Portugal o orador principal foi frei Victor Melícias.(presidente da família franciscana portuguesa) Todos os anos no mês de Outubro os franciscanos realizam a sua peregrinação anual em Fátima, Frei Victor Melícias e o doutor Roberto Carneiro "irmão terceiro" foram os oradores no grande auditório Paulo VI
Conhece muito bem a história da nossa fraternidade
Ao contrário do "nosso" conventinho o Real Mosteiro de Guadalupe possui enormes tesouros
J.M.S
Era esta a situação há pouco mais de meio século, mas se a Ti Maria Chamiça, o Adelino Pinura ou o Zé Nicho cá voltassem, até se benziam!
No tempo deles eram raras as casas que tinham telefone; só os ricos. Para se telefonar era preciso ir aos correios e pedir a chamada à telefonista que, numa espécie de magia, retirava e metia cavilhas num painel para conseguir a ligação. Agora cada pessoa tem um telemóvel; ás vezes até mais que um. Modernices que, oxalá, significassem melhor comunicação entre todos…
M. L. Ferreira
Encontrei esta notícias nos meus papéis:
"Carreira de trens
O proprietário de trens sr. João Tavares, estabeleceu uma carreira de trens entre Castelo Branco e São Vicente da Beira.
A partida dos trens de Castelo Branco é domingos e segundas-feiras às 15 horas e saída de São Vicente da Beira às segundas e terças-feiras às 3 horas da manhã.
Recebe passageiros de Alcains, Póvoa e Tinalhas."
A notícia saiu no jornal de Castelo Branco Notícias da Beira, dia 14/12/1894.
Agora sobre os correios:
Pelas Memórias Paroquiais de 1758, sabemos que Castelo Branco enviava a correspondência para Tomar, cada segunda-feira, e nas sextas recebia a correspondência que de lá vinha. São Vicente tinha um estafeta pago pelo povo que ia todos os sábados levar e trazer a correspondência a e de Castelo Branco. A bolsa era fechada com duas chaves, uma na posse do nosso juiz de fora e outra do correio mor de Castelo Branco.
O mesmo estafeta trazia e levava o correio do Sobral e do Louriçal.
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