domingo, 19 de julho de 2015

Alcunhas: as alentejanas e as nossas




Há muito que o meu filho andava a namorar e a divertir-se com este livro e finalmente decidiu-se, sabendo-me nestes (gostosos) apertos.
É um calhamaço de 608 páginas, já na 4.ª edição, da autoria de dois professores da Universidade de Évora.
Além de maior erudição do que o livrinho da Soalheira, a grande diferença é que usa os nomes das pessoas. Mas abarcando todo o Alentejo, reflete uma realidade geográfica muito diferente da local, seja da Soalheira ou de São Vicente. Por isso acho que devemos seguir o modelo da Soalheira.
Exemplos, para me perceberem: escrevemos das Quintas, nas no livro do Alentejo seria Miguel das Quintas; usamos Ratão, mas para o livro acima apresentado seria João Ratão (com todo o respeito por este amigo). Mas talvez pudéssemos usar o nome próprio para suporte de alcunhas geográficas ou de família (Manuel das Rochas ou Aires da Tonha), mas omiti-las no caso de alcunhas propriamente ditas, isto é, genuínas ( só Machana, em vez de Manuel Machana, ou apenas Bravo, em vez de Zé Bravo).
Segue abaixo a listagem das nossas alcunhas, feita pelo José Barroso e completada pelas sugestões de muitos.

ALCUNHAS USADAS EM SÃO VICENTE DA BEIRA

Abiche
Aguier
Alemão
Alfaiate
Alice
Anhota
Aquefuma
Ar
Aranha
Arefa
Arranca-Badais
Arrebotes
As Três Pernas do Banco
Áugoa
Avozinho
da Azenha
do Aires

Bacolão
Bácoro
Baião
Balaia
Baloia
Barbinha
Barqueira
Barrilo
Batata
Bela
Berra
Bicharada
Bisnaga
Bispo
Boas noites  
Boche
Bode 
Bomba
Botelho
Braço de Trabalho
Bravo
Brito
Broa
Brocha 
Bruxo
Bujo
Burrecas
da Barroca
da Bolsa
da Burra

Cabanas
Cabeça de Peixe
Cabeças
Cabolino
Cabrita
Caçolada
Cagalhão
Cagalhão de Bácoro
Caga-Lume
Cagarola
Cagarrapo
Caldudo
Camadas
Cambão
Camões
Caneco
Canhoto
Canino (Pequenino)
Capa-Burros
Capador
Capitão
Carcavelos
Carolino
Carrolhas
Caruca
Catrino
Casca
Cesta
Ceveleum
Chá
Chabeta  
Chadão
Chalim-Chalota
Chamiço
Chefe
Cheira Mal
Chico da Áutua
Chilreia
Chiribique
Cifrones
Ciganito
Cireneu
Coelhito
Colhão de Almude
Colmeias
Coluna
Comboio
Companhia
Conde das Dornas
Coné
Cordel
Cornel
Corredoura
Coxo
Crescente
Cuco
da Cadeia
das Cabras
do Cabeço
do Café
do Caldeira
do Cão
do Carvão
do Casal (da Fraga)
do Casal (do Baraçal ou dos Ossos)
do Casalito
do Chofer

Dezoito
Doido

Eletricista
Enxofra
Escanta
Escavaterra
Espanhol
Estrelado
de Évora

Faminto
Fanhosa
Farinheiroa
Farrusco
Febra Russa
Feia
Feijão
Ferreiro
Fiambre
Flota
Formiga
Francesa
da Fonte
do Forno

Gabilês
Gago
Galgo
Garrancho
Gato
Gonzaga
Grancha
Grande
Grilo
Guarda-Rios
Guião

Histérico

Impisca
Inça
Incoreto
Inginho
Insonso
Inverno
Ítalo

Jabena
Jaia
Jareto
Jarmelas
Jeová

Lã Branca
Laparão
Latoeiro
Leca
Leijo
Lêra
Lérias
Litoardo
Lixa
Luís Gonzaga
da Loja
da Lusitana

Machana
Magrinho
Maiaca
Maleca
Malgadas
Manga
Manel Arca
Manha
Manhovas
Maria do Cu
Marau
Margarido
Marimilho
Marinheiro
Mata Nosso Senhor
Mata-Vida
Matrino
Médico
Mejedo (Mijado)
Menino Jesus
Mestre
Mestrão
Metro e Dez
Mexe
Miguelão
Miguelito
Mija Sem Bolas
Mintroso
Miúdo
Miró Olho
Mitra
Mocho
Mole
Moleira
Moleiro
Monaia
Mouca
Mosca
Mossolini
Mudatorre
Mudo
Mulher-Homem
das Mobílias

Nalguinhas
Negro
Nica
Nico
Nicho
Nita
Noco
Nonga
Número Um
da Nossa Senhora
do Ninho
do Posto Médico

Opa
da Oles
da Oriana (ou Oriena)
das Onze Horas

Pachanisca
Pacheco
Padeiro
Padre e Músico
Pai dos Pobres
Palacha
Palhas
Panjá
Papoila
Parrego
Parrita
Passaião
Passaraço
Pássena
Pasteleiro
Pata-Galhana
Patanucho
Pavic
Pêco
Peixe
Pelado
Penetra
Persianas
Pêto
Pica
Pidança
Pigenta
Pinura
Piorrinha
Pique
Piriquito
Pirisca
Pirrala
Pitocas
Poia
Polícia
Político
Pontífice

Potra
Preto
Pulha
Puro
Puto-Homem
do Padre
do Pinheiro

Queremos Deus
Quina
Quinhentos e oitenta
Quinquinhas
das Quintas

Rabo Doce Cu de Mel
Raça-Pura
Racha
Ranhoso
Ratão
Rato
Rebo
Rei Preto
Relojoeiro
Rente
Revelho
Richó
Rinoco
Roga-Pragas
Rolinha
Rolo
Russo
da Requerda
da Rosa
das Rochas

Sabino
Sacristoa
Safou-se
Sagorro
Saldanha
Saleiro
Sanotes
Sardinheira
Sargento
Sarna
Sarroadas
Sebastiena
Sefas
Serralheiro
Sifrones
Sopas de Vinho
Sorna
Sorte
Sovelo
Sou teu tio
Spínola
da Senhora da Orada
do Sacristão

Taladinho
Talanga
Taleta
Tanaz
Tatola
Téa
Técnico
Temó
Tenente
Terere
Terraupum
Terrorista
Tété
Tintelau
Tira
Tira-Ninhos
Tono
Torto
Torre de Belém
Tota
Trabuca
Trabuco
Travassos
Triste
da Tapada
da Tola
do Telhado

Ubre
Ui

Vaca
Valente
Vaqueiro
Varinhas
Vasilhas
Vermelho
Vicente
Vinte e Cinco
Vinte e Um
Virgem
Viúva
do Vale de Caria

Xemeco

Zangamulo
Zé Barbinhas
Zé Raimundo

6 comentários:

Ernesto Hipólito disse...

Boas tardes.

Ao passar os olhos por esta imensa lista de alcunhas que o Zé Barroso publicou e que foi complementada por todos os seguidores deste blogue, chego à conclusão que será difícil agregar-lhe muitas mais.Isto leva-nos a pensar qual a melhor maneira de utilizar este trabalho.
No entanto, enquanto isso não acontece vamos tentando lembrar mais algumas:

Manel ARCA e o XEMÉCO que era a alcunha do nosso professor Couto.

E.H.

José Teodoro Prata disse...

Mesmo que não sigam o modelo alentejano, até porque poderia deixar muita gente de fora (imaginem terem que referir todos os Lérias, Reinocos, Moscas e tantos outos! Nunca mais acabavam…), acho que ele ajuda a responder a algumas das dúvidas sobre o que pode, ou não, ser considerado uma alcunha.
Fiquei a saber que Eufémia é alcunha e não apelido da Catarina.

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Libânia:
Precipitaste-te na conclusão sobre Catarina Eufémia, pois não tens toda a explicação (texto incompleto).
Nos anos 70 e 80, havia uma mulher nos Cebolais de Cima com a alcunha de Catarina Eufémia (ainda vive, mas os tempos são outros e a alcunha já não se usa tanto). Era uma grande militante comunista e por isso herdou, como alcunha, o nome da rapariga morta, no Alentejo, numa greve pela jornada das 8 horas. Esta chamava-se Catarina Eufémia e aquela herdou-lhe o nome, mas como alcunha.
E foi assim também pelo Alentejo. O resto do texto informa que havia várias com essa alcunha.

Anônimo disse...

Realmente achei um pouco estranho que Catarina Eufémia fosse alcunha, mas como há tanta coisa que não sei… Valeu o erro pelo esclarecimento, e só prova que foi tão grande o nome daquela mulher que serviu de referência para outras que, como ela, tiveram a coragem de lutar por aquilo em que acreditavam.

M. L. Ferreira

Anônimo disse...

Para que não ficassem esquecidas há muito que anotei quase todas as alcunhas que já se publicaram no blogue, mas como ainda "práqui" tenho mais estas...
Alemão
Bomba
Bruxo
Cabanas
Cabrita
Cagalhão de bácoro
Calmão
Capa burros
Da fonte
Lã branca
Manhovas
Marinheiro
Miró olho
Mija sem bolas
Miudo
Môcho
Mole
Número um
Poia
Preto
Queremos Deus
Quim lé
Quina
Raça pura
Sarroadas
Ui
Zé barbinha
J.M.S

José Teodoro Prata disse...

Tenho algumas dívidas:
Calmão não é apelido de família?
Quim-lé não é a abreviatura e a junção de Joaquim Manuel?
Marimilho não será parecido com o caso acima?
Escrevi Cagalhão de Bácoro, mas já lá estava Cagalão. Neste falta um h? São duas alcunhas ou uma só?